Toda nossa confusão, todo o nosso sofrimento surge de não sabermos que carregamos um tesouro dentro de nós – o ouro está bem aqui -, mas estamos sempre procurando por ele do lado de fora. E esse caos se aprofunda cada vez mais porque estamos sempre insatisfeitos – nunca queremos ser quem somos.
Entretanto, jamais iremos nos conectar com nossa riqueza fundamental – nossa verdadeira natureza compassiva, amorosa e plenamente satisfeita -, enquanto acreditarmos no apelo publicitário que nos diz que devemos ser outra pessoa, que devemos ter outro cheiro ou outra aparência.
Se pudéssemos, de uma vez por todas, perceber o quanto somos ricos, a sensação de carregar um pesado fardo seria menor e nossa curiosidade aumentaria.
Nossas práticas de Yoga ajudam a desenvolver a confiança em nosso coração desperto (Bodhicitta) – o coração suave e gentil -, o coração que está apenas esperando para ser descoberto.
Embora estejamos geralmente muito presos à rigidez e seriedade da vida, podemos parar de dar tanta importância a tudo e passar a nos conectar com os aspectos vastos e prazerosos de nosso ser.
A vida é um sonho e, por sinal, a morte também. Acordar é sonho, dormir é sonho. Em outras palavras, toda situação é uma lembrança fugaz.
Saímos para uma caminhada pela manhã, mas isso agora é apenas uma lembrança. Toda situação é uma lembrança passageira. À medida que a vida passa, as repetições se sucedem – tantas manhãs já foram saudadas, tantas refeições já foram feitas, tantos percursos para o trabalho e de volta para casa, tanto tempo passado com a família e os amigos, e assim por diante. Todas essas situações despertam em nós ora irritação, ora desejo, algumas vezes raiva, tristeza... E temos todo tipo de sentimento pelas pessoas com quem trabalhamos ou vivemos, sentimentos por aqueles que, como nós, estão em uma fila ou enfrentam o engarrafamento.
E muito ainda vai acontecer dessa forma, repetidamente. Tudo é uma excelente oportunidade para assimilar essa noção de que cada situação é como uma lembrança.
Há apenas alguns momentos vocês estavam em casa ou no trabalho, mas esse fato, agora, é somente uma lembrança. Naquele momento era muito real, mas agora não passa de lembrança (entendem isso?). Os sonhos são tão convincentes quanto a realidade. Comece a pensar que talvez as coisas não sejam tão rígidas (tão sólidas) ou confiáveis quanto parecem.
A chave é: não é nada demais. Todos nós podemos ser mais leves. Com a nossa mente, fazemos toda uma grande história de nós mesmos, de nossas dores e problemas.
Com nossa contínua corrente mental, conversamos internamente, criando toda uma identidade, um mundo, uma sensação de ter problemas, um sentimento de bem estar. Mas, se tentarmos realmente encontrar os pensamentos, veremos que eles estão sempre mudando. Cada situação, cada palavra, cada pensamento e emoção é uma lembrança passageira.
Todos nós conhecemos essa sensação: criamos uma grande história e depois percebemos que não havia nada.
A suavidade, na prática e na vida, nos ajuda a despertar o nosso autêntico coração compassivo. E essa compaixão, esta clareza e abertura são como algo que havíamos esquecido. Bem aqui, nesse momento, sendo gentis em relação a nós mesmos, estamos nos reencontrando...
Para reencontrar nosso coração autêntico e compassivo precisamos nos tornar cada vez mais leves, tanto na prática como em toda a vida.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
Considere todos os pensamentos como sonhos
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
O mestre vai dizer:
Toque-os simplesmente e deixe-os ir.
Quando você perceber que está dando muita importância ao processo, apenas olhe para isso com muita gentileza, com todo coração. Não é nada demais. Se os pensamentos se dissolvem e você ainda sente ansiedade e tensão, permita que essas sensações estejam ali, com muito espaço em torno delas.
Apenas deixe acontecer. E quando os pensamentos voltarem, apenas considere-os como são. Não são nada demais.
Você sempre pode se soltar e se tornar mais leve.
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
A meditação é uma maneira pela qual você se acostuma a ser mais leve.
Nos próximos minutos seja gentil com essa técnica.
Deixe que tudo seja suave
Ao expirar, devemos tocar a respiração à medida que ela sai, devemos estar com ela.
Deixe que isso seja como relaxar. Sinta que ela sai para o grande espaço e se dissolve.
Não se trata de tentar segurar, franzir a testa e prender a respiração.
Simplesmente relaxe, seguindo a expiração.
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
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