A Primeira Nobre Verdade

Olhe profundamente e veja
Que maravilha! Que maravilha!
As coisas são perfeitas exatamente como elas são.
(Buddha)

Quando o Buddha atingiu a perfeita Iluminação, os véus da ilusão caíram de seus olhos. Livre das ciladas do desejo, ele finalmente obteve a felicidade duradoura.

Tendo aberto completamente o olho da sabedoria, ele compreendeu as precisas leis do carma (ação e reação) e do renascimento, e reconheceu os resultados de agir com ignorância, apego e desejo. Desperto, o Buddha finalmente compreendeu por que a vida em geral nos parece tão perturbadora.

Durante as primeiras semanas após o grande despertar, ele continuou a meditar embaixo da árvore Bodhi, refletindo sobre tudo que havia percebido. Lembrou-se, então, dos cinco mendicantes, os buscadores que haviam sido seus companheiros de jornada. O Buddha, então, viaja até a cidade de Benares, e após atravessar o Ganges e andar por diversos dias, chega ao Parque dos Cervos, em Sarnath. Encontrando os cinco mendicantes ele deu sua primeira palestra sobre o Dharma, explicando As Quatro Nobres Verdades.

O mestre comenta...
As Quatro Nobres Verdades têm uma mensagem muito simples: É da natureza da vida que todos os seres experimentem dificuldades, mas através de uma vida esclarecida pode-se finalmente transcender estas dificuldades e chegar à realização, à libertação das condições que fazem a vida infeliz, e ser livre.
A Primeira Nobre Verdade diz que a vida é difícil; A Segunda Nobre Verdade que que a vida é difícil por causa do apego, porque buscamos satisfação em coisas temporárias; A Terceira Nobre Verdade diz que a possibilidade da libertação das dificuldades existe para qualquer pessoa; e a Quarta Nobre Verdade diz que o meio de obter esta libertação, e também o despertar da consciência, é levar uma vida compassiva, cheia de virtude, sabedoria e meditação.

A mensagem básica do Buddha (Dhamma) é justamente que existe uma possibilidade real de um renascimento espiritual e do final do sofrimento.
O Dharma do Budha nos ensina que a vida, por natureza, é difícil, cheia de problemas e imperfeita. Quem entre nós tem uma vida perfeita? É claro que todos nós gostaríamos de viver uma vida maravilhosa o tempo todo. Mas não vai acontecer. Esta é a natureza da vida e é a Primeira Nobre Verdade - que todos vamos experimentar altos e baixos na vida, não importa quem sejamos. É parte do passeio na montanha russa. Esse ensinamento não é pessimista nem otimista: é realista.
Buddha nasceu filho de um poderoso rei e durante a sua infância e juventude foi protegido dos fatos da vida – da doença, da infelicidade, da pobreza e da morte. Quando amadureceu, o príncipe Sidarta não queria este tipo de proteção contra a realidade. Ele percebeu que apesar de todas as suas posses e todo o seu poder, em última instância não poderia evitar os problemas da vida. Na verdade, ninguém pode.
Os psicólogos modernos diriam que Buddha foi criado para negar a realidade. Todos nós sabemos que a negação é o sistema de defesa que usamos como proteção quando a verdade nos parece difícil demais de suportar.
Como a maioria de nós, o grande desafio do Buddha foi seu apego aos valores materiais. Colocar esses valores em perspectiva foi parte essencial de seu caminho para a liberdade. Ele precisou romper com a ignorância da ilusão e ver a realidade da existência condicionada, conhecida como samsara, com todos os defeitos inseparáveis dessa realidade.

O mestre diz...
Para todos nós, essa é uma parte essencial do caminho da iluminação: Desperte o seu Buddha interior; rompa com os sistemas de negação que existem em sua vida. Olhe profundamente e veja através dos véus da ilusão, reconheça quem e o que você realmente é, e descubra a verdade das coisas como elas realmente são.

Perceba... Não é possível conseguir sempre o que se quer, e isto faz a maioria das pessoas infeliz pelo menos uma parte da vida. Como você nasceu, mais cedo ou mais tarde vai experimentar dor física ou emocional. Nascimento, envelhecimento, doença, desgostos e desapontamentos são coisas que acontecem a todos nós. E nem tudo isto é ruim. Podemos aprender muito com as dificuldades, grandes e pequenas, por que passamos. Os problemas cotidianos nos ensinam a ter uma atitude realista. Eles nos ensinam que a vida é o que é: imperfeita, mas com um enorme potencial para a alegria e satisfação.

Em uma passagem (Sermão do Fogo), Buda diz que estamos todos no fogo das paixões descontroladas, que consomem e dominam as nossas vidas.
Por causa destas paixões, somos como crianças cujas casas estão queimando. Não temos a maturidade ou o domínio de nós mesmos para reconhecer a gravidade de nossa situação e rapidamente apagar o fogo. Precisamos crescer e aprender como ser adultos maduros e liberados, que compreendem a natureza da realidade – os casos de amor não vêm com garantias, e todos nós temos que ir ao dentista. Todas as coisas na vida ou funcionam mal, ou não são confiáveis, ou são de pouca importância.
A maturidade traz a compreensão, o discernimento, a responsabilidade, a moderação, o caráter e o equilíbrio.

Perceba...
Minha estação favorita do ano é o outono; minha hora do dia favorita é o pôr do sol. Estes são lindos momentos, porém passageiros. E isto é verdadeiro em relação a quase todos os mais belos momentos de nossa vida. É claro que existem momentos em que somos envolvidos pela alegria suprema de estar vivos.
Pense em sua vida... Talvez na noite de ontem você tenha ouvido uma linda peça musical; talvez tenha tido uma excelente conversa com seus amigos enquanto compartilhava uma deliciosa refeição, talvez tenha sido promovido no trabalho. Estes são momentos de verdadeira felicidade.
A dificuldade que todos nós enfrentamos, é que estes momentos não duram: a música termina, seus amigos se divorciam, o novo emprego que você queria tanto vira uma máquina de produzir dor de cabeça e os momentos de amor e de êxtase são esparsos e rápidos – nada (que é bom) dura para sempre.

Quando olhamos para o nosso interior – quando nos perguntamos quem e o que somos, e quem está vivendo a nossa vida - o que encontramos? Quem sou eu? O que sou eu? Onde está aquele que experimenta? Buddha disse que somos algo que está sempre em mutação – um aglomerado composto de forma, sentimentos, percepções, intenção e consciência -, e não os indivíduos eternos e com existência independente que presumimos ser.

Nossos corpos têm uma vida útil limitada, são impermanentes e mutáveis. Isto não é um dogma religioso, é apenas a forma como as coisas são. E sendo efêmeros, nossos corpos terminam sendo pouco satisfatórios.
Nossos sentimentos certamente são efêmeros, e também nossas percepções. O mesmo se aplica às nossas intenções. Os estados de consciência mudam o tempo todo. Na verdade, nós somos uma obra em andamento. Quer gostamos disso ou não, nunca permanecemos iguais.

Por outro lado, a nossa natureza búdica (desperta) inata – que não pode ser descrita em palavras e que provoca grande prazer e contentamento, não é impermanente, não muda. É perfeita, inerentemente sábia, calorosa, livre e completa. Realizar este núcleo luminoso é aquilo que chamamos de Despertar (Iluminação).


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
Ouvindo o som da respiração
As aflições são aliviadas.
A compreensão se fortalece
E a mente desperta nasce.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
Praticar a respiração consciente nos ajuda a viver facilmente com Plena Atenção, tornando cada ação do nosso corpo mais serena. Assim, aos poucos, nos tornamos mestres do nosso corpo e mente.

A Mente Atenta nutre o poder de concentração que existe em nós e se torna visível nas ações de corpo, fala e mente.
Sem Mente Atenta, nossas ações frequentemente são apressadas. Enquanto praticamos esse exercício, podemos perceber que as nossas ações desaceleram, e tornam-se graciosas... harmoniosas.
Quando cada ação ocorre sob a luz da Mente Atenta, o corpo e a mente se tornam relaxados, pacíficos e alegres...


FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO (3)
Aquiete a sua mente e ouça o som da sua respiração
Não há nenhuma necessidade de mudar a sua respiração.
Deixe-a como ela é... Natural – não mude.
Mova-se com a respiração. Deixe sua atenção ficar com a respiração.
Não esqueça nem uma única respiração.

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.

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