Sem perguntar, as flores desabrocham na primavera,
Caem e se dispersam,
E viram poeira.
A folha morta e amarela que cai da árvore é o sermão – o sermão sobre toda a vida, sobre a morte. As gotas de orvalho desaparecem na manhã, evaporam no sol – um sermão sobre a vida! É assim que a vida desaparece. Não fique muito apegado a vida, não fique possessivo em relação a ela. Isso também vai acontecer a você – você nada mais é do que gotas de orvalho sobre a grama.
Você já viu uma gota de orvalho deslizando da grama... Se movendo, movendo lentamente e indo embora? A vida é isto: uma gota de orvalho sobre uma grama, escorregando muito lentamente. Num momento ela estava presente; num outro, se foi. Num momento estávamos aqui; num outro, partimos.
E por esse simples momento, quanto estardalhaço fazemos – quanta violência, quanta ganância, luta, conflito, raiva, ódio. Apenas por esse pequeno momento! Apenas aguardando o trem na sala de espera da estação, tentando possuir, mandar, dominar... Então o trem vem e você se vai para sempre. E você jamais será ouvido ou visto de novo. E você nunca mais verá aquelas pessoas com quem estava brigando, ou a mulher que você tentou possuir, ou o homem que você aborreceu até a morte.
Perceba isso... Dharma é simplesmente um esforço para decifrar a vida como ela é. O Dharma nos ensina a abrir o livro da vida – e ele está em todos os lugares!
Buda diz: “Olhe para a vida. Dharma é ensinado a cada momento. Ele está em cada grama e em cada estrela”. Perceba... A vida é tão momentânea, e a morte vem, inevitavelmente. Ao perceber isso, como você pode se tornar possessivo, invejoso, orientado pelo dinheiro, mesquinho ou continuar a matar o outro?
Perceber isso será uma transformação. A vida é tão momentânea... Um silêncio descerá de repente, e não um silêncio praticado. Não há necessidade de praticar. Apenas ao perceber esse ponto, um silêncio descerá sobre você, e uma paz surgirá...
Neste mesmo momento de silêncio e paz, você será capaz de perceber...
Nascemos, morremos.
Tudo é igual,
Shakamuni - Buda, Daruma,
O gato e a concha.
Perceba... Nascemos, morremos. Tudo é igual. A grande democracia da morte; A vida diferencia – a morte, nunca. A vida torna as pessoas diferentes; a morte as torna uma unidade, semelhantes. A vida depende de fronteiras, distinções, definições; a morte vem e apaga tudo.
Nascemos, morremos. Tudo é igual. E não há diferença. Shakamuni - Buda, Daruma, o gato e a concha, tudo similar. Não há diferença. Um cachorro morre, ou Buda, e não há diferença.
Perceba esta penetração da morte. Ela leva tudo embora – então por que se apegar? Qual o sentido em se apegar? Se a morte vai levar tudo embora, por que não se desapegar por conta própria? Neste desapego, você será capaz de perceber algo que é de um valor absoluto. Se você desapegar de tudo – do corpo, da mente, da propriedade, da terra, da companheira, dos filhos, do país, da religião, da igreja -, se você se desapegar de tudo, então o que sobra para a morte tirar? Você próprio os abandonou, por conta própria. Então, o que sobra para a morte? Não sobra nada.
Este morrer, morrer para tudo, este desapego, é o significado de sannyas, de renúncia. Então nada é deixado para a morte – você já abandonou. Nenhum trabalho restou para ela – você a conquistou... Agora a morte não pode tirar nada de você. Tudo que ela poderia tirar já foi renunciado. Agora, o que sobra em você? Somente uma testemunha, uma perceptividade silenciosa - não contaminada pelas posses, pelos desejos, pelos anseios.
Essa perceptividade é o estado búdico, é a experiência suprema.
Isso é despertar!
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
Sem perguntar, as flores desabrocham na primavera,
Caem e se dispersam,
E viram poeira.
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
Este é todo o ensinamento. As flores desabrocham num momento; num outro, elas se vão, se transformam em poeira... Desaparecem. Nós chegamos à terra, a primavera vem e florescemos, e então partimos, e a poeira é deixada para trás. E toda a tagarelice, e toda tristeza, as agonias... Sofremos desnecessariamente. Todos aqueles pesadelos de derrota e vitória, de fracasso e sucesso, todo aquele tumulto... Por absolutamente nenhum propósito.
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Ao compreender (...).
Que a vida é tão momentânea... Um silêncio descerá sobre você, e uma paz surgirá...
Procure trazer a consciência para o momento presente.
Desprenda-se de toda ação externa
E fique alerta.
Nesse estado de alerta, os pensamentos cessam.
Nesse estado, a mente desaparece, mesmo que por um momento.
E quando não há mente, há meditação.
Quando a mente para você experiencia uma profunda quietude, uma profunda bem aventurança... E surge a meditação.
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário