Ver todos os seres vivos como supremos

O que significa dizer, exatamente, que algo é precioso?

O mestre (Gyatso) diz:
Se nos perguntassem o que é mais precioso, um diamante ou um osso, responderíamos, sem pensar, que é o diamante. O motivo é que o diamante é mais útil para nós. Contudo, para um cachorro, o osso é mais precioso porque ele pode comê-lo, ao passo que não pode fazer nada com um diamante. Isso indica que não faz parte da natureza de qualquer objeto ser precioso ou não. A preciosidade depende das necessidades e desejos de cada indivíduo.
Para alguém cujo desejo principal é alcançar as realizações espirituais de amor, compaixão e o desejo de libertar os outros do sofrimento, os seres vivos são mais preciosos do que um universo repleto de diamantes.

Qual a razão disso?
O motivo é que os seres vivos ajudam essa pessoa a desenvolver amor e compaixão e a realizar o seu desejo de alcançar a Iluminação, algo que um universo repleto de joias jamais poderá fazer.
Ninguém deseja permanecer como um ser comum e ignorante para sempre; de fato, todos nós temos o desejo de nos aperfeiçoar e progredir para estados cada vez mais elevados.
O estado mais elevado de todos é a plena Iluminação, e a estrada principal que conduz à Iluminação são as realizações de amor, compaixão, paciência, concentração e sabedoria. Somente podemos desenvolver essas qualidades na dependência dos outros seres vivos.

Como podemos aprender a amar sem ninguém para amar?
Como podemos praticar generosidade sem ninguém a quem dar?
E como podemos praticar a paciência sem ninguém que nos irrite?

Sempre que vemos outro ser vivo, podemos aumentar nossas qualidades espirituais, como amor e compaixão, e, desse modo, nos aproximarmos cada vez mais da iluminação e da realização dos nossos mais profundos desejos.

Se todos nos tratassem com bondade e o respeito que nosso auto apreço acha que merecemos, isso só reforçaria as nossas delusões. Imagine como seríamos se sempre obtivéssemos tudo o que queremos! Seríamos como uma criança mimada, que sente que o mundo gira ao seu redor, e de que ninguém gosta.

Então, perceba... Como são bondosos os seres vivos ao atuarem como os objetos do nosso amor, da nossa generosidade e paciência! Que preciosos eles são!

O mestre (Gyatso) termina dizendo:
Nossas realizações espirituais são a nossa riqueza interior porque nos ajudam em todas as situações e são as únicas posses que poderemos levar conosco quando morrermos. Uma vez que tenhamos aprendido a valorizar, acima das condições exteriores, a riqueza interior da paciência, da generosidade, do amor e da compaixão, passaremos a considerar todos e cada um dos seres vivos como supremamente preciosos, não importando como eles nos tratam.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO
Se quisermos alcançar a iluminação, teremos de adotar, definitivamente, a visão superior de que os outros são mais preciosos do que nós mesmos.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
Essa visão, diz o mestre, fundamenta-se em sabedoria e nos conduz a nossa meta final, ao passo que a visão de nos considerarmos mais preciosos que os outros está fundamentada na ignorância do auto apreço que nos mantém presos ao Samsara – ao ciclo de nascimentos e mortes.
Por isso, devemos pensar em todos os seres vivos como extremamente preciosos porque, sem eles, não podemos reunir a riqueza interior das realizações espirituais, riqueza essa que, com certeza, irá nos trazer a felicidade suprema da plena Iluminação.

Já que o raciocínio acima é exatamente o oposto da nossa maneira habitual de pensar, precisamos contemplá-lo com muito cuidado até estarmos convencidos de que todos e cada um dos seres vivos são, de fato, mais preciosos do que qualquer conquista exterior.


FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)
Meditamos nessa determinação de modo estritamente focado, reconhecendo o quanto precisamos de todos e de cada um dos seres vivos para a nossa prática espiritual.

Pratique continuamente essa meditação até que você “possa sentir” espontaneamente que... Mantendo esse reconhecimento, nossos problemas interiores de raiva, apego, inveja, e assim por diante irão diminuir e, naturalmente, iremos passar a apreciar os outros.

Assim que esse sentimento surgir - todos os seres vivos são extremamente preciosos -, procure retê-lo em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.


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