Com frequência, pensamos que o único meio de criar a felicidade é tentando controlar as circunstâncias externas da nossa vida, tentando consertar o que nos parece errado ou tentando nos livrar de tudo que é incômodo. Mas o verdadeiro problema encontra-se em nossa reação a essas circunstâncias. O que precisamos mudar é a mente e a maneira como ela vivencia a realidade.
Nossas emoções nos empurram de um extremo a outro: da excitação para depressão, de experiências boas para experiências ruins, de felicidade para tristeza – um constante ir e vir. Temos esperança quando estamos apegados a alguma coisa que queremos. Sentimos medo quando temos aversão a alguma coisa que não queremos.
Precisamos, então, interromper as oscilações emocionais para podermos encontrar um eixo de equilíbrio.
O mestre vai dizer que
A nossa vida pode ser comparada a um passeio no shopping. Andamos pelas lojas, conduzidos por nossos desejos, pegando coisas nas prateleiras e as jogando em nossas cestas. Passeamos de um lado para o outro, olhando tudo, querendo e desejando. Sorrimos para uma ou duas pessoas e seguimos adiante.
Estimulados pelo desejo, deixamos de apreciar e valorizar aquilo que já temos. Precisamos valorizar o tempo e dar um sentido à nossa vida, em vez de ficarmos procurando, incessantemente, preencher nossos desejos.
Enquanto tivermos vida devemos celebrar, sim! E se nem tudo sai exatamente como gostaríamos, podemos aceitar isso. Se pararmos... Se dermos uma pequena pausa para contemplarmos a impermanência em profundidade, a paciência e a compaixão irão surgir naturalmente, e nossa mente se tornará mais flexível.
Ao nos darmos conta que um dia este corpo vai ser enterrado ou cremado, vamos nos alegrar com cada momento que tivermos, em vez de ficar fazendo a nós mesmos e os outros infelizes.
Até agora, nossos desejos tenderam a ser muito superficiais, egoístas e imediatistas. Se tivermos que querer algo, então que seja nada menos do que a completa iluminação de todos os seres. Eis aí algo digno de ser desejado.
E o mestre (Chagdud) diz:
Lembrar sempre do que verdadeiramente vale a pena querer, é um importante elemento da prática espiritual.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
Para compreender como surge o sofrimento, pratique observar a sua mente.
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
Tendo ouvido uma instrução de Dhamma (um ponto do ensinamento), tentamos compreender seu significado.
Quando meditamos, simplesmente deixamos a mente relaxar...
E sem pensar no passado nem no futuro, sem sentir esperança ou medo em relação a isto ou aquilo, deixamos a mente repousar confortavelmente, aberta e natural.
Nesse espaço de mente não há problemas, não há sofrimento. Mas então alguma coisa prende a sua atenção – uma imagem, um som, um cheiro. Sua mente, imediatamente se subdivide em “eu” e “outro”, sujeito e objeto.
Com uma simples percepção não há ainda nenhum problema, mas quando você se concentra no objeto e passa a notar que é grande ou pequeno, branco ou preto, quadrado ou redondo, e ainda faz um julgamento, por exemplo: diz que é bonito, é feio; é simpático, é antipático... Perceba... Você julga e, então, você reage a ele e decide se gosta ou não.
É neste momento que começa o problema, pois “gosto disso” conduz a “quero isto”. Da mesma forma que “não gosto disso” conduz a “não quero isto”.
Se gostamos de alguma coisa, se a queremos e não podemos tê-la, nós sofremos. Se a queremos e a obtemos, mas depois a perdemos, sofremos.
Se não a queremos, mas não conseguimos mantê-la afastada, novamente sofremos.
(perceba...) Nosso sofrimento parece ocorrer por causa do objeto do nosso desejo ou aversão mas, na realidade, o sofrimento ocorre porque a mente fica envolvida com querer ou não querer algo.
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Comece a seguir o fluxo da sua respiração e você poderá ficar impressionado com o quanto a mente é incrivelmente ativa. Ela pula e se agita; corre atrás de si mesma em círculos constantes. Tagarela. Pensa. Fantasia e devaneia.
Não se aborreça com isso. É natural.
Quando sua mente deixar de seguir o fluxo da respiração, apenas observe a distração atentamente. Estamos nos referindo a qualquer preocupação que arranque a atenção da respiração.
Essa técnica traz uma nova e importante regra para a meditação: quando surge algum estado mental forte o bastante para distrair sua atenção, volte a atenção para a distração por um breve instante. Faça da distração um objeto de meditação temporário.
Não estou pedindo para mudar o foco da respiração para a distração. É temporário...
A respiração continuará sendo sempre o foco primário. Volte sua atenção para a distração apenas para compreender certas características específicas a respeito dela... O que é essa distração? Qual a força dela? E quanto tempo dura?
Esse processo é um exercício de atenção plena, de consciência não envolvida e desapegada.
Tão logo você tenha respondido a essas três perguntas silenciosamente, seu exame da distração está encerrado, e você retorna a atenção ao fluxo da sua respiração – para dentro... para fora... para dentro... para fora...
Nos próximos minutos...
Quero que você se afaste do pensar e volte para uma experiência direta, sem palavras, da respiração.
Permaneça com seu copo imóvel durante toda a sessão de meditação – sem mexer as mãos, os pés ou qualquer outra parte do corpo.
Permaneça com uma equanimidade perfeita, equanimidade perfeita, observando o fluxo natural da respiração, e sem se apegar a sensações agradáveis ou rejeitar sensações desagradáveis que irão surgir momento a momento.
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
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