Torne-se um ninguém

Nesse momento feche seus olhos e observe quanto peso você está carregando em pensamentos, sentimentos, objetivos, lembranças... Você está tão cheio que nada consegue penetrar o seu ser. As suas portas estão completamente fechadas. (mas) Quando você, enquanto ego, desaparece, quando você simplesmente sai do controle, as portas se abrem. Então você se torna simplesmente como o céu – vasto e infinito. Essa é a sua natureza.

E esse é o perigo...
Você veio até aqui como alguém e, se você me permitir, se me der uma oportunidade, essa condição de ser alguém pode desaparecer e você pode se tornar um ninguém. Todo o esforço é nesse sentido – torna-lo um ninguém. E a menos que você se torne um ninguém, você não poderá ser feliz, não poderá ficar em êxtase – você continuará desperdiçando a sua vida.

Na realidade você simplesmente se arrasta por aí, simplesmente carrega a si mesmo como um fardo. Muita angústia, muita tristeza, e nem um único brilho de genuína felicidade. Quando você é ninguém, você é na verdade um vazio transparente, tudo pode passar através de você. Não existe nenhum impedimento, nenhuma barreira. Você se torna uma passividade, você se torna uma porta.
Mas perceba... A mente em busca de conquistas segue você como uma sombra. Aonde quer que você vá você vai com a ideia de lucro, de realização, de sucesso, de resultado. Se alguém veio aqui com essa ideia, essa pessoa deve sair o mais rápido possível, porque não posso ajudá-la a se tornar alguém.

Aqui, você nunca vai chegar a lugar nenhum, você vai simplesmente se dissolver. Você vai cair, cair e cair e se dissolver, e, no momento em que se dissolve, toda a existência entra em êxtase. Toda a existência celebra esse acontecimento. Buddha alcançou isso; alcançou esse vazio, alcançou esse nada. Ele apenas se sentou em silêncio, sem se mover, sem dizer nada, sem fazer nada.

E Buddha havia dito antes: “A vida é insatisfatória – nascimento, velhice, doença e morte trazem sofrimentos. Mas ele dizia isso porque o ego estava lá – o ego estava presente. O barco ainda não estava vazio. Agora o barco está vazio; agora não há nenhuma tristeza. A existência se tornara uma celebração e permaneceria uma celebração pela eternidade.
Então, todo o nosso esforço é no sentido de destruir você (enquanto ego). Uma vez destruído, o indestrutível virá à tona – ele está escondido. Depois que tudo o que não é essencial for eliminado, o essencial será como uma chama.

Assim, esta parábola é linda. Ela diz que um homem sábio é como um barco vazio.
Assim é o homem perfeito –
Seu barco está vazio.

Tornar-se ninguém é a coisa mais difícil, quase impossível, a coisa mais extraordinária do mundo.
A mente comum sempre anseia por ser extraordinária, deseja ser alguém em particular. Você pode se tornar um Alexandre – O grande, mas continuará sendo comum – então quem é extraordinário?
O extraordinário só começa quando você não anseia pelo extraordinário. Então a viagem começou, então, uma nova semente brotou.
“Um homem perfeito é como um barco vazio”. E muitas coisas estão implícitas nisso. Em primeiro lugar, um barco vazio não vai a lugar nenhum, porque não há ninguém para dirigi-lo, ninguém para manipulá-lo, ninguém para encaminhá-lo a lugar nenhum. Um barco vazio está apenas ali, não está indo a lugar nenhum. Mesmo que esteja se movendo, não estará indo a lugar nenhum.

Então, procure entender: se a mente não está ali, se a mente não estiver presente, a vida continuará a ser um movimento, mas não vai ser dirigida. Você vai se mover, você vai mudar, você será um fluxo como um rio, mas não estará indo a lugar nenhum, não terá nenhum objetivo em vista. Objetivos levam ao sofrimento. Seguindo seus objetivos, tentando satisfazer seus desejos egoístas, você se torna competitivo, se torna agressivo, e gera raiva, impaciência, intolerante, ciumento, invejoso; você passa por cima de tudo e de todos; você não respeita a disciplina moral e acaba realizando ações de corpo, fala e mente que levará muitos seres ao sofrimento.

Perceba... A mente pode viver no futuro, mas não pode viver no presente. No presente, você pode simplesmente ter esperança e desejar. E é assim que você cria o sofrimento. Se você começar a viver neste momento, aqui e agora, o sofrimento desaparece.
Mas como isso está relacionado com o ego? O ego é todo o passado acumulado. Tudo o que você conheceu, vivenciou, leu, tudo o que aconteceu a você no passado. O todo acumulado ali. Todo esse passado é o ego, é você.
O passado pode se projetar no futuro – porque o futuro não é senão o passado estendido. O passado não pode enfrentar o presente – o presente é totalmente diferente, tem a qualidade de ser aqui e agora. O passado está sempre morto, o presente é a vida, a fonte de toda a vivacidade.
O passado não pode enfrentar o presente, por isso se transporta para o futuro – ambos estão mortos, ambos são não existenciais. O presente é a vida. E seu ego, sua condição de ser alguém, é o seu passado. A menos que esteja vazio você não pode estar aqui, e a menos que esteja aqui você não pode estar vivo.
Como você pode conhecer a felicidade da vida? Ela está se derramando sobre você a cada instante e você a está ignorando.

Por isso, Chuang Tzu diz:
Assim é o homem perfeito –
Seu barco está vazio.

Vazio do quê? Vazio do eu, vazio do ego, vazio de alguém lá dentro.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO
Os desejos são muitos, as necessidades são poucas


COMPREENSÃO / REFLEXÃO
As necessidades podem ser satisfeitas... Os desejos nunca.
Assim que você começar a escolher a serenidade, um pequeno quarto será suficiente, uma pequena quantidade de comida será suficiente, poucas roupas serão suficientes, uma pessoa amada será suficiente.

Assim é o homem (Ser Humano) perfeito – seu barco está vazio 


FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Então, nós próximos minutos, olhe dentro, esvazie-se de pensamentos, sonhos e desejos e permaneça absolutamente vazio – um barco vazio.

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.

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