Nos últimos três encontros, estudamos os ensinamentos básicos do Dharma: Preciosa vida humana, impermanência de todos os fenômenos e a consequência das boas e más ações. Não esgotamos esses assuntos e, em breve, voltaremos a estuda-los.
Hoje, estudaremos um modo de purificar nossas ações.
Por um instante, observe suas ações de corpo, fala e mente, nos últimos dias...
Ao refletir sobre a nossa conduta passada e a dificuldade de beneficiar os outros, podemos nos sentir desanimados. Entretanto, podemos lembrar que podemos purificar nossas ações e fazer, a partir deste momento, escolhas diferentes que afetarão o nosso futuro.
Buda Sakyamuni dizia que se você quiser alcançar a iluminação e se libertar de todo o sofrimento, você precisa purificar as suas ações.
Nenhum erro ou ação cujas consequências são condenáveis ou desagradáveis é tão grande que não possa ser purificado.
Diz-se que a única virtude das más ações é que elas podem ser purificadas. Com o método que iremos aprender hoje – Os Quatro Poderes de Purificação -, poderemos purificar a negatividade que criamos nesta vida e em vidas anteriores. Quando a ignorância, o apego e a raiva surgirem, devemos continuar purificando as ações não virtuosas até que não reste nem mesmo a tendência a fazer o mal.
É raro o dia, se é que existe, em que não causamos o mal de alguma forma. Então, antes de deitar, à noite, podemos pensar: “Talvez este seja o último dia da minha vida. Depois de dormir, posso não mais despertar”. Sabemos que há pessoas jovens e fortes que morreram dormindo. Esse também pode ser o nosso último momento de consciência.
Então, toda a noite, ao deitar, devemos nos perguntar: O que fiz com a minha vida, hoje? Ajudei ou prejudiquei os outros com os meus pensamentos, com minhas palavras e com minhas ações? Se eu sobreviver esta noite, estou decidido a mudar o meu comportamento, para ajudar em vez de prejudicar.
Logo em seguida, podemos rever o dia e nos lembramos dos momentos em que falamos sem pensar, momentos em que cedemos à inveja ou a pensamentos maldosos; com arrependimento podemos purificar os nossos erros e a nossa falta de controle.
Em seguida, podemos lembrar as ações virtuosas e oferecemos, sem apego, toda a virtude que acumulamos nesta vida e em vidas passadas. Quanto mais fizermos isso, mais pura ficará a nossa mente. E quanto mais pura a nossa mente, maior a nossa capacidade de beneficiar os outros.
Apesar de desejarmos purificar nossas más ações antes que suas consequências se manifestem, a sua própria manifestação já é, em si, uma purificação deste carma.
Poderíamos pensar que, por sermos praticantes espirituais, deveríamos estar livres de infortúnios. No entanto, doenças, inclusive as crônicas e demoradas, ou uma morte lenta e dolorosa, podem exaurir o carma que, de outra forma, resultaria em mais sofrimento. Quanto mais vivermos, mais oportunidades teremos de purificar nossas ações passadas.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
Apesar de não podermos negar o poder destrutivo das ações que prejudicam aos outros, é possível purifica-las pela prática da compaixão e com técnicas de meditação específicas.
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
A purificação requer paciência, empenho e perseverança. Nesse processo trabalhoso, grandes mudanças não ocorrerão de imediato. Conforme purificarmos os nossos obscurecimentos, passaremos a perceber a natureza da mente como se removêssemos vendas dos nossos olhos.
Nosso sofrimento, nossos erros e emoções negativas contém em si um potencial de transformação. Se escorregarmos e cairmos de um penhasco e quebramos nossos ossos, aprenderemos a nunca mais andar na beira de um precipício.
O caminho da iluminação é repleto de dificuldades e desafios, mas, se pudermos aprender com as nossas experiências, o nosso progresso será bem mais rápido, e alcançaremos a paz que parece fugir a tantas pessoas.
FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO
Há um método que envolve os Quatro Poderes de Purificação, que correspondem aos quatro passos que caracterizam um ato de consequências cármicas completas: o objeto, a intenção, a ação e as consequências.
Primeiro: O Poder do Amparo
Visualize bem à sua frente um Ser que personifique a Sabedoria da sua tradição espiritual: Jesus, Buddha, Krsna, etc... Esse Ser será a testemunha de sua purificação.
Segundo: O Poder de Reconhecer o que fizemos e assumir a responsabilidade, sem desculpas
Na presença desse Ser de Sabedoria, procure expressar profundo arrependimento por todas as ações prejudiciais que você cometeu com corpo, fala e mente, nesta vida ou em incontáveis vidas passadas, intencional ou inconscientemente, quer se lembre delas ou não.
Por termos acumulado uma grande quantidade de negatividade com trágicas consequências cármicas, o nosso arrependimento precisa ser sincero.
Terceiro: O Poder da Resolução de não repetir o que fizemos.
Nesse momento, compreenda que as ações motivadas por raiva, apego, ignorância, orgulho e inveja terão sérias consequências, portanto faça um voto de compromisso de eliminar esses venenos mentais.
Não podemos tentar purificar os nossos atos nocivos de uma maneira superficial, e pensar que se os repetirmos poderemos simplesmente purifica-los uma vez mais. Pelo contrário, precisamos nos afastar, de uma vez por todas, das causas do sofrimento.
Quarto: O Poder da Purificação em si
Visualize o Ser de Sabedoria acolhendo o seu arrependimento... Acolhendo seu voto de compromisso com imenso amor e compaixão. Esse amor e compaixão se irradiam do coração desse Ser como luz ou néctar, que penetra o topo da sua cabeça e alcança sua mente, dentro do seu coração, limpando e purificando completamente suas ações passadas.
Nos próximos instantes, descanse na verdadeira natureza da mente, sentindo-se leve, puro e em paz...
Encerrando sua meditação, lembre-se que é importante purificarmos nossas ações diariamente, até que não reste nem mesmo um pensamento de fazer o mal.
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
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