Sobre o Zen

Hoje entraremos nas raízes desse mundo muito especial chamado Zen.
O Zen é muito especial porque trata de um estado de consciência mais comum. A mente comum sempre quer ser extraordinária; é apenas a mente extraordinária que relaxa no comum. O comum sempre se sente inferior e a partir desse complexo de inferioridade, ele tenta ser especial. O especial não precisa fazer esforço para ser especial – ele é especial. Não há nenhum complexo de inferioridade nele. Ele não está sofrendo de nenhum vazio. Ele está tão cheio, transbordante, que ele pode ser seja lá o que for.
Trata-se de um fenômeno muito simples. A rosa, o cravo de defunto, a flor de lótus, ou a mais comum folha de grama, não estão tentando ser especiais, absolutamente. Da folha de grama à maior estrela, estão todos vivendo tal como são. Não há nenhum esforço, nenhuma rivalidade, nenhum desejo. Não há nenhum tornar-se. Eles estão absolutamente bem aventurados nos seus seres. Desse modo, não há nenhuma comparação, nenhuma competitividade. E não há a questão de hierarquias – quem é que está mais abaixo e quem está mais acima. Ninguém é inferior, ninguém é superior. Na verdade, a pessoa que fica querendo provar que é superior, é inferior.
A pessoa que aceita seja o que for que ela seja, com alegria, não em desespero, mas em profunda compreensão; e que fica grata por isso, grata à existência, grata ao todo -, esta é a mais elevada.

Então, a primeira coisa a ser entendida é que o Zen não é orientado por metas. Trata-se de um modo de vida aqui e agora; não tem nada a ver com a vida futura, com algum paraíso. 
Assim sendo, o Mestre Zen vive na vida comum, exatamente como todo mundo, mas vive de um modo extraordinário, com uma visão totalmente nova, com tremenda sensibilidade, com consciência alerta, observação e estado meditativo; ele vive com espontaneidade. 
A diferença é tremenda, mas não em quantidade: é de qualidade. Ele trabalha com tamanha consciência, com tamanho silêncio, com tamanha alegria e celebração que ele transforma toda a atividade - o Mestre Zen vive no mundo e o transforma.

Esteja onde quer que você esteja, mas esteja de modo novo. E qual é esse novo modo? Seja não-competitivo. Ser competitivo é ser mundano. Não é uma questão de se viver no mundo ou de ir para as montanhas. Você poderá ir para as cavernas e lá haverá outros santos vivendo em outras cavernas e haverá competição. Então, eles estarão falando sobre quem tem mais poderes, quem pode jejuar mais, quem pode se deitar numa cama de pregos, quem pode viver sem roupas no inverno gelado, quem é o santo mais elevado... Haverá uma hierarquia.

O Zen tem uma abordagem diferente. Ele diz: Esteja na vida – a vida não é errada. Se algo está errado, está errado na sua visão. Seus olhos estão anuviados, seu espelho da consciência está empoeirado. Limpe-o! Crie mais claridade.

Se a competição desaparecer; se a ambição desaparecer, então, não sobra nada no mundo. Mas como a ambição e a competição podem desaparecer? Nós continuamos criando novos meios. Alguém está tentando ter mais dinheiro do que você e outro está tentando ter mais virtudes do que você. Qual é a diferença? Alguém está tentando ser mais instruído do que você, outro está tentando ter mais caráter do que você. É o mesmo desejo, o mesmo sonho, a mesma sonolência. E as pessoas continuam nos seus sonhos. Os sonhos mudam, mas as pessoas nunca acordam.

Os sonhos mudam, mas você continua caindo neste ou naquele sonho, e continua perdendo-se na escuridão. A questão é de acordar, não de mudar de sonhos, não de criar um novo sonho no lugar do velho.
Estão todos dormindo de modos diferentes, em diferentes posições, sonhando diferentes sonhos. Não há nada muito diferente nessas coisas.
O Zen insiste em que, a menos que sua consciência passe por uma radical transformação, nada muda. Você permanecerá mecânico, sua vida continuará a ser mecânica.

As pessoas vivem através dos hábitos, não através da consciência; e alguns hábitos podem se mostrar perigosos – as pessoas vivem mecanicamente. E você pode dizer a elas que renunciem ao mundo e elas renunciarão ao mundo – tão mecanicamente quanto têm vivido no mundo. Você pode dizer a elas que vivam nuas, que renunciem até as roupas; elas renunciarão as roupas mecanicamente, do mesmo modo que estiveram colocando as roupas todos os dias.
A questão é como essa mecanicidade pode ser abandonada. A questão é muito mais profunda do que os sintomas externos... As raízes têm que ser mudadas.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
Os sonhos mudam, mas as pessoas permanecem as mesmas


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
É devido aos seus desejos e à sua embriaguez com seus sonhos, que você continua perdendo o que está sempre à disposição, aquilo que sempre o está confrontando, aquilo que você nunca perdeu por um único momento, aquilo que mesmo que você queira perder você não pode perder – trata-se da sua natureza intrínseca, a sua verdadeira natureza. Mas tantos pensamentos na sua mente criam uma nuvem ao seu redor, e o tráfego está sempre presente.
E você simplesmente não consegue perceber...


FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO (3)
Tendo compreendido profundamente esse ponto...
Nesse momento, procure observar o movimento da sua respiração... O ar entra e sai das narinas de forma lenta, profunda e suave...

Observe a testemunha, observe a beleza, observe a alegria, observe o amor... Observe todos esses aspectos da dimensão interior do seu Ser...

E nos próximos minutos
Aprofunde sua percepção sobre si mesmo, sobre sua verdadeira natureza.

Assim que essa sensação de bem aventurança surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.

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