O aprendizado da permanência

Neste caminho das escolhas sábias, o foco essencial do treinamento para diminuir a agressividade, é aprender a estar presente.
E fazer pausas bem curtas durante o dia é uma maneira que quase não requer esforço para atingir esse caminho. Por alguns segundos podemos estar presentes.
Qualquer pessoa que tenha sentado para meditar percebe muito rápido que poucas vezes estamos totalmente presentes. Tantas coisas acontecem quando sentamos para meditar, desde pensamentos, imagens visuais, desconforto físico; uma grande angústia por tentar silenciar a mente. Tudo isso acontece...
As pessoas que treinam continuamente têm plena consciência do que acontece em torno delas. Suas mentes não perdem a lucidez e clareza. Elas permanecem alertas no caos, no silêncio, em parques de diversão, no pronto socorro; são completamente receptivas e abertas ao que está acontecendo. Isso é a coisa mais simples e mais profunda, assim como uma pausa contínua.
Mas, definitivamente, estar aqui e agora, presentes no momento presente, não é a nossa reação habitual. Diante de qualquer coisa que não gostamos, tentamos instintivamente nos esquivar. E o fato de se coçar, durante a meditação, é a nossa maneira habitual de escaparmos, tentando nos livrar do nosso desconforto básico – a nossa ansiedade vital da inquietação.
Não sabemos que, ao nos coçarmos, logo estaremos sentindo coceira pelo corpo todo e, em vez de sentir alívio, aumentaremos o nosso desconforto.
A mestra Pema Chodron descreve carinhosamente a meditação, como um aprendizado para suportar a intensa vontade de nos coçar, sem reagir.
Com a meditação, exercitamos a nossa capacidade de acalmar as nossas sensações. Treinamos “estar” presentes, abertos e receptivos, não importa o que aconteça.
No entanto, sozinhos com os nossos recursos, sempre nos coçaremos em busca do alívio que nunca acharemos. Porém, o mestre dá um conselho sábio: Você vai conseguir, mas precisa seguir algumas instruções, pois se continuar se mexendo e se coçando, a inquietação só irá aumentar.
Entenda o funcionamento da sua mente e não tente escapar; mantenha-se consciente do desconforto da coceira, da dormência nas pernas, dos pensamentos que chegam, mas suporte o desconforto a curto prazo de sentir coceira, sem se coçar; de sentir dormência ou qualquer outra sensação, sem reagir. E, então, gradualmente, com um treino constante, a vontade de se mexer e se coçar desaparece e você irá colher os benefícios – uma mente clara, pacífica e serena.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
A raiz de nosso descontentamento é o medo de concentrar nossa atenção no momento presente.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
Segundo o Mestre, sentimos essa sensação desagradável – este descontentamento -, porque estamos sempre tentando ter uma estrutura firme e quase nunca conseguimos. Estamos sempre buscando um ponto de referência permanente que não existe. Tudo está sempre em mutação, fluindo, transitório, aberto.

Nada se define com clareza como gostaríamos. Não temos nenhuma tolerância em relação à incerteza.
Então, sofremos. Sofremos porque nosso ego – nossa personalidade, não deseja ir para esse lugar instável.

Ao estabelecer nossa mente no momento presente, nos tornamos mais familiarizados com esse lugar instável. E, em vez de ansiedade, permanecemos presentes.


FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)
Uma maneira de praticar a permanência é fazer uma pausa. Então, nesse momento, faça uma pequena pausa, volte a atenção para a respiração e fique alerta.

Inspire de forma lenta, profunda e suave.
Mantenha seu corpo absolutamente imóvel. 
Ouça o som do ambiente... 
Mas só escute com atenção. O som não é bom nem ruim. É apenas um som. Não se apegue ou rejeite qualquer ruído.

Durante a meditação, ao perceber que sua mente divagou, retorne com suavidade e volte a observar o som do ambiente ao redor... Talvez, durante essa prática de escutar, você descubra que tem a capacidade de atenção, de estar presente e alerta.

Assim que essa sensação de presença surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por 3 minutos (...).

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário