Neurociência e meditação

ESCOLA DE YOGA DHAMMA VINAYA
CURSO DE INSTRUTOR DE HATHA YOGA

AMPARO VILLA CUPOLILLO
KÁTIA NAZARÉ IMBIRIBA PASTANA
MIRIAN ROSE AYRES DE MIRANDA REBELLO


NEUROCIÊNCIA E MEDITAÇÃO



A Prática da Meditação e as Modificações no Sistema Nervoso
que Atuam Positivamente no Controle do Estresse

Trabalho de Conclusão do Curso
de Instrutor de Hatha Yoga da Escola
Dhamma Vinaya


Orientador: Nirshmra


Rio de Janeiro
2021


Agradecemos à Deus, por ser o nosso
objetivo maior; aos nossos familiares, por
serem a nossa motivação constante e aos
nossos mestres, pela dedicação,
incentivo, compreensão e acolhimento às
nossas dificuldades.



RESUMO
O objetivo deste trabalho é apresentar os efeitos da prática da meditação e as consequentes modificações no sistema nervoso, observando suas possíveis atuações positivas no controle do estresse. Partindo dos conceitos básicos relativos à neurociência, ao sistema nervoso e seus componentes, ao estresse e à meditação, verificamos suas interações no corpo humano, na mente e nas emoções.
Constatamos, através de estudos e pesquisas da neurociência sobre meditação budista e Mindfullness, que a complexidade do cérebro e a capacidade humana, com a prática da meditação, promovem uma nova plasticidade neural, modificando seu estado de sofrimento para um estado de paz e equilíbrio, permitindo o controle do estresse.

Palavras-Chave: Meditação, Neurociência, Plasticidade Cerebral.


ABSTRACT
The objective of this work is to present the effects of meditation practice and the consequent changes in the nervous system, observing its possible positive actions in stress control. Starting from the basic concepts related to neuroscience, the nervous system and its components, stress and meditation, we verify their interactions in the human body, in the mind and in emotions. We found, through studies and research of neuroscience on Buddhist meditation and Mindfullness, that the complexity of the brain and human capacity, with the practice of meditation, promote a new neural plasticity, modifying its state of suffering to a state of peace and balance, allowing stress control.
Keywords: Meditation, Neuroscience, Brain Plasticity. 



Sumário
Capítulo I – Introdução

Capítulo II – Referencial Teórico
2.1 – Conceitos fundamentais
2.1.1 – Neurociência
2.2 - Organização e funcionamento do Sistema Nervoso
2.2.1 – Sistema nervoso central – estrutura anatômica e funcional de seus componentes
2.2.2 – Sistema nervoso periférico – estrutura anatômica e funcional de seus componentes
2..3 - Neurotransmissores e suas funções no funcionamento do sistema nervoso
2.3 – Estresse
2.4 – Meditação

Capítulo III – Desenvolvimento
3.1 – Modificações cerebrais e estresse 
3.2 - Modificações cerebrais na meditação e possíveis alcances positivos nos casos de estresse
3.3 - Shamatha e Vipashya – Meditações 
3.3.1- Meditação Shamatha
3.3.2 – Meditação Vipashya 

Capítulo IV – Conclusão

Referências Bibliográficas


Capítulo I – Introdução
Samanta, nossa personagem fictícia, tem 25 anos, é solteira, sofre de ansiedade e distúrbio de alimentação, possui transtorno de déficit de atenção, só detectado aos23 anos. Desde pequena,  hiperativa, tinha dificuldade em entender os ensinamentos dos professores, suas notas eram baixíssimas, contudo, tinha habilidades manuais muito especificas o que traziam certa paz no meio da confusão mental que ela se encontrava, por sofrer bullying, por sofrer pressão dos pais, por se achar fora dos padrões ditos normais. Muito sofrimento e emoções que não foram entendidas e tratadas na época, deixaram-na psicologicamente traumatizada e com baixa alta estima. Quando sua amiga da faculdade (era a 3ª tentativa de conseguir terminar algum curso), Helena, a convidou para um curso de meditação, ela se viu apreensiva porque sabia que não tinha a mínima chance de sua mente ficar quieta. Mesmo assim, aceitou o convite. Primeiro grande desafio: sentar-se de forma confortável (ela era desconfortável). 2º grande desafio: concentrar-se nas instruções do mestre. Terceiro grande desafio: parar sua mente agitada.

Samanta não sabia, mas havia o desafio maior e anterior a todos esses, digamos o marco 0 de toda e qualquer resolução: o querer. Ela havia tomado a decisão de “querer”, de “aceitar” e isso é o início de uma jornada de cura, autoconhecimento, de autorrealização.
Este trabalho trata da interação entre a neurociência e a meditação. O que a prática da meditação propicia ao cérebro diante das emoções perturbadoras (ansiedade, medo, depressão), do sofrimento em geral? Será que nossa personagem Samanta teria um desfecho positivo diante do processo meditativo, conseguindo mudar as redes neurais de seu cérebro, remodelando-o? Trazendo alegria de viver, foco, autoestima, compaixão?
Pode-se afirmar que o cérebro é o principal órgão de estruturação e modificação da mente, comunicando-se com todo corpo através do Sistema Nervoso Periférico e com o mundo exterior.

O sistema nervoso possui uma complexidade em seu funcionamento, com uma potente rede de transmissão química. Esta rede encontra-se em equilíbrio muito sutil e dinâmico, modificando constantemente o comportamento e as ações humanas, em função dos propósitos e exigências quase momentâneas a que os indivíduos estão expostos. O stress por exemplo, é uma ameaça que obriga o organismo a dar uma resposta de luta ou fuga a fim de se salvaguardar do risco. Este interessante e
complexo mundo neural tem sido motivo de estudo ao longo de décadas, a fim de compreender o diverso e acentuado comportamento humano diante dos impulsos externos e internos a que é submetido em sua vida. Essas são questões que tratamos no Capítulo II, como conceitos fundamentais que nos permitiram fundamentar nossos estudos posteriores e as considerações finais.

No Capítulo III, após nos apoiarmos nos conceitos básicos, buscamos na literatura mais especializada elementos de apoio para entendermos de que forma as estruturas cerebrais podem ser potencialmente modificadas com a prática das diferentes técnicas de meditação. Neste trabalho, foram escolhidas as meditações Shamatha e Vipashya como exemplos de técnicas que auxiliam na prevenção de inúmeras
condições, especialmente aquelas resultantes dos efeitos deletérios do estresse, no manejo de problemas de saúde já estabelecidos, assim como na promoção de saúde mental. Dessa forma, a meditação é uma atividade que pode ser utilizada em um contexto terapêutico.

Assim, a meditação tem sido considerada - e motivo de pesquisa - como uma aliada da ciência e da medicina no processo de minimizar o sofrimento e trazer equilíbrio e paz. O treinamento sistemático da atenção, visando acalmar a mente e relaxar o corpo, têm se apresentado eficaz em indivíduos depressivos, ansiosos, estressados.

Diversos estudos apontam resultados bastante significativos, em relação a esses sintomas, após o uso da meditação com populações clínicas e não clínicas, como apontam as medidas de sofrimento psicológico e marcadores biológicos. Estas, portanto, são as questões abordadas neste trabalho.


Capítulo II – Referencial Teórico
2.1 – Conceitos fundamentais

2.1.1 – Neurociência

Segundo Bear et al (2017), pode-se afirmar que a neurociência é um conceito novo e remete-se à compreensão multidisciplinar da estrutura e funcionamento do sistema nervoso. Especialmente, os campos do conhecimento da biologia, da medicina, da psicologia, da física, da química e da matemática se reúnem para que se possa entender, de forma mais complexa e ampla, o encéfalo e suas atribuições na vida humana. Esse é, em linhas gerais, o caminho para se definir e dar sentido e significado ao grande campo de conhecimento atual tratado sob a denominação de neurociência.

Evidências arqueológica indicam que hominídeos já se ocupavam em tentar conhecer o sistema nervoso (encéfalo, medula espinhal e os nervos do corpo), sugerindo que desde tempos remotos a curiosidade humana busca desvendar os mistérios que envolvem as nossas sensações, reações, sentimentos e comportamentos.

A perspectiva da neurociência, assim, pode ser remontada aos primórdios da vida humana. Na Grécia antiga, Hipócrates (460-379 a.C.), o pai da medicina ocidental, já observava que, pela própria constituição estrutural, a cabeça possuía as funções relativas às sensações e inteligência, embora sua visão não fosse, totalmente, aceita.

Já no Império Romano, Galeno (130-200 d.C.), médico dos gladiadores, concordava com Hipócrates e via o encéfalo como a sede da inteligência, e das sensações.
Interessante observar que Galeno pôde dissecar crânios e nessas investidas concluiu que tendo e cerebelo estrutura rígida e o cérebro estrutura bem mais macia, intuiu ser o primeiro aquele que comandaria a força muscular e o segundo as sensações, conforme atestam Bear et al (2017, p.6). Mesmo que hodiernamente a sua lógica não tenha sentido, após os avanços nas pesquisas, pode-se afirmar que o cérebro está envolvido com as sensações, percepções e memória e o cerebelo, primariamente, com os movimentos, na medida em que ali se localiza o centro motor.

Já no Renascimento, embora a teoria de Galeno mantivesse predominância, a perspectiva de René Descartes (1596-1650), matemático e filósofo francês, inclui a forte ideia de separação entre mente e corpo, orientando-se para a concepção de que os seres humanos possuíam um intelecto e uma alma externos a eles, incluídos no corpo por Deus no momento do nascimento. Para Descartes o encéfalo controlaria apenas aqueles comportamentos humanos que se assemelham aos dos demais animais. Na perspectiva cartesiana a mente, como entidade espiritual, recebia comandos sensitivos externos para  conduzir os comportamentos humanos mais refinados, por meio da glândula pineal. A força desta concepção foi tamanha que ainda hoje existem aqueles que acreditam ser a mente algo externo ao corpo, o que dificulta, sobremaneira, a percepção da constituição humana de forma integral, corpo/mente.

Ao final do século XVIII o sistema nervoso já havia sido totalmente dissecado, tendo os cientistas completado a compreensão e descrição de sua anatomia geral. Com isso, identificou-se que o sistema nervoso possuía uma estrutura central composta pelo encéfalo e pela medula espinhal e outra estrutura  periférica, composta pela rede de nervos que permeiam todo o corpo.
Essa estruturação e os estudos posteriores, geraram sólidos conhecimentos anatômico e funcional do sistema nervoso, permitindo o avanço de pesquisas que, no limite, propiciaram a consolidação do campo de saber que identificamos atualmente como neurociência. Nesse sentido, podemos afirmar que a partir do século XX e dos avanços intensos na compreensão do sistema nervoso, várias áreas do conhecimento foram convergindo e compondo redes de saberes que se estruturaram conjuntamente para ampliarem o entendimento das funções e ações do sistema nervoso.

Neurociência, portanto, pode ser entendida como esta rede de saberes em torno da estrutura anatômica, fisiológica, estrutural, comportamental, química, física e matemática na tentativa de entender, em todos os níveis de análise, o sistema nervoso humano.

2.2 - Organização e funcionamento do Sistema Nervoso
O sistema nervoso dos mamíferos é composto pelo sistema nervoso central (SNC) e pelo sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é composto pelo encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico) e pela medula espinhal e o SNP por todas as demais estruturas do sistema nervosos que não estão no SNC e pode ser dividido em duas partes: somático e autônomo. A unidade básica do sistema nervoso (célula) é o neurônio.

2.2.1 – Sistema nervoso central – estrutura anatômica e funcional de seus componentes

2.2.1.1 – Cérebro
O cérebro humano, que ocupa a maior parte do encéfalo, se parece com uma noz dividida em duas partes. Estas metades parecidas com uma casca são o córtex cerebral e são separados pela profunda fissura sagital. Pode-se dizer que o hemisfério direito recebe sensações e controla os movimentos do lado esquerdo e vice-versa.

Composto por cerca de 100 bilhões de células nervosas ou neurônios que se relacionam por meio de fios (axônios) em rede podendo fazer mais de 10 mil combinações (sinapses) cada um, o cérebro permite um número vastíssimo de estados cerebrais. Segundo Ramachandram (2014, s/p): “O córtex é essencialmente a sede do pensamento superior, a tábula (longe de ser) rasa em que todas as nossas funções mentais mais elevadas são levadas a cabo. Como não é de surpreender, ele é especialmente desenvolvido em dois grupos de mamíferos: golfinhos e primatas.”

Cada hemisfério cerebral está dividido em quatro lobos: occipital, parietal, temporal e frontal, que possuem funcionamento distintos, porém com grande interação.
De maneira geral os lobos occipitais estão vinculados aos processamentos visuais; os temporais às funções perceptivas superiores, como reconhecimento de objetos e a representatividade emocional destes reconhecimentos; os lobos parietais estão implicados na elaboração das informações provenientes do tato, dos músculos e das articulações, combinados com a audição, a visão e o equilíbrio, permitindo uma complexa e rica compreensão do nosso próprio corpo e do mundo ao redor.

Por fim, os lobos frontais desempenham funções muito distintas e, também vitais. Estão envolvidos com comandos motores simples, planejamentos de ações, sustentação de objetivos mentais, manutenção da memória de curto prazo, além de funções mais complexas ligadas à personalidade. Figura 1 Divisão Fisiológica do Cérebro Humano Uploaded by Rafael Duarte https://www.researchgate.net/figure/Figura-2-Divisaofisiologica-do-cerebro-humano-o-cortex-cerebral e-departicular_fig2_274248499.

Órgão de extrema complexidade, plasticidade e maleabilidade, o cérebro humano possui uma vasta e ampla ação nas atitudes físicas e emocionais dos seres humanos, podendo se adaptar, se recompor, aprender ininterruptamente ao longo da vida.
Assim, sua funcionalidade envolve a anatomia, a genética e a cultura num enredamento rico e enigmático o suficiente para aguçar as inúmeras tentativas de desvendá-lo ao longo dos séculos de existência humana.

Para Hanson (2012), ainda não se tem uma resposta precisa sobre como o cérebro gera a mente ou como a mente, de alguma forma, molda ou influencia os processos cerebrais. No entanto, vale ressaltar que “Uma mente que desperta é um cérebro que desperta. No decorrer da história, homens, mulheres e grandes mestres anônimos cultivaram estados mentais extraordinários produzidos por extraordinários
estados cerebrais. Por exemplo, quando praticantes tibetanos experientes entram em meditação profunda, criam ondas cerebrais gama de atividade elétrica, notavelmente poderosas e penetrantes, nas quais regiões excepcionalmente grandes de estado neural real pulsam em sincronia de trinta a oitenta vezes por segundo, integrando e unificando grandes territórios da mente” (HANSON, 2012, P. 25).

Nesse sentido, pode-se afirmar que o cérebro é o principal órgão de estruturação emodificação da  mente, comunicando-se com todo corpo através do SNP e com o mundo exterior. Por outro lado, a mente na perspectiva de Thompson e Varela (2001) (apud HANSON, 2012, p. 21) é arquitetada pelo cérebro, como órgão interno basilar de sua estruturação, mas também pelo restante do corpo, além do mundo exterior natural e cultural. Verifica-se assim pouca fecundidade nas tentativas de identificar as diferenças entre cérebro e mente. Parece-nos bem mais produtivo e frutífero abordagens que concentram esforços no desvendamento das redes que se formam na inter-relação entre o cérebro e os demais componentes do sistema nervoso humano e as características e comportamento da mente. Esta, assim, é a abordagem que buscamos neste estudo: identificar as modificações que cerebrais que ocorrem com a prática da meditação e suas possibilidades positivas para os seres humanos.

2.2.1.2 – Cerebelo
Cerebelo que em latim significa cérebro pequeno está situado posteriormente ao cérebro e, incrivelmente possui o mesmo número de neurônios que os dois hemisférios cerebrais juntos, embora seja de tamanho bem menor que o cérebro.
Possuidor de muitas conexões entre o cérebro e a medula espinhal, o cerebelo pode ser considerado o centro de controle dos movimentos, além de estar envolvido a outras diversas funções cognitivas, afetivas e comportamentais.

2.2.1.3 – Tronco encefálico
O tronco encefálico ocupa o restante do espaço do encéfalo e se compõem de um conjunto complexo de fibras e neurônios que cuida, essencialmente, de transmitir informações entre o cérebro e o cerebelo para a medula espinhal e vice-versa. Além disso, possui a importante função de regular as funções vitais da respiração, da temperatura corporal e a consciência. Paradoxalmente é considerada a porção encefálica mais importante para a manutenção da vida dos mamíferos, embora seja a mais primitiva. É possível sobreviver após algumas lesões do cérebro e do cerebelo. Porém, lesões no tronco encefálico são fatais.

2.2.1.4 – Medula espinhal
Envolta numa capa óssea, a medula espinhal está ligada ao tronco encefálico e possui a função de conduzir informações da pele, dos músculos e das articulações ao cérebro e vice-versa. A medula espinhal se comunica com o corpo por meio dos nervos espinhais, que fazem parte do SNP, e se fixam nos espaços intervertebrais.

2.2.2 – Sistema nervoso periférico – estrutura anatômica e funcional de seus componentes

2.2.2.1 – SNP Somático
O SNP somático é composto por todos os nervos que se encontram na pele, nos músculos e nas articulações e possuem controle voluntário. Interessante observar que os corpos celulares desses neurônios se agrupam no SNC, porém os axônios no SNP. Estes axônios somatossensoriais que inervam a pele, os músculos e as articulações entram na medula espinhal pelas raízes dorsais

2.2.2.2 – SNP Autônomo (SNA)
O SNA também é denominado de involuntário, vegetativo e visceral ou ainda sistema nervoso simpático/parassimpático/entérico. Ele inerva os vasos sanguíneos, as glândulas e os órgãos internos. Suas funções têm ligação com a sobrevivência, já que o indivíduo não necessita controlar voluntariamente seus processos vitais. Este sistema possui também relação intrínseca com reações emocionais que causam reações autônomas e involuntárias nos órgãos e nas glândulas, desencadeando efeitos corporais diretos, porém, sempre involuntários. Os axônios viscerais sensoriais transmitem informações ao SNC acerca de reações corporais como pressão arterial, contração do músculo cardíaco e secreções glandulares. Pode-se notar, assim, que o SNA tem intercomunicação intensa com as doenças psicossomáticas, bem como com a emocionalidade, o que o torna uma estrutura de grande interesse para o presente estudo.

Para Bear et al (2017, p.185), uma questão fundamental no sentido de compreender os processos do SNP diz respeito aos axônios aferentes e eferentes. “Os termos derivados do latim, aferente (que leva para) e eferente (que traz de) indicam se os axônios estão transmitindo a informação para ou a partir de um determinado ponto. Deve-se considerar os axônios do SNP em relação a um ponto de referência do SNC. Os axônios somatossensoriais ou vicerais que trazem informação para o SNC são aferentes. Os axônios que emergem do SNC para inervar músculos e glândulas são eferentes.” 

O SNA é divido em sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático. Essas duas faces do SNA estão correlacionados e atuam de forma antagônica, buscando sempre o equilíbrio homeostático. Resumidamente, pode-se afirmar que o sistema nervoso autônomo simpático (SNAS) age com o objetivo de preparar o corpo para reagir a quaisquer situações de emergência, por outro lado, o sistema nervoso autônomo parassimpático (SNAP), inversamente, tem como função acalmar e restabelecer o corpo após uma situação de emergência. 

Quaisquer tipos de situações que se apresentem como ameaçadoras, imediatamente, entra em cena o SNAS, evocando todos os recursos corporais e emocionais na tentativa de salvaguardar o indivíduo do iminente risco. Sua incumbência fundamental é a de controlar, de forma automática, os vários órgãos internos ativamente, nas situações em que são necessárias respostas rápidas e enérgicas, visando a manutenção da vida e o funcionamento dos sistemas vitais. Pode-se intuir a enorme importância deste sistema na sobrevivência do homem ao longo da história. 

O sistema nervoso autônomo parassimpático, por sua vez, se responsabiliza pelas ações de equilíbrio fisiológico, após uma dada situação de emergência a que o indivíduo foi exposto, buscando recompor, conservar e economizar as energias corporais, visando a homeostase. Está consorciado a situações de concentração, de relaxamento e de retenção de energia no organismo. 

Para Almeida et al (s/d) o SNA simpático e o SNA parassimpático funcionam num sentido cooperativo. “O simpático responsável por estimular os órgãos vitais do corpo, como o encher dos pulmões, o aumento da sudação, a diminuição do processo digestivo ou a diminuição das enzimas salivares, por exemplo. Nisto a ação parassimpática, funciona de uma forma antagónica, por via a fazer com que os órgãos alterados voltem à sua posição inicial repondo assim o equilíbrio do organismo.” Hanson (2012) alerta para o fato de que a vida é causadora de sofrimento e dor inevitavelmente e, assim, o SNAS reage permanentemente aos estímulos ameaçadores, deixando grandes rastros de devastação por todo o organismo. Muitas vezes as ameaças são múltiplas ou geram múltiplos estímulos fazendo com que distintos sistemas de alertas sejam disparados ao mesmo tempo. Num mundo cada vez mais veloz, competitivo, exigente e ameaçador, tanto do ponto de vista físico quanto emocional, é fácil perceber que o SNAS está em constante funcionamento, disparando, o que Hanson (2012, p. 66) denomina por flechas primárias e secundárias de ameaças, ou seja, alertas que são lançados do exterior (primárias) e aqueles propiciados por nossa reatividade física e emocional aos alarmes exteriores, indicando um aprofundamento destes alarmes (flechas secundárias). 

A forma de reatividade a estas flechas pode ser mais ou menos intensa, na medida em que possuímos um SNAP mais preparado para agir rapidamente buscando a homeostase. 
O SNAP, produz efeitos calmantes e relaxantes, permitindo a digestão, o repouso do corpo, do cérebro e da mente. Proporciona estabilidade e tranquilidade, ajudando na clarificação do pensamento e na tomada de decisões mais serenas frente aos desafios da vida.  
O equilíbrio entre as excitações destes dois sistemas, simpático e parassimpático, parece ser a melhor receita para uma vida saudável, satisfatória e equilibrada. Faz se necessário, portanto, que o indivíduo observe os estímulos necessários para a aquisição deste equilíbrio. Na maioria das vezes temos uma excessiva estimulação do SNAS em detrimento de experiências que desenvolvam o SNAP, indicando forte desarmonia e, consequentemente, a perda da saúde física e mental. 

2.3 - Neurotransmissores e suas funções no funcionamento do sistema nervoso
Atualmente é possível identificar a imensa complexidade do funcionamento do sistema nervoso. Sensações e estímulos em quaisquer regiões do corpo necessitam de uma potente rede de transmissão química para serem identificadas e classificadas, produzindo ou não reações reflexas ou reflexivas. Essa rede tem nos neurotransmissores os seus vetores fundamentais. 

Conforme Kandel et al (2014, p. 257), biologicamente o conceito de neurotransmissor não é preciso, mas pode ser definido como “uma substância que é liberada por um neurônio e que afeta um alvo específico de determinada maneira.” Diferente dos hormônios que são liberados na corrente sanguínea para atingirem alvos distantes, os neurotransmissores buscam atingir alvos próximos e, portanto, são liberados de forma a atingir células fronteiriças. 

Segundo Bear et al (2017, p.144), a primeira molécula identificada como um neurotransmissor foi a acetilcolina, divulgada por Otto Loewi na década de 1920. Para que uma molécula possa ser reconhecida como um neurotransmissor faz-se necessário atentar para muitos critérios que envolvem ações laboratoriais. 

Para o contexto deste trabalho importa saber que neurotransmissores fazem o elo comunicacional em rede entre os neurônios e entre os neurônios e outras células efetoras, como as musculares, as glandulares e outras, produzindo efeitos químicos, rápidos, lentos, divergentes e também convergentes. 
Esta rede encontra-se em equilíbrio muito sutil e dinâmico, modificando constantemente o comportamento e as ações humanas, em função dos propósitos e exigências quase momentâneas a que os indivíduos estão expostos. 
Assim, tanto o próprio neurônio quanto o encéfalo na sua totalidade são bombardeados permanentemente por sinais dessa rede de neurotransmissores, causando estimulações e inibições variadas e, muitas vezes, ao mesmo tempo. Estes sinais provocam recombinações de entrada e saída de estímulos e inibições, mantendo as ações e reações humanas, sociais com indicações reativas que podem ser resolvidas instantaneamente ou podem deixar marcas duradouras. 

Os principais neurotransmissores são o glutamato, o gaba (gama-aminobutírico), a serotonina, a dopamina, a norepinefrina, a acetilcolina, os opioides, a oxitocina, a vasopressina e dois outros neuroquímicos liberados por glândulas, o cortisol e o estrogênio. Cada um desses compostos químicos possui funções diferenciadas que excitam ou inibem os neurônios receptores; regulam o humor, o sono, a digestão, promovem atitudes receptivas, estimulam a vigília e o aprendizado; reduzem ou aumentam o estresse, aliviam dores, produzem sensação de bem-estar; promovem comportamentos de cuidado e carinho, estreitando laços, mantém vínculos de amizade, geram agressividade, estimulam ou inibem a libido e a memória. Enfim, são substâncias químicas delicadas e fundamentais à felicidade, à manutenção da saúde física e mental dos seres humanos. 

Os processos de liberação de neurotransmissores têm ligação direta com as sensações e experiências agradáveis e desagradáveis. Cada uma delas faz disparar sistemas de neurotransmissão, dando informações cerebrais de naturezas distintas e fazendo com que, consequentemente, o cérebro envie ao restante do corpo novas comunicações de reação e comportamentos voluntários (SNC e SNP somático), bem como involuntários, via SNP autônomo. 

Assim, considerando nossas experiências ancestrais e atuais, Hanson (2012, p. 63) indica que o cérebro vai classificando as experiências em boas, ruins e neutras, oferecendo, assim, grosso modo, possibilidades de escolhas aos indivíduos. 

2.3 – Estresse
Usado em inglês pela física, o termo stress significa, para esta área do conhecimento, o somatório de forças que agem contra a resistência, não importando quais resistências (ARANTES, 2002, p.25). Por outro lado, o conceito de estresse, embora tenha aporte na literatura científica, possui grande apelo popular, e o termo aparece atualmente, com muita frequência, no vocabulário das pessoas comuns, significando, grosso modo, algo que retira a paz e a saúde do indivíduo, quando este é ameaçado ou sente-se oprimido por situações inesperadas e de difícil solução. 

Para Greenberg (2002) o termo estresse surge no século XX utilizado pelo fisiologista Walter Cannon, que o descreve como uma ameaça que obriga o organismo a dar uma resposta de luta ou fuga, na tentativa de se salvaguardar do risco. 

Hans Selye, médico fisiologista austríaco (1907-1982), atento a esta ideia de resposta de luta ou fuga, aprofunda pesquisas em ratos, expondo-os à agentes estressores e observa que as respostas orgânicas possuíam uma frequente padronização. Assim, 

Selye formula um conceito inicial sobre o estresse como um conjunto de respostas não específicas do organismo provocadas por um agente físico qualquer. Em um primeiro momento Selye adota a terminologia síndrome de adaptação geral e verifica nestas reações orgânicas ao agente estressor três fases: fase de alarme, fase de resistência e fase de exaustão (ARANTES, 2002, p.25), assim explicadas: “É provocada por agentes que afetam grandes porções do corpo, causando uma defesa generalizada, uma defesa sistêmica. É de adaptação, porque ajuda na busca e na manutenção do estado de equilíbrio. E, finalmente, é chamada de síndrome, porque as manifestações são coordenadas e parcialmente interdependentes.” 

O termo estresse passa a ser utilizado, um pouco mais tarde, em lugar da síndrome de adaptação geral, já que, após o aprofundamento de seus estudos, o próprio Selye considera que o termo estresse é o equivalente biológico do estresse em matérias inanimadas. Embora causando controvérsias, Selye continuou seus estudos utilizando o termo, que acabou se popularizando e exigindo maior rigor científico em sua conceituação. Houve a necessidade de distinguir dois significados importantes: o agente causador da síndrome, denominado agente estressor e as reações orgânicas ao agente, denominadas estresse. Importante ressaltar que, do ponto de vista científico, o estressor pode ser negativo (algo ruim) ou positivo (algo bom). O fundamental é identificar que o organismo, ao ser atingido pelo agente estressor, desencadeará reações fisiológicas padronizadas. 

Estes agentes estressores são percebidos pelos diferentes sensores corporais, encaminhados ao cérebro, pelas redes de comunicabilidade dos componentes do sistema nervoso, que instruirá as ações fisiológicas e psicológicas que devem ser tomadas, visando o restabelecimento do equilíbrio
.
HIPOTÁLAMO (HYPOTHALAMUS); Hormônio Liberador de Corticotropina (CRH – Corticotropin Releasing Hormone); PITUITÁRIA (PITUITARY); circulação (circulation); Hormônio Adrenocorticotropina (ACTH – Adreno CorticoTropin Hormone); CORTISOL; GLÂNDULAS ADRENAIS (ADRENAL GLANDS) Figura 2 Eixo hipotálamo-pituitário adrenal (HPA) ou eixo hormonal do estresse (20). 

Podemos identificar uma grande variedade de agentes estressores, provenientes do ambiente físico e natural, do ambiente psicológico, reflexivo e social. Essa variação possibilitou que muitos campos do saber se apropriassem do termo com certa liberdade e buscassem ampliar estudos em suas áreas do conhecimento. 
Especialmente os campos da Medicina, Psicologia, Ciências Sociais, Filosofia, Ciências Ambientais, Ciências da saúde e Administração produzem, com muita efervescência, conhecimentos relacionados ao estresse. 

Por fim, vale ressaltar que na contemporaneidade nós estamos expostos a inúmeros agentes estressores cotidianamente e que, em muitos casos, a rapidez, a prontidão e a agilidade dos mecanismos de estresse são fundamentais na manutenção e salvaguarda da vida. Por outro lado, a permanente submissão a situações de estresse, gerando flechas (HANSON, 2012) constantes de reações orgânicas, acarretam grande desgaste orgânico e psíquico que, no limite, têm sido causas de muitas doenças físicas e mentais. 

Para o contexto deste trabalho, interessa observar em que medida a prática da meditação altera positivamente o funcionamento do sistema nervoso e, mais especificamente, do cérebro, influenciando positivamente o indivíduo para que este administre suas reações de estresse frente aos agentes estressores, ou ainda, compense os efeitos negativos no cérebro em função das constantes exposições aos agentes estressores. 

2.4 – Meditação
A meditação constitui-se uma prática que tem origem nas filosofias espirituais do Oriente, e é um elemento de muitas religiões. Há milhares de anos vem sendo praticada, tendo sido gradativamente introduzida no Ocidente a partir da década de 60. 
A partir de então, a crescente adesão às mais diversas práticas meditativas despertou a atenção de pesquisadores, que observaram, nos indivíduos, os benefícios e potencialidades do engajamento em alguma dessas práticas como um método de terapia e relaxamento. 

Uma grande quantidade de estudos com resultados positivos sugere que a meditação pode ser eficiente no que tange a reações psicossomáticas e, especialmente, a experiências subjetivas, como a sensação de bem-estar e de crescimento pessoal. 

Com relação ao tempo necessário para que tais efeitos ocorram, não há uma precisão. Embora pesquisas revelem que com alguns meses já se pode observar uma diferença significativa em determinados estados, também há estudos indicando que, quanto maior o tempo de prática, maior a intensidade e a permanência das respostas produzidas. Portanto, a regularidade da prática constitui se em mais uma variável mediadora dos efeitos da meditação e, possivelmente, em um diferencial na medida em que tais reações se transformam em aspectos mais duradouros e estáveis da personalidade. 

O termo meditação possui significado bastante amplo, antigo e, conforme a área de saber, pode apresentar conceituações diversificadas. Apresenta sentido em áreas como a filosofia, a medicina, a psicologia, as ciências sociais, no campo religioso e espiritual e, finalmente, na novíssima área da neurociência. Porém, é possível identificar na literatura convergências conceituais entre todos os campos do saber, que dizem respeito a ideia de treinamento mental via concentração. 

Goleman (1999) sugere que a meditação consiste em um treinamento sistemático da atenção, visando acalmar a mente e relaxar o corpo, sem perder, entretanto, o alerta mental. Em sua concepção o efeito da paz interior caracteriza-se como um dos mais importantes, permitindo a convivência saudável do ser humano com sua ambiência íntima, propiciando refúgio individual face à turbulência do cotidiano acelerado e confuso da vida. Outro efeito considerado por Goleman como essencialmente fundamental é o benefício do controle das flechas (HANSON, 2012) disparadas sem necessidade pelo sistema nervoso simpático, quando este funciona sem estratégias de compensação do estresse. Para Goleman este controle, no limite, assegura o aumento da imunidade orgânica, além de conceder possibilidades reais de diminuição dos efeitos ultra negativos do desequilíbrio no funcionamento do SNS e do SNP. 

Observa-se, então, que Goleman considera que a meditação tem fortes efeitos na estimulação do SNP. Davic (1998, p.25) indica que o interesse das pesquisas laboratoriais sobre a prática e os efeitos da meditação no ser humano aumentaram, sobremaneira, desde a década de 1970. Testes com auxílio de tomografia computadorizada, eletroencefalograma e dosagem de hormônios apresentam provas incontestáveis acerca dos benefícios da meditação para o bom funcionamento orgânico do corpo. As pesquisas sugerem também melhoria no sistema cardiovascular, no metabolismo, no funcionamento cerebral, além de experiências enriquecedoras evidenciadas na saúde mental. O autor apresenta uma extensa lista de favorecimentos orgânicos e psicológicos que resultam de uma prática regular da meditação. Estes vão do bom funcionamento dos sistemas cardiovascular, respiratório, digestório, nervoso, sensorial, endócrino, excretor, urinário, reprodutor, esquelético, muscular, imunológico e linfático, até o favorecimento das atividades mentais, emocionais, psicológicas e de controle do estresse. 

Menezes et al (2011) apontam para uma importante convergência entre os objetivos da meditação e da psicologia, no sentido da busca da diminuição do sofrimento psicológico e o cultivo de qualidades positivas, causando bem-estar. Em seus estudos os autores sugerem que a prática da meditação e as psicoterapias, focam seus objetivos em auxiliar o indivíduo a modificar a sua percepção e reação frente aos fatos e fenômenos da vida, em lugar de se debruçarem tentando mudar esses fatos e fenômenos que, em sua maioria, não estão sob o controle dos indivíduos, gerando o alívio do sofrimento e o aumento do bem-estar. Hanson (2012, p. 33) assinala que “o que acontece com a mente transforma o cérebro, seja de maneira temporária, seja duradoura. E o que ocorre no cérebro muda a mente, uma vez que ambos formam um sistema integrado.” Para este autor, neuropsicólogo e mestre em meditação, a atenção plena, propiciada, principalmente, pela prática da meditação, está na base de uma vida repleta de bem estar e equilíbrio. 
Ele identifica que muitas causas do sofrimento humano se encontram localizadas na impossibilidade de diagnósticos e intervenção explícita em suas origens, decorrentes do comportamento e desequilíbrio entre as ações do SNS e do SNP. O distanciamento do indivíduo de sua própria natureza e ambiência interna não favorecem possibilidades de superação do próprio sofrimento. Para ele, a propriedade contemplativa e de plena atenção proporcionada pela prática da meditação podem oferecer refúgios revitalizadores e seguros ao indivíduo, trazendo-o para uma relação mais saudável consigo mesmo e com os outros seres e fenômenos e fatos da vida cotidiana. Para ele as diferentes práticas meditativas trazem inúmeros benefícios físicos, orgânicos e psicológicos, na medida em que estimulam o SNP para que o mesmo cumpra a sua função de encaminhar corpo e mente em direção ao bem-estar e à paz interior.


Capítulo III – Desenvolvimento
3.1 – Modificações cerebrais e estresse
O estresse é uma resposta natural de nosso organismo a uma situação ameaçadora, tanto ao bem estar físico ou emocional, e que nos desperta uma reação de ‘luta ou fuga’. Isso porque, nesse momento, o corpo percebe uma situação de ameaça precisa reagir de modo automático e quase imediato. Embora alguma experiência com tensões gerenciáveis seja importante para o desenvolvimento saudável, alguns efeitos tóxicos surgem quando a reação de um indivíduo extrapola sua capacidade de enfrentamento. 
O estresse se torna um problema quando é prolongado, persistente ou crônico. A longo, prazo o problema surge quando o corpo precisa viver em permanente estado de alerta. O estresse duradouro está ligado a doenças autoimunes, como artrite reumatoide, além de aumentar o risco de depressão e outros transtornos mentais. 
Além disso, pesquisas já apontaram que o estresse crônico está associado a doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, úlceras, osteoporose, impotência, aborto espontâneo e câncer e até retardar a recuperação de uma cirurgia e a cicatrização de feridas. Problemas de memória e dificuldade de aprendizagem também são consequências do estresse. 
Sob estresse o nosso sistema límbico, responsável pelas emoções, memória e aprendizagem, dispara um alarme aumentando a produção de adrenalina e cortisol, que em conjunto aumentam o batimento cardíaco, aumentam o metabolismo e a pressão arterial, aumentam a atenção, deixam alerta o nosso sistema imunitário e a resposta anti-inflamatória, baixam a sensibilidade à dor. Quando a situação de estresse acaba, o nosso corpo faz reset desta informação e volta ao normal. No entanto, sob stress constante, o nosso corpo é incapaz de fazer reset. 
Todas essas alterações fisiológicas, no entanto, acontecem primeiramente no cérebro. O cérebro é um alvo do estresse, já que sofre mudanças químicas e estruturais em resposta a estressores agudos e crônicos (McEwen, 2008). 

As pesquisas proporcionaram avanços em relação à compreensão do papel do cérebro como órgão central do estresse. De fato, o cérebro é o órgão que regula respostas comportamentais e de muitas respostas fisiológicas a estressores, que tanto podem ser adaptativas como prejudiciais. 
O estresse envolve comunicação bilateral entre o cérebro e os sistemas cardiovascular, imunológico e metabólico, por meio do sistema nervoso autônomo e de mecanismos endócrinos. Os efeitos do estresse envolvem medidas de parâmetros múltiplos relativos aos mediadores de estresse e de adaptação, e modificações cumulativas que ocorrem no corpo e no cérebro. 
Os mecanismos envolvidos nesta relação, no entanto, ainda são pouco conhecidos, mas algumas evidências sugerem que ao longo da vida, o estresse e os hormônios do estresse podem favorecer ou inibir as reações de adaptação em regiões do cérebro. 
O efeito do estresse provoca mudanças químicas e estruturais em várias regiões cerebrais. Estudos em humanos e em modelo animal têm demonstrado essas alterações em áreas como: o hipocampo, a amígdala, o córtex pré-frontal e o córtex visual. Conforme revisões realizadas, as perdas celulares ocasionadas pelo estresse atuam principalmente no sistema límbico, provocando a inibição da neurogênese, e até mesmo a morte de neurônios, como por exemplo, diminuição do volume do hipocampo. 
Gunnar et al. (2009) descreve que sistema de resposta ao estresse compreende o sistema nervoso simpático, os diversos sistemas de neurotransmissores, o sistema imunológico e o eixo hipotálamo pituitário adrenal (HPA). 

O eixo HPA mantém a capacidade do organismo de responder a episódios de estresse agudo e prolongado. O cérebro é o principal órgão visado pelos hormônios esteroides produzidos por esse sistema. Em resposta a um estressor, o eixo HPA é ativado, e o hipotálamo e outras regiões do cérebro segregam o hormônio liberador de corticotropina (CRH). 
O CRH produzido na amígdala – uma estrutura que participa na orquestração de respostas emocionais – ativa respostas comportamentais ao estresse, tais como, aumento da vigilância, aprendizagem e memória relacionadas à defesa. O CRH produzido no hipotálamo – uma estrutura que participa da manutenção da homeostase – estimula a produção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela glândula pituitária (hipófise) que, a seguir, envia um sinal ao córtex das glândulas adrenais para que produzam e liberem cortisol. O cortisol facilita a adaptação e restabelece a homeostase por meio de mudanças nas dinâmicas internas. 
O estresse mantém os níveis de adrenalina e de cortisol elevados. Estes acontecimentos bloqueiam a formação de novas conexões no hipocampo, a área cerebral responsável por codificar novas memórias. Quando estas conexões estão bloqueadas, o hipocampo pode mesmo diminuir o seu tamanho o que piora a memória. A amígdala e o córtex pré-frontal, assim como o hipocampo, são submetidos à remodelação estrutural induzida pelo estresse, que altera respostas comportamentais e fisiológicas, entre as quais ansiedade, agressão, flexibilidade mental, a perda de memória e outros processos cognitivos. Glucocorticoides, aminoácidos excitatórios, hormônios metabólicos e outros mediadores intracelulares e extracelulares influenciam essa remodelação. 

3.2 - Modificações cerebrais na meditação e possíveis alcances positivos nos casos de estresse
É cada vez maior a compreensão científica de como a meditação muda o corpo. Diversas pesquisas apontam que a meditação realmente afeta o cérebro para melhor. 
A atenção é uma das funções cognitivas que parece estar particularmente envolvida nas mudanças que a prática meditativa pode gerar. Já na década de 70, foi comprovado, por meio de experimentos neuropsicológicos, que, quanto mais experiencia em práticas de meditativas, maior o poder de concentração, associada à redução da ansiedade (Davidson, Goleman, & Schwartz, 1976). Pesquisas mais recentes têm confirmado essa ideia através de medidas cognitivas e neurais. Por meio do Exame de Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton único (SPECT) (Newberg et al., 2001) e por medição de ondas gama (Lutz et al., 2004), esses dois estudos verificaram que meditadores budistas experientes tinham respostas cerebrais que indicavam um poder significativamente maior de concentração, em comparação com o grupo-controle. 

Diversos estudos apontam resultados bastante significativos, em relação a sintomas de estresse, após o uso da meditação com populações clínicas e não clínicas, como apontam as medidas de sofrimento psicológico e marcadores biológicos (Goleman & Schwartz, 1976; Oman, Hedberg, & Thoresen, 2006; Ostafin et al., 2006). 
Também foi observado um crescente efeito benéfico da meditação sobre algumas situações clínicas, com a melhora das condições de saúde, através da redução do estresse que a meditação proporciona. (Grossman, Niemannb, Schmidtc, & Walachc, 2004). Foi constatado que a adesão à prática de meditação ao longo de quatro meses teve efeito direto na redução do estresse após esse tempo. (Oman etal., 2006) 

Outras pesquisas indicaram que a meditação pode proporcionar uma rápida recuperação a um estímulo
estressante. Assim, foi verificado que o grupo com meditadores experientes se recuperava mais rápido da excitação autonômica, após o término do agente estressor. Tinham a frequência cardíaca e a resposta de condutividade da pele diminuída mais rapidamente, o que indicava uma capacidade de habituação mais rápida ao estresse (Goleman & Schwartz, 1976). Seguindo a mesma linha de pesquisa, um experimento verificou que, praticantes avançados relatavam maior adaptação às condições de estresse, o grupo menos experiente apresentava significativamente menor adequação. (Easterlin & Cardeña, 1998). 
A meditação também é capaz de estimular aspectos saudáveis, estando muito associada à saúde mental (Goleman, 1988; Hankey, 2006). Já foi constatada evidências de que há relação do estresse crônico com uma série de desordens psiquiátricas e somáticas. Portanto, técnicas de redução de estresse começam a receber atenção como prevenção e tratamento complementar. 

A prática meditativa também está associada à diminuição da ansiedade, sendo que os efeitos de uma intervenção de oito semanas de meditação sobre a redução dos sintomas do transtorno de ansiedade generalizada e do transtorno de pânico, com e sem agorafobia, foram mantidos por três anos (Miller et al., 1995). Além disso, pessoas com o transtorno do comer compulsivo que passaram por uma intervenção que utilizava meditação tiveram a frequência e a intensidade de seus episódios diminuídas em função da redução da ansiedade e da depressão (Baer, Fischer & Huss, 2005; Kristeller & Hallett, 1999). Dessa forma, a meditação, enquanto exercício Figura 3: Mudanças no cérebro após meditação podem ser vistas por ressonância magnética, atividade normal (esquerda) e durante a meditação (direita). As cores mais quentes, amarelo, vermelho, representam maior atividade cerebral. https://www.nanocell.org.br/os-efeitos-da-meditacaono-cerebro de atenção plena, de percepção e consciência do momento presente, tem sido associada ao tratamento psicológico. 

Em razão dessa relação entre meditação e aspectos psicológicos positivos, muitos autores a concebem como uma técnica útil para tratamentos psicoterápicos (Hayward & Varela, 2001; Martin, 1997; Naranjo, 2005). A meditação, assim como a psicoterapia, busca a eliminação das barreiras do ego, a fim de que as potencialidades humanas se manifestem (Martin, 1997; Naranjo, 2005). Através da focalização da atenção, a meditação pode ser interpretada como uma tentativa de desfazer os condicionamentos e as programações da mente (Goleman, 2003); além disso, o desenvolvimento de uma atenção livre de elaboração pode possibilitar o surgimento de conteúdos antes inacessíveis à consciência (Bishop et al., 2004); portanto, alguns autores acreditam que a meditação se aproxima dos pressupostos norteadores de diversas linhas teóricas da Psicologia (Naranjo, 2005; Vandenberghe & Sousa, 2006), podendo ser descrita como um estado de liberdade psicológica além dos benefícios de ordem física, mental e emocional (Shapiro & Schwartz, 2005). 

Alguns trabalhos apontam que em meditadores assíduos foram encontradas respostas consideradas melhores ao estresse em relação ao grupo controle quanto às alterações de níveis hormonais de cortisol, TSH (tirotrofina) e GH (somatropina). Assim, de acordo os autores, os níveis basais de cortisol, TSH e GH são reduzidos do pré para algum tempo pós treinamento. Ocorrem também alterações no ciclo diário de ACTH (Hormônio adrenocorticotrófico) e da endorfina. (MacLean et al., 1997). 

A meditação também pode produzir mudanças estruturais, atuando sobre a plasticidade cerebral. Uma pesquisa que comparou a espessura do córtex de meditadores experientes com um grupo controle encontrou uma diferença significativa nas regiões relacionadas à sustentação da atenção, onde a espessura era maior nos praticantes experientes (Lazar et al., 2005). Esse estudo confirma a ideia de que a regularidade e a continuidade da prática influenciam a intensidade das respostas e que, portanto, a meditação pode produzir mudanças duradouras. 

Além das mudanças autonômicas, destaca-se a investigação dos efeitos cerebrais da meditação, sob a premissa de que estados mentais podem alterar as funções fisiológicas (Wallace et al., 1971). Foi verificado, então, que algumas características tradicionalmente associadas à meditação, como baixa ansiedade e afetos positivos, poderiam ser explicadas por mudanças da atividade neuroelétrica. Através do Exame de Eletroencefalograma (EEG), o aumento da produção de ondas alfa nas regiões frontais e, em menor quantidade, de ondas teta, foi observado tanto em iniciantes quanto avançados (Aftanas & Golocheikine, 2001; Hankey, 2006; Takahashi et al., 2005; Wallace & Benson, 1972), sendo a observação de ondas teta mais comum em meditadores com maior experiência (Cahn & Polich, 2006). 

Em outra pesquisa também verificou que a prática meditativa induz à ativação do córtex pré-frontal esquerdo, que está relacionado a afetos positivos e a maior resiliência (Davidson, 2004). Além disso, ondas teta produzidas pela meditação também mostraram correlação positiva com o relato da experiência emocional positiva durante a prática de meditadores experientes, em contraste com iniciantes (Aftanas & Golocheikine, 2001).  
Esses resultados são corroborados por pesquisas que avaliaram a relação entre meditação e cortisol e que constataram uma redução desse hormônio em pacientes HIV (Cruess et al., 2000) com câncer de próstata e mama (Carlson, Speca, Patel, & Goodey, 2004) e praticantes não clínicos ( MacLean et al., 1997) em comparação aos controles. Também observou-se, que essa redução esteve sempre associada à melhora dos sintomas de sofrimento psicológico. Ainda foi constatado que a variância diurna da secreção de adrenocorticotrófico (ACTH) e ß-endorfina foi significativamente menor em meditadores em comparação a um grupo controle, e que, portanto, essa técnica pode ter um efeito neuroendócrino modulador do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (Infante et al., 1998). 

Em geral, a observação dessas reações levou à conclusão de que através da meditação é possível atingir um estado de hipometabolismo basal ao mesmo tempo em que a mente se mantém alerta e que aquele que medita desenvolve, portanto, a capacidade de controlar determinadas funções fisiológicas involuntárias (Wallace et al., 1971). É com base nessa ideia, ou seja, na capacidade de obter algum grau de controle sobre processos psicobiológicos autonômicos, que a meditação pode ser considerada uma técnica eficaz de biofeedback, constituindo uma das técnicas mais antigas de autorregularão (Cahn & Polich, 2006; Davidson & Goleman, 1977). 

Estudos indicam que a meditação pode alterar fisicamente o cérebro e o corpo, reduzir a pressão sanguínea, a insônia e os sintomas de depressão e ansiedade, mas as mudanças induzidas no cérebro talvez sejam as mais impressionantes. Em 2011, cientistas relataram na Psychiatry Research: Neuroimaging que oito semanas de engajamento de, em média, 27 minutos por dia de meditação resultam em diferenças no cérebro. Imagens de ressonância magnética foram tiradas da estrutura cerebral dos 16 participantes duas semanas antes e duas semanas depois da participação no programa, que incluía meditação focada na consciência não julgadora das sensações, sentimentos e estado de suas mentes. Essas varreduras cerebrais revelaram que o grupo que meditou aumentou a densidade de massa cinzenta no hipocampo e diminuiu a densidade de massa cinzenta na amígdala, em comparação com o grupo que não meditou. O hipocampo está envolvido com introspecção, memória e aprendizado, enquanto a amígdala interage com a resposta de “luta ou fuga” do corpo. 

Esses resultados lançam “luz sobre o mecanismo de ação do treinamento baseado na atenção plena”, mostrando não apenas que o estresse pode ser reduzido apenas após oito semanas desse treinamento, como também que o treinamento corresponde a mudanças estruturais no cérebro. (Britta K. Hölze et al.2011). 

Em suma a prática da meditação ativa o Sistema Nervoso Parassimpático (SNP) de diversas formas – tira a atenção de assuntos estressantes, relaxa e traz um estado de consciência ao corpo. Ao estimular o SNP e outras partes do sistema nervoso, a meditação regular:
✓ aumenta a massa cinzenta na ínsula, no hipocampo e no córtex pré-frontal, reduz o desgaste cortical resultante do envelhecimento nas regiões pré frontais fortalecidas pela meditação e melhora as funções psicológicas associadas com essas regiões, incluindo atenção, compaixão e empatia:
✓ reforça a ativação de regiões frontais do lado esquerdo, o que melhora o humor 
✓ aumenta o poder e a amplitude de ondas cerebrais gama em meditadores tibetanos experientes. As ondas cerebrais são as ondas elétricas fracas, mas mensuráveis, produzidas por grandes quantidades de neurônios que disparam ritmicamente em conjunto; 
✓ diminui o cortisol, que está relacionado com o estresse; 
✓ fortalece o sistema imunológico; 
✓ ajuda a melhorar diversos problemas clínicos, como doenças cardiovasculares, asma, diabetes tipo 2, tensão pré-menstrual (TPM) e dores crônicas; 
✓ auxilia em muitos problemas psicológicos, como insônia, ansiedade, fobias e distúrbios alimentares. 

A meditação da consciência plena, conforme indica DAVIDSON, R. J.; BEGLEY, S.  (2013), serve como um retreinamento da mente, de forma que utilizamos a plasticidade cerebral para criar novas conexões, fortalecer algumas antigas e enfraquecer outras. O autor observou com seus estudos que a prática da meditação propicia maior atividade nos circuitos do córtex pré-frontal esquerdo, em comparação com os do direito, o que indica que pessoas que praticam essa forma de treinamento mental aprendem a redirigir os pensamentos e sentimentos – cuja manifestação física não passa de impulsos elétricos que atravessam os neurônios do cérebro –, reduzindo a atividade no córtex pré-frontal direito, ligado às emoções negativas, e aumentando a atividade no lado esquerdo, ligado à resiliência e à sensação de bem estar. Esse novo canal transporta cada vez mais pensamentos e sensações, criando um círculo virtuoso: quanto mais os pensamentos percorrem o caminho da menor ansiedade, mais ajudam a aumentar a resiliência e mais positiva se torna a atitude, o que facilita a passagem de pensamentos  e sensações por essa nova via. 

Por fim, os estudos com praticantes de meditação, conforme DAVIDSON, R. J.; BEGLEY, S. (2013), demonstraram que:
✓ A redução do estresse por meio da meditação da consciência plena aumenta a ativação pré-frontal esquerda. Essa é a marca característica de um estilo de recuperação rápida na dimensão Resiliência,  associada a maior resiliência após uma situação estressante.
✓ Um período mais intenso de meditação da consciência plena melhora a atenção seletiva e reduz a intermitência da atenção, fazendo com que as pessoas se movam em direção ao lado concentrado da dimensão.
Atenção. Em ambos os casos, a meditação da consciência plena fortalece a regulação pré-frontal das redes cerebrais envolvidas na atenção, em parte por fortalecer as conexões entre o córtex pré-frontal e outras regiões cerebrais relacionadas com a atenção. 
✓ A meditação compassiva pode empurrar uma pessoa para o lado positivo da dimensão Atitude, pois fortalece as conexões entre o córtex pré-frontal e outras regiões cerebrais relacionadas com a empatia. 

3.3 - Shamatha e Vipashya – Meditações 
3.3.1- Meditação Shamatha 
Em páli Samatha, em sânscrito: Shamatha. As duas primeiras sílabas (Sha e Ma) de Shamatha (palavra em sânscrito), significam “paz”. 

É um estado mental quieto, permanência calma, onde se foca em um único objeto, externo (comum ou puro) ou interno. 

Objeto externo comum: um relógio, um pedaço de madeira, vela, respiração. 
Objeto Externo Puro: a estátua de um Budha ou um mantra. 
Objeto Interno: a imagem de um Budha ou Deidade Meditacional (Budha da Compaixão)

Existem objetos que nos ajudam a melhorar comportamentos ou atitudes problemáticas. Por exemplo, para superar nosso apego ao corpo, podemos desenvolver Shamatha focando no corpo, considerando corretamente como sendo impuro. 

Shamatha sem objeto interno ou externo é chamada Shamatha de Repouso ou Essência e consiste no repouso da mente em sua natureza essencial (livre das ilusões). 

“Buda Shakyamuni disse, “A Natureza Búdica está presente em todos os seres, porém escondidas por ilusões adventícias; quando purificada, eles realizam verdadeiramente o Buda”. 
A distância entre o estado comum e o estado iluminado é o que separa a ignorância do conhecimento desta natureza pura da mente. No estado comum, é desconhecida. No estado iluminado, é totalmente realizada. A situação na qual a mente é ignorante de seu estado real é o que chamamos de ignorância fundamental. Ao realizar sua profunda natureza, a mente é liberada desta ignorância, das ilusões e condicionamentos que a mente cria, e então entra no incondicionado estado iluminado, chamado liberação.” https://www.budavirtual.com.br/a-mente-natural.

Segundo Thrangu Rinpoche, existem nove (9) estágios, ou níveis, na maneira de se repousar a mente, são eles:
1- Posicionamento da Mente (atenção dirigida).
No primeiro estágio deixamos nossa mente relaxada, todo pensamento que vier, está tudo bem.

2- Posicionamento Contínuo da Mente (atenção contínua) 
Neste estágio, a mente já consegue repousar um pouco mais longamente, livre de pensamentos por mais tempo.

3- Reposicionamento (atenção ressurgente) No terceiro estágio, já conseguimos reconhecer as distrações e voltamos ao estado de repouso. 

4- Posicionamento Ajustado (atenção constante) 
Neste estágio, já conseguimos eliminar os pensamentos e distrações. Atenção plena. 

5- Abrandamento (atenção disciplinada) Neste estágio, já conseguimos praticar por um período maior e a mente está cansada. Este é o momento de trazermos a lembrança dos propósitos da meditação e reforçarmos o nosso compromisso de continuarmos na prática. 

6- Pacificação (atenção pacificada) Neste estágio, já conseguimos perceber os pensamentos que interrompem a prática e passamos a investigar seus propósitos. Já estamos conseguindo enxergar com clareza o que nos atrapalha. 

7- Pacificação Plena (atenção plenamente pacificada)  
É considerada uma extensão ou ampliação do sexto estágio (Pacificação). Continuamos trabalhando os obstáculos de torpor e excitação. 

8- Ajustagem Fina (atenção unifocada) No oitavo estágio, a mente continua ajustada com precisão pacífica unifocada. Precisamos lidar com diferentes obstáculos. O meditador precisa investigar o que está acontecendo “dentro da mente” e praticar a aplicação dos antídotos adequados. 

9- Posicionamento em Equilíbrio (equilíbrio da atenção) 
Nono e último estágio, também é chamado de “Repouso na Equanimidade”, ou ainda “Repouso na Essência”. Neste momento, desistimos de aplicar as técnicas utilizadas até agora e simplesmente deixamos que a mente permaneça em tranquilo permanecer. 
Segundo Mathieu Ricard em seu livro A Arte de Meditar, “Nossa mente é, na maior parte do tempo, instável, caprichosa, desordenada, empatada entre a esperança e o medo, egocêntrica,  hesitante,fragmentada, confusa, por vezes até mesmo ausente... 
Para conhecer a verdadeira natureza da mente, é preciso, por conseguinte, tirar os véus criados pelos automatismos de pensamento. 

A meditação Shamatha, técnica tão difundida atualmente, tem como objetivo trazer a mente, de forma gradual e constante, do estado confuso, desequilibrado, fragmentado para um estado de apaziguamento e de controle, onde os pensamentos se esvaem sem que nos apeguemos a nenhum deles. Podemos ter este benefício mesmo no cotidiano da vida, separando quinze minutos diários todos os dias e ir aumentando o tempo aos poucos. 
Com a prática constante da meditação Shamatha, os pensamentos, distrações, emoções negativas vão diminuindo, dando lugar aos sentimentos de alegria, paz e positividade diante da vida.

3.3.2 – Meditação Vipashya 
Em Pali: Vipassana 
Vipashya significa insight, ou tomar consciência das coisas como elas realmente são, percebê-las com clareza. 
É um método meditativo prático, cujo objetivo é perceber a tendência da mente reativa ao externo e, com a prática, purificá-la, tornando-a tranquila, eliminando as tensões, negatividades, etc. 

A meditação Vipashya foca em qualquer dos objetos que foram utilizados para atingir Shamatha. Podemos entender que Vipashya é a continuação, ou a parte seguinte, da meditação Shamatha, pois, após a mente conseguir permanecer focada em um único objeto, faz-se necessário dissecá-lo para compreendê-lo em seus aspectos, e, assim, eliminar os pensamentos negativos desenvolvendo a sabedoria. 

Para entendermos a importância de serem praticadas ambas as meditações, citamos uma metáfora do lume (claridade) da lamparina de manteiga que era utilizada no Tibete, em tempos passados, para dissipar a escuridão. “A luz da lamparina é muito clara e brilhante, mas para iluminar melhor precisa estar firme, sem tremular, sem ser soprada pelo vento. Necessitamos de ambas as qualidades. Se a chama não brilhar firmemente, não conseguiremos ver as coisas no escuro. Similarmente, para vermos a Verdadeira Natureza dos Fenômenos precisamos ter um claro entendimento e ser capazes de focar a mente em um objeto pelo tempo necessário. Se uma dessas
qualidades estiver faltando, então a Verdadeira Natureza não poderá ser percebida. 

Resumindo, Shamatha prepara a mente para que Vipashya possa libertá-la dos jugos das aflições e da ignorância.
No livro A Ciência da Meditação, de Daniel Goleman e Richard J.Davidson, onde tratam o tema desde os idos da década de 70 até o momento atual, relatando a importância da meditação como forma de transformação e cura, através de experiências vivenciadas por eles em retiros espirituais na Índia; por pesquisas experimentais diversas; fornecendo uma grande contribuição à ciência, à medicina, e, ainda, tão importante mudança de paradigmas na área da psicologia. 

De 1970 até 2016 houve uma curva crescente pelo interesse nos estudos científicos sobre meditação ou 
Mindfulness, num impulso maior de 1990 em diante. 
Em uma das experiências, um grupo de pessoas que nunca havia meditado participou  durante oito semanas de um treinamento de atenção plena, outro grupo participou de uma série de discussões sobre saúde. Todos os participantes foram escaneados antes e depois e quando estavam no aparelho, eram lhes mostradas várias imagens que incluíam cenas perturbadoras. O grupo da Atenção Plena mostrou reduzida atividade amigdalar em reação às imagens perturbadoras. A amígdala desempenha papel privilegiado como radar de ameaças do cérebro. Ela recebe informação imediata de nossos sentidos que promovem uma varredura para segurança ou perigo. 

Se percebe uma ameaça, o circuito dispara um fluxo de hormônios como cortisol e adrenalina que nos impele a agir. A amígdala se conecta fortemente com o circuito cerebral. Conclusão do estudo. A amigdala, um nódulo-chave nos circuitos de estresse do cérebro, revela atividade entorpecida com meras 30 horas de prática de Mindfulness.

Outra observação importante deste livro é a afirmação de que “a meditação retreina a atenção e os diferentes tipos impulsionam aspectos variados da atenção. A MBSR (Mindfulness) fortalece a atenção seletiva, enquanto a prática VIPASSANA a longo prazo acentua isso ainda mais. Mesmo cinco  meses após o retiro SHAMATHA de três meses, os meditadores haviam acentuado sua vigilância, a capacidade de manter a atenção.”

Ainda, segundo os autores do livro, nenhuma das inúmeros formas de meditação estudadas foi projetada para tratar enfermidades. Porém, atualmente, a literatura científica avançou em estudos sobre se as antigas práticas poderiam ser úteis em tratar enfermidades. A Mindfulness e métodos similares podem reduzir o componente emocional do sofrimento com a doença, mas não cura as causas da doença. Foi (35) observado que o treinamento em Mindfulness por apenas três dias produziu um declínio nas citocinas pró-inflamatórias, as moléculas responsáveis pela inflamação. “Os cientistas concordam que muita da doença que assola as pessoas no mundo desenvolvido - condições como doenças cardíacas, câncer, hipertensão, diabetes e muitos distúrbios autoimunes - é exacerbada pelo estresse crônico. Quando percebemos ameaças, o sistema de “lutar ou fugir” do corpo é ativado, liberando rajadas de cortisol e adrenalina que aceleram o coração e a respiração, contraem os vasos sanguíneos e desencadeiam uma cascata de outras reações. Se essa resposta ao estresse ficar presa na posição “ligada”, isso pode levar a um aumento da inflamação e potencialmente danificar os tecidos por todo o corpo. (https://psmag.com/social-justice/just-breathe42763).

Um dos objetivos da integração entre meditação e ciência psicológica e médica, é possibilitar, através do treinamento da mente, o desenvolvimento de um estado de relaxamento, assim como habilidades meta-cognitivas e regulatórias que ajudem nas experiências emocionais positivas e adaptativas. As meditações Shamatha e Vipashya são instrumentos valiosos para o ser humano, visto que o simples foco na respiração, por exemplo, proporciona calma e, com a constância da prática é capaz de trazer novas modulações cerebrais o que consequentemente traz jovialidade e uma renovação positiva ao indivíduo praticante.


Capítulo IV – Conclusão 
Ao fim deste trabalho é possível inferir que as relações entre neurociência e a prática da meditação são extremamente promissoras, indicando grande potencial terapêutico para processos de adoecimento físico e mental. 
Embora a meditação seja oriunda de filosofias orientais, que caracterizam uma forma particular de perceber e de portar-se no mundo, incluindo valores éticos, os resultados aqui apresentados refletem outro aspecto da prática, indicando seu potencial como uma técnica psicossomática com repercussões importantes para o campo da saúde em geral, especialmente, em relação a experiências subjetivas, como a sensação  bem-estar e de crescimento pessoal.

A técnica em si é capaz de gerar uma série de respostas físicas e psicológicas que podem auxiliar na prevenção de inúmeras condições, especialmente aquelas resultantes dos efeitos deletérios do estresse, no manejo de problemas de saúde já estabelecidos, assim como na promoção de saúde mental. Dessa forma, a meditação é uma atividade que pode ser utilizada em um contexto terapêutico. 

Com relação ao tempo necessário para que tais efeitos ocorram, não há uma precisão. Embora pesquisas revelem que com algumas semanas já se pode observar uma diferença significativa em determinados estados, também há estudos indicando que, quanto maior o tempo de prática, maior a intensidade e a permanência das respostas produzidas. Portanto, a regularidade da prática constitui-se em mais uma variável mediadora dos efeitos da meditação e, possivelmente, em um diferencial na medida em que tais reações se transformam em aspectos mais duradouros e estáveis da personalidade. O segredo para colher as recompensas da meditação é desenvolver uma prática diária e regular, mesmo que que seja por um curto período de tempo.

Do ponto de vista do curso que finalizamos, este trabalho nos proporcionou aprofundamentos significativos, indicando o quanto ainda existem pontos a serem estudados e pesquisados, porém, nos permitindo afirmar ser a Yoga e a prática da meditação experiências humanas ricas e potencializadoras de saúde e cuidados físicos, mentais e emocionais. (37)


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