O hábito de não fugir

Todos nós temos uma forte tendência de evitar o momento presente. No nível mais básico, estamos perdidos em pensamentos o tempo inteiro, e isso desvia nossa atenção. Esse padrão de distração, de não estar presente em toda plenitude é considerado normal.
Segundo o mestre, temos fortalecido esse hábito de abstração vida após vida. Infelizmente, nos sentimos confortáveis em nos distrair com pensamentos, preocupações e planos, pois isso nos dá uma falsa sensação de segurança.
Em nosso dia a dia, quando alguém nos diz uma palavra áspera, nossa energia é alterada, e ficamos tensos imediatamente, e logo somos fisgados.  A tensão logo se manifesta e culpamos o outro. Então, reagimos e respondemos a agressão verbal, nos tornando agressivos com rapidez. O que é dito penetra em você e inicia um processo interno. 
Esse sofrimento surge porque nos apegamos à nossa identidade, nos apegamos à imagem que temos de nós mesmos e, ao nos sentirmos ameaçados, somos fisgados imediatamente. Então nos agarramos aos nossos pontos de vista, e sofremos. Por exemplo: alguém critica você ou sua opinião política, sua aparência, e você é fisgado, o que gera pensamentos e emoções rapidamente. Se você ficar atento, conseguirá perceber o momento em que isso acontece.
Quando alguém diz algo que o irrita, não é preciso querer saber a razão. Em geral não percebemos essa reação da primeira vez. É mais comum reagirmos ou nos reprimirmos ao notar que fomos fisgados.
Mas quando percebemos com clareza o que está acontecendo com a outra pessoa, acessamos nossa inteligência natural. Nossa sabedoria natural nos diz para nos calarmos e não insistir em nosso ponto de vista.
Sempre que houver desconforto, inquietação ou tédio, sempre que houver insegurança de qualquer forma – o ego surge. Isso acontece com todos nós.
A não reação ou o ato de frear o ímpeto de reagir, é uma atitude muito interessante, diz o mestre. A isso chamamos de renúncia. A renúncia não significa abdicar da comida, do sexo ou do estilo de vida. Queremos diminuir o nosso apego a coisas que são temporárias; queremos renunciar ao sofrimento.
Com o treinamento constante, e ao longo do tempo, esse conhecimento acaba se fortalecendo mais do que o ego e interrompemos com naturalidade a reação em cadeia antes que comece e, assim, evitamos agir com agressividade. Nesse estado, podemos nos conectar à nossa bondade essencial, à nossa inteligência natural, a abertura e cordialidade. 
Se estivermos dispostos a conhecer o nosso apego ao ego, nossa inteligência natural começará a nos guiar.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ESTUDO (1)

Não caia no impasse de aceitar ou rejeitar, nem caia na armadilha de uma mente tendenciosa.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
Se estivermos dispostos a conhecer e entender o nosso apego ao ego, nossa inteligência natural começará a nos guiar.
Não se trata de preferências, mas sim do apego à sua identidade e auto imagem.
Estamos tão convencidos de nossas convicções e opiniões que os que pensam de forma diferente se tornam nossos adversários.
Mas fique atento, pois somos fisgados por experiências positivas, gerando apego e negativas, gerando rejeição.
Quando não estamos cegos pela intensidade de nossas emoções, quando abrimos um pouco de espaço, uma chance para um intervalo, ou fazemos uma pausa, naturalmente sabemos como agir. Devido a nossa sabedoria, aos poucos paramos de fortalecer hábitos que só causam mais dor no mundo.


FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)
Volte sua atenção para a respiração...
Procure se manter imóvel...
E dê uma pausa... 
Aprenda a não se esquivar; aprenda a viver com o desconforto; aprenda a viver com a tensão, mas não reaja...
Então, esteja alerta momento a momento.
Obs: O objeto de meditação hoje é a não-reação.
Então, observe aa vontade de se coçar, sem reagir a coceira;
Observe a vontade de se mexer e ajeitar o corpo, sem reagir;
Observe os ruídos externos, sem se apegar ou rejeitar qualquer ruído;
E, principalmente, fique atento ao momento em que a mente começar a divagar... E volte a observar a respiração
Assim que essa sensação de repouso, imobilidade e clareza surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.

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