No nosso último encontro, dissemos que todos nós podemos ver o nosso corpo, todos nós podemos ver a nossa aparência com a ajuda de um espelho, mas que além da dimensão corporal, material, temos uma dimensão imaterial ou sutil também. Além de um corpo, você tem uma mente cheia de pensamentos, ideias, emoções e sentimentos. E ainda que não possa ser vista no espelho, é esta mente que anima o seu corpo.
Logo, seria muito importante para você, para o seu corpo, para a sua vida e para este mundo, se houvesse um espelho capaz de mostrar a você, esta outra dimensão, ou seja, a sua mente.
No famoso “O Livro Tibetano dos Mortos”, está escrito que, quando chegar a nossa hora, teremos um encontro com o temido Deus Yama. O Deus tibetano da morte não traz nenhuma foice em suas mãos, mas sim, ora vejam: um espelho. Então, no momento oportuno, o espelho de Yama será colocado bem diante de nós.
Eu penso que esta é uma metáfora muito sábia e significativa. Subentende-se que seja um espelho capaz de refletir nossa própria mente, pois quando estivermos mortos, já não teremos um corpo.
Então, a sabedoria tibetana afirma que tudo o que vai acontecer - o nosso destino -, dependerá exclusivamente do que aparecer ali, naquele espelho, naquele momento. Portanto, será levado em conta o modo como vivemos a nossa vida, o que fizemos ou deixamos de fazer, as nossas verdadeiras intenções e, especialmente, o estado de nossa mente ao morrer, as marcas adquiridas (em vida), e não o estado, geralmente lamentável, do nosso corpo.
Subentende-se, também, que, segundo essa bela metáfora, quem irá revelar todas as nossas ações de corpo, fala e mente, durante a vida, não será o Deus Yama, muito menos alguma outra pessoa indiscreta. Nenhum adversário ou inimigo estará presente para nos caluniar (ou denunciar). Não haverá ninguém para jogarmos a culpa, para responsabilizar por nossas ações, ou para que possamos dizer que as acusações que nos são atribuídas são falsas, ou meras “intrigas da oposição”.
Todos os elementos do nosso julgamento terão como origem a nossa própria mente. Simultaneamente, seremos testemunha, réu, promotoria, defesa, jurados e também juiz! Estaremos diante do tribunal perfeito. Ninguém poderá enganar a ninguém, fazer alegações absurdas, subornar testemunhas, advogados, tentar esconder detalhes ou falsificar provas. Isto será totalmente impossível, pois todos ali conhecem perfeitamente bem toda a verdade que cerca os fatos.
Eu considero essa passagem muito especial, muito inspirada e fascinante. É uma imagem muito poderosa e intrigante. Por exemplo, você teria coragem de olhar, nesse exato momento, no espelho de Yama? E, se você olhasse no espelho de Yama, o que você veria exatamente? Será que poderia responder sincera e honestamente a esta pergunta agora, enquanto ainda tem um corpo? Na verdade, por esta razão, o “livro Tibetano dos Mortos” não é um livro apenas sobre a morte, ou o morrer, mas um belíssimo livro sobre a vida e o viver. Enfim, você é capaz de encarar a sua própria mente, em toda sua nudez e profundidade?
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
Observando atentamente cada pensamento e cada sentimento que flui em nossa mente, começamos a transformar o nosso futuro nesse exato momento.
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
O mestre explica, que precisamos vislumbrar a nossa dimensão sutil, e perceber as impurezas e contaminações da nossa própria mente. O Espelho de Yama não é um espelho para focarmos sobre o corpo; não é um espelho para vermos se estamos mais gordos ou mais magros, mas um espelho capaz de nos mostrar as impurezas e contaminações da nossa mente.
Nos dias de hoje, considero fundamental para a nossa vida e para este mundo que todos possamos nos conhecer melhor, olhar e compreender com maior profundidade a nossa própria mente.
Espero, do fundo do meu coração, que você possa colocar em prática esse ensinamento, observando atentamente cada pensamento, cada sentimento e cada palavra que flui em sua mente – momento a momento – para que você comece a transformar o seu futuro nesse exato momento.
Pois é essa mente que será refletida no espelho de Yama.
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Olhe dentro! Olhe profundamente para o espelho da sua própria mente.
Nesse momento, e por alguns instantes, procure manter uma respiração suave e tranquila – aquietando corpo e mente...
E então, permaneça silenciosamente atento. O que afeta a sua mente? Os ruídos externos? Os ruídos internos? Como sua mente reage a esses estímulos? (...)
Assim que você perceber que foi fisgado, assim que perceber que a mente se moveu para o passado ou para o futuro, volte a observar a respiração com a mente calma, pacífica e serena.
Assim que essa sensação DE CALMA, IMOBILIDADE e PAZ surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
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