Desconstruindo a casa que o ego construiu

Antes de entrar no ensinamento de hoje, tente visualizar um amigo hipotético (que poderia ser qualquer pessoa, na verdade), e vamos chamar esse amigo de Scott.
Scott teve uma semana difícil, onde trabalhou longas horas e sofreu muito estresse. Scott, que é solteiro, saiu com alguns amigos para relaxar e compartilhar histórias da semana que passou. Como sempre Scott e seus amigos vão passar grande parte do tempo falando de assuntos profissionais, se queixarão de não ganhar dinheiro bastante, e pelo menos um deles vai se gabar de alguma recente ação bem sucedida. Também vão fazer observações sobre seus relacionamentos pessoais e, no final vão tentar encontrar uma parceira.
Scott e seus amigos fazem a mesma coisa quase todas as semanas e voltam pra casa sozinhos, um pouco bêbados, pensando se vão ter dor de cabeça no dia seguinte... pensando se gastaram dinheiro demais, um pouco deprimidos, talvez se sintam um pouco sozinhos... tendo a sensação de que a noite foi uma perda de tempo.
As coisas são sempre assim, semana após semana. Mas nesta noite, apesar de estar pensando seus pensamentos habituais, algo espantoso acontece. Voltando para pegar seu carro, Scott vê um homem sentado na postura de lótus, debaixo do único poste de luz da rua, em meditação. É o Buddha! O que Buddha está fazendo ali e que ensinamento poderia dar a Scott? O que Buddha poderia dizer para ajudar Scott a começar a mudar; a se transformar?

Bem, vamos entrar no ensinamento...
Certa vez, Buddha estava na floresta, sentado meditando, quando um bando de camponeses veio até ele. O agitado grupo consistia em alguns casais e um solteiro rico.
Parece que na noite anterior o solteiro rico havia convidado sua cortesã favorita para passar a noite com ele, mas enquanto ele dormia, a mulher encontrara o dinheiro escondido debaixo da cama. Ela pegou o dinheiro e fugiu. Quando o homem acordou e descobriu o que tinha acontecido, juntou alguns amigos e vizinhos e começaram a perseguição.
Foi assim que o grupo esbarrou no Buddha. E excitado por ter encontrado o Buddha, o homem solteiro contou a história toda a Buda e pediu para ouvir sua sabedoria.

E Buda fez a seguinte pergunta retórica (interrogação feita sem a necessidade de resposta):
“Em vez de andar sem rumo por esta floresta perigosa, procurando uma mulher e algum dinheiro, não seria muito melhor se você procurasse o seu verdadeiro eu”?
Quando o Buddha, em uma postura pacífica e serena, fez essa pergunta há 2500 anos, o solteiro pôde perceber que sua vida era apenas uma busca excessiva por prazer, sem nenhum propósito ou significado.

É muito provável que hoje em dia, o Buddha fizesse a mim e a você a mesma pergunta que havia feito ao solteiro rico:
“Em vez de andar sem rumo por esta perigosa floresta de concreto, procurando poder, sexo, posição social e algum dinheiro, não seria muito melhor se você procurasse o seu verdadeiro eu”?
Esta pergunta significa a mesma coisa hoje do que naquela época, não é mesmo? E você provavelmente diria: “O que está querendo dizer”? E a sua pergunta poderia ser válida, porque talvez você não soubesse onde e como começar a sua busca. Como procurar o meu verdadeiro eu? Onde devo ir? Por onde começo?
Esta é a grande questão da maioria dos buscadores, especialmente aqui no Ocidente. Pode ser muito frustrante e solitário tentar iniciar e desenvolver um caminho espiritual dentro do contexto da ocupada e agitada vida contemporânea.
Então, como se começa? Talvez seja reconfortante saber que os primeiros passos hoje em dia são os mesmos de há 2500 anos.

Primeira coisa: reconheça que o despertar da consciência (a iluminação) é uma possibilidade real.
O Buddha foi uma pessoa histórica real. Ele nunca afirmou, de nenhuma maneira, que era divino ou que vinha de outro mundo. Buddha nasceu um homem, não um deus. Ele nasceu filho de um grande Rei, mas casou e teve um filho. Devido a sua prolongada investigação sobre a natureza da realidade, devido a sua prolongada investigação sobre a natureza do eu e do mundo, ele chegou ao Despertar – chegou à Iluminação. E esta iluminação não aconteceu devido à intervenção de forças externas, místicas ou sobrenaturais.
O Caminho do Buddha é o caminho da racionalidade, que enxerga com clareza; é o caminho da realidade; é o caminho do exame crítico e da investigação prolongada sobre a natureza da vida. A fé cega e a devoção, sozinhas, não conduzem à liberdade nem à iluminação, por mais úteis que possam ser em um determinado estágio do caminho.
O Buddha nasceu um ser humano não muito diferente de você ou de mim. Por seus próprios esforços, após um árduo trabalho feito sobre si mesmo, ele conseguiu chegar à consciência perfeita e ao autoconhecimento. E as implicações disto são extraordinárias: Se o Buddha pode chegar à iluminação, então todos nós também podemos. O quê? Eu? Me tornar um Buddha? Sim, cada um de nós é dotado de uma natureza búdica luminosa que é o potencial para chegar à iluminação desperta.
Gigantes espirituais são considerados heróis no Tibete, onde os nomes que são lembrados não são os de atleta, jogadores de futebol, políticos, cantores ou atores de televisão e cinema.
Da mesma forma que uma criança ocidental cresce achando que é possível se tornar ator ou jogador de futebol, as crianças do Tibete crescem acreditando que é possível chegar à iluminação.
A sabedoria secreta do Tibete diz que qualquer um é capaz de purificar suas negatividades e obscuridades, qualquer um é capaz de aperfeiçoar sua compreensão e praticar a compaixão universal.

Então, a mensagem que fica hoje é: Realize a sua natureza de Buddha, sua perfeição inata – essa perfeição já existe em você -, e você também atingirá a iluminação.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
Todos nós somos Buddhas


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
O Buddha não pode e nem quer força-lo a trilhar o caminho da libertação do sofrimento. O Buddha não quer e nem pode força-lo a trilhar o caminho da compaixão. O Buda não quer e nem pode força-lo a seguir as lições que conduzem a abertura do coração.
O Buddha ensina que ninguém, além de você, controla o seu destino; está tudo em suas mãos – O Buddha na palma das mãos.
O potencial para o auto aperfeiçoamento é seu desde já. A natureza búdica inata se expressa através da natureza humana.
Então, assume o compromisso de despertar e o caminho da iluminação se abrirá para você. E você toma a sua decisão reafirmando o compromisso de estar sempre atento, desperto, todos os dias e em tudo que está fazendo.
A pessoa salva a si mesma. Assume o compromisso de conhecer a verdade, de conhecer as coisas como elas realmente são – salve o seu presente e o seu futuro.


FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO (3)
Então, nos próximos minutinhos, trabalhe objetivamente, momento a momento, plenamente consciente de cada respiração e de todas as partes do seu corpo – pedaço por pedaço, parte por parte; sem se mover para o passado ou futuro e sem se distrair no presente.
Consciência total e atenção pura é o Buddha interior, a pureza inata de seu coração e mente.

Assim que essa sensação de mente estável surgir, procure retê-la dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
 

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