Toda a nossa ideia de vida está baseada na sobrevivência do mais ajustado, e o mais ajustado significa o mais forte.
Nossas crianças são educadas desde cedo com um espírito competitivo – ciúme, inveja... Nós as fazemos lutar, brigar... Assim, sejam quais forem os meios, ninguém se importa com os meios. Você tem que atingir certo fim, você tem de provar seu valor. Você tem de mostrar ao mundo que não é uma pessoa comum.
E a mente comum é o caminho; a mente comum é total bem-aventurança, é um estado de beatitude, de profunda paz... É por essa ideia de ter que provar que não somos seres comuns, e sim extraordinários, que o mundo está perdendo a alegria, está perdendo a bem-aventurança, a graça divina; e estamos levando todos à loucura. Todo o nosso sistema educacional cria uma espécie de neurose, e quem quer que esteja à frente dessa neurose fica muito famoso. Observe as pessoas que se tornaram presidentes, as pessoas mundialmente famosas, gente poderosa... Se você olhar nas suas vidas, não encontrará nada mais que ansiedade, angústia, loucura. Elas estão fervendo por dentro, de algum modo mantendo apenas uma máscara.
Esta competição é o grande álcool que está afetando a consciência humana. Nós não podemos ver corretamente, porque estamos num estado de embriaguez. Seja o que for que estejamos vendo, não é; e seja o que for que é, não estamos vendo. E toda nossa vida está de cabeça para baixo, não há nenhuma surpresa nisso. A nossa terra é realmente um hospício. E fomos nós que a fizemos um hospício.
Como todos estão loucos, não ser louco fica muito difícil. Eis porque Jesus sofreu, Sócrates sofreu, Buda sofreu. Essas são as pessoas que não são loucas.
Ora... Este mestre Zen, Nan Chuan, que diz que a mente comum é o caminho, está fadado a sofrer num mundo que vive pelas metas, pelos grandes ideais. Tal homem está fadado a sofrer, pois ele diz: “A mente comum é o caminho”.
O próprio esforço para se tornar extraordinário é o esforço para se tornar insano. Sanidade é o caminho. Se você não está experienciando o caminho, isso simplesmente significa de um modo ou de outro que você está insano. Mas, devido a todos serem como você – voltado para as metas, para os objetivos, gananciosos, ambiciosos, voltados para o poder, para o prestígio – você não se sente insano. Ficar são entre os insanos cria problema, de repente, você fica sozinho, de repente a multidão está contra você. De repente você vê que ninguém concorda com você, que todos discordam de você. Você está fadado a ser esquecido, ignorado, porque a multidão não vai tolerar a sua existência.
Mas todos os Mestres que conheceram a Verdade viram este fato simples: que apenas ser comum é o bastante, nada mais é necessário. Esta é a minha abordagem aqui. Eu não estou lhe dando grandes ideias.
“A mente comum é o caminho”.
Ser absolutamente comum, viver uma vida comum, comer quando se sente fome, beber quando se tem sede, dormir quando se sente sono, ser jovem quando se é jovem, ser velho quando se é velho. E morto quando se está morto. Não tente forçar andar até mesmo quando já está morto. Não tente ser um fantasma!
Ouvi um fantasma dizer para outro fantasma:
- Diga o que disser, eu não acredito em gente!
Percebeu? Nem os fantasmas acreditam em você, mas você acredita em fantasmas! Nem os fantasmas são tolos para acreditar em você, mas a sua estupidez não conhece limites.
As Verdades simples não atraem as pessoas neuróticas. O que estou fazendo aqui é muito simples, muito comum, não há nada de espiritual, nada de sagrado. Não estou tentando torná-los pessoas santas; estou simplesmente tentando torna-los sãos, inteligentes, gente comum que pode viver a sua vida de forma alegre, dançante, celebrante. E isso é o caminho.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
A mente lógica continua perdendo o caminho
COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
O Mestre Zen não está dizendo nada de especial. Ele está dizendo: “A mente comum é o caminho”, e ele já está presente, você o tem ... Você jamais a perdeu, você simplesmente se esqueceu disso. Ela ficou encoberta; você tem apenas de descobri-la.
O que todos nós precisamos é nos tornar mais sensíveis e com menos ego. E então acontece uma transcendência. Então, a vida se torna muito simples, descomplicada, mas tremendamente misteriosa. Neste estado não sobra nada. Não há nenhuma pergunta nenhuma dúvida. Há apenas espaço, vasta claridade e céu infinito.
E como o céu, sem fronteiras, aberto por todos os lados, infinito, a pessoa fica absolutamente vazia de todos os conteúdos. É simplesmente um espelho refletindo nada...
Tudo é silêncio... Toda dualidade acabou... Passa a existir apenas uma testemunha silenciosa. E nesse estado experimentamos o despertar espiritual.
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO (3)
Tudo que você precisa, nos próximos minutos, é um estado de silêncio (silenciar)...
Aquiete a mente, silencie o corpo...
Mas esteja alerta, consciente, seja uma testemunha...
A iluminação é a descoberta de algo esquecido.
É uma lembrança, um reconhecimento.
E pode acontecer aqui...
À medida que você for capaz de colocar sua mente lógica de lado mais e mais, a qualquer momento... Nunca se sabe, é imprevisível.
E algo pode transpirar...
E subitamente tudo é luz.
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
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