Alimentando o lobo certo

Como seres humanos, temos o potencial de nos libertarmos de antigos hábitos e também de amar e nos dedicarmos a outras pessoas. Temos a capacidade de despertar e viver conscientemente, mas, como devem ter percebido, também temos uma forte tendência a permanecer adormecidos. É como se estivéssemos sempre em uma encruzilhada; a qualquer momento podemos escolher o caminho da clareza e felicidade ou da confusão e dor.

Nesse sentido, a fim de fazer uma escolha sábia, muitas pessoas se voltam para práticas espirituais, para encontrar forças para enfrentar as dificuldades. No entanto, nessa busca, é de extrema importância ter em mente as circunstâncias difíceis que nos envolvem.

Para muitas pessoas, a prática espiritual representa uma maneira de relaxar e de ter acesso à paz interior. Queremos nos sentir mais calmos, mais concentrados; e com nossas vidas agitadas e estressadas, quem poderia nos culpar?

Se a prática espiritual é relaxante, se traz alguma paz interior, isso é maravilhoso, porém essa satisfação pessoal nos ajuda a interagir com os acontecimentos ao nosso redor? A questão principal é se vivemos de um modo que torna mais intenso a agressão e o egoísmo, ou se estamos contribuindo para um equilíbrio mental essencial.

Muitas pessoas se dizem profundamente preocupadas com a situação do mundo. Mas pensando com honestidade, será que temos alguma ideia de como pôr em prática essa aspiração de fazer o bem em nossas vidas? Percebemos, realmente, se nossas palavras e ações causam sofrimento? E, mesmo quando reconhecemos que estamos cometendo erros, temos alguma intuição de como parar?

Trabalhar nosso eu para termos mais consciência de nossas mentes e emoções talvez seja o único caminho para encontrar soluções que proporcionam o bem estar de todos os seres e a sobrevivência da terra.

Agora uma história...

Um Índio norte-americano conversava com seu neto sobre violência e crueldade do mundo. Ele disse que o motivo era a luta de dois lobos em seu coração. Um dos lobos era vingativo, e o outro, compreensivo e gentil. O jovem perguntou ao avô qual lobo venceria a luta em seu coração. E o avô respondeu: “Aquele que vencer será o que escolhi alimentar”.

Esse é o nosso desafio. Como podemos começar agora, e não mais tarde, a alimentar o lobo certo? Como podemos recorrer a nossa inteligência inata para perceber o que ajuda e o que fere, como perceber o que aumenta a agressividade e o que revela a nossa bondade essencial?

Chegou o momento em nossas vidas em que precisamos mudar nossa maneira de pensar e fazer tudo o que for possível para reverter essa situação.

A mudança de pensamento e atitude implica um compromisso que nos liberte de antigos rancores, um compromisso de não mais evitarmos pessoas, situações e moções que nos causam desconforto, um compromisso de não nos apegarmos aos nossos medos, à nossa intolerância e visão estreita.

Para encerrar o mestre diz:

É o momento de desenvolver confiança em nossa bondade essencial; é o momento para desenvolver confiança em nossa capacidade de nos livrarmos de antigas formas de oposição ao despertar da consciência e de escolher com sabedoria. É possível agir desse modo aqui e agora

MEDITAÇÃO (ESCUTA / COMPREENSÃO / MEDITAÇÃO)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)

“O equilíbrio mental é permanente, a neurose, temporária”.

Chogyan Trungpa Rinpoche

COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)

Tendo ouvido uma instrução de Dhamma, tentamos compreender um pouco mais

A maioria das pessoas é incapaz de perceber quando está prestes a explodir; incapaz de pensar que é importante diminuir o ritmo da reação em cadeia. Em grande parte dos casos, a energia crescente se traduz rapidamente em reações e discursos agressivos.

Se tivermos consciência das circunstâncias à nossa volta, podemos parar e revelar as qualidades humanas básicas, porque o desejo de vingança, ou uma mente preconceituosa, tudo isso é temporário e pode ser eliminado. Não é um estado permanente.

Podemos começar a olhar com compaixão e sinceridade para nossa mente de ódio e descobrir com grande ternura o lobo zangado e hostil, que não perdoa. E, em vez de alimentar esse lobo hostil, escolha alimentar a receptividade, a inteligência, a cordialidade. 

Essa escolha tem o potencial de curar qualquer sofrimento.

FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)

Tendo contemplado e compreendido um pouco mais esse ponto

No próximo momento, faça uma pausa, diminua o ritmo, fique tranquilo por alguns minutos...

Respire lenta profunda e suavemente. Observe atentamente o ar que entra e que sai por suas narinas.

Esse intervalo interromperá qualquer coisa que você esteja fazendo.

E você perceberá momentos de paz... Isso trará mais clareza para a mente.

Assim que essa sensação de silêncio e paz surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.