A grande compaixão

Tendo obtido alguma experiência de apreciar todos os seres vivos, podemos agora expandir e aprofundar nossa compaixão.

O mestre (Gyatso) diz:
Em geral, todos os seres vivos já possuem alguma compaixão. Todos nós sentimos compaixão quando vemos nossos familiares ou amigos sofrendo, e inclusive os animais sentem compaixão quando veem seus filhotes sofrendo. Nossa compaixão é nossa natureza búdica – nosso potencial para nos tornarmos um Buddha (Ser Iluminado).
Os seres humanos têm a grande oportunidade de desenvolver sua verdadeira natureza (natureza búdica). Praticando meditação, familiarizando nossa mente com esses ensinamentos, podemos expandir e aprofundar nossa compaixão até que ela se transforme na mente de compaixão universal, ou grande compaixão – o desejo sincero de libertar todos os seres vivos permanentemente do sofrimento.
Aperfeiçoando essa mente de compaixão universal – e fazemos isso através do treino diário da mente  -, aos poucos, nossa mente irá se transformar na compaixão de um ser iluminado (Buddha), que tem o poder de libertar todos os seres do sofrimento.
Compaixão é a verdadeira essência da vida espiritual e a prática principal daqueles que devotaram suas vidas para a conquista da iluminação.

Mas.... O que é compaixão?
Compaixão é uma mente motivada a apreciar os outros seres vivos e que deseja libertá-los de seus sofrimentos. Às vezes, devido a intenções egoístas, podemos desejar que uma pessoa se liberte de seu sofrimento; isto é bastante comum nas relações que estão fundamentadas principalmente em apego.
Se nosso amigo ficar doente ou deprimido, podemos talvez desejar que ele se recupere rapidamente para que possamos desfrutar novamente de sua companhia; mas esse desejo é, basicamente, autocentrado e não é a verdadeira compaixão. A verdadeira compaixão está fundamentada, necessariamente, em apreciar os outros.

E o mestre (Gyatso) continua:
Embora já tenhamos algum grau de compaixão, no momento ela é muito parcial e limitada. Quando nossos familiares e amigos estão sofrendo, facilmente geramos compaixão por eles, mas achamos bem mais difícil sentir solidariedade por pessoas que achamos desagradáveis ou por estranhos, principalmente por aqueles envolvidos em ações nocivas.
Se realmente quisermos realizar nosso potencial para conquistar a plena iluminação, precisamos ampliar o espaço (escopo) da nossa compaixão até que abranja todos os seres vivos, sem exceção, do mesmo modo que uma mãe amorosa sente compaixão irrestrita por todos os seus filhos, não importando se eles se comportam bem ou mal.
Essa compaixão universal é o coração da nossa prática (budismo Mahayana). Diferentemente da nossa compaixão atual limitada, que já surge naturalmente de tempos em tempos, a compaixão universal precisa primeiramente ser cultivada por meio de treino, durante um longo período.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
Precisamos amar todos os seres vivos e contemplar seus sofrimentos.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
Tendo contemplado profundamente esse ensinamento...
Somos levados a compreender que, se não amarmos uma pessoa, não conseguiremos desenvolver compaixão verdadeira por ela, mesmo que esteja sofrendo, mas, se contemplarmos o sofrimento de alguém que amamos, a compaixão surgirá espontaneamente.

Todo sofrimento é o resultado de ações negativas feitas no passado. E se desenvolvemos compaixão por aqueles que estão experienciando os efeitos de suas ações passadas, por que não podemos desenvolver compaixão por aqueles que estão criando a causa para experienciar sofrimento futuro?

Ninguém deseja sofrer, ainda que por ignorância, os seres vivos criem as causas de seu próprio sofrimento, que são as ações não virtuosas controladas pela raiva, pela ganância, pela inveja, pelo orgulho, pelo apego...


FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)
Pratique continuamente essa meditação até que você possa sentir que “Apreciar os outros é o fundamento para desenvolver compaixão”.

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, e gere a determinação de libertar todos os seres vivos de seu sofrimento, dedicando seu corpo, fala e mente para esta realização. Faça isso, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro minutos.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.


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