Os seres vivos não têm falhas

Segundo a tradição do YOGA, os sentidos exercem as mais poderosas influências sobre o homem...
Eles podem ser utilizados como uma escada para a transcendência ou um veículo para cometermos inúmeras falhas, que nos levarão ao sofrimento.
O homem que detém seus pensamentos nos objetos dos sentidos desperta em si mesmo a atração por eles...
Observe a sequência que vem a seguir: da atração nasce o desejo... do desejo, a ira... da ira surge a desordem mental... da desordem mental, a perda de discernimento... Pela perda do discernimento o homem se perde completamente...
Mas o homem disciplinado que se relaciona com os objetos exteriores, livre de toda atração e repulsa... alcança a serenidade.

Aprecie de uma maneira prática esses ensinamentos, sem diálogos internos...
O mestre (Gyatso) diz:
Podemos argumentar contra que, embora seja verdadeiro que dependemos dos seres vivos como objetos de nossa paciência, compaixão e generosidade – como foi estudado na última aula -, é impossível vê-los como preciosos, uma vez que possuem muitos defeitos. Como podemos considerar como precioso alguém cuja mente está impregnada de raiva e ignorância?

Gyatso explica que a resposta a esta pergunta é bastante profunda.
Ele diz:
Embora a mente dos seres vivos esteja repleta de delusões, ou seja, repletas de raiva, ódio, ganância, apego e assim por diante, os seres vivos, eles próprios, não são falhos.

Procure entender:
Dizemos que a água do mar é salgada, mas na verdade, é o sal que está na água que a torna salgada – a água não é salgada em si mesma. O gosto real da água não é salgado.
Do mesmo modo, todas as falhas que vemos nas pessoas são, de fato, as falhas de suas delusões, não são falhas das próprias pessoas.
Os Buddhas veem que as delusões possuem muitos defeitos, mas eles nunca veem as pessoas como falhas, pois os Buddhas conseguem distinguir as pessoas das suas delusões. Se alguém está com raiva, pensamos: “Ela é uma pessoa má e raivosa”, mas os Buddhas pensam: “Ela é uma pessoa que está sofrendo, pois está afligida pela doença interior da raiva”.
Se um amigo nosso estivesse sofrendo de câncer, não iríamos culpa-lo por sua doença física; do mesmo modo, se alguém está sofrendo de raiva ou apego, não devemos culpa-lo pelas doenças de sua mente.
As aflições mentais, são os inimigos dos seres que possuem mente, e assim, como não culparíamos uma vítima pelos erros de seu agressor, por que culparíamos os seres pelos erros de seus inimigos interiores?
Quando alguém está temporariamente dominado pelo inimigo da raiva, é inadequado acusa-lo, pois ele, e a raiva que está em sua mente, são dois fenômenos distintos.

E Gyatso finaliza deixando uma mensagem:
As delusões são características da mente de uma pessoa, mas não são características da própria pessoa.
A única resposta adequada diante daqueles que estão sendo movidos pelas suas aflições mentais a maltratarem os outros é compaixão.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
Os seres vivos não tem falhas


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
Com a mente calma e tranquila, estabelecida no seu tranquilo permanecer, tentamos compreender um pouco mais:
A raiva, o ódio, a ganância e a impaciência são apenas características temporárias da mente de uma pessoa, mas não são a sua verdadeira natureza.

Focar nas falhas dos outros é a fonte de muitas das nossas negatividades e um dos principais obstáculos para ver os outros como supremamente preciosos.

Compreendendo isso, precisamos aprender a discriminar entre uma pessoa e suas delusões e compreender que as delusões é que devem ser culpadas por todas as falhas que percebemos.


FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)
Tendo compreendido um pouco mais esse ponto, desenvolva a firme determinação de praticar a bondade amorosa com todos os seres vivos, compreendendo que as falhas que vemos em suas ações são falhas de seus inimigos interiores das aflições mentais.
Cultive bondade amorosa em seu coração...

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

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