Puxando o tapete

Nos últimos encontros, a principal instrução foi a de simplesmente ser mais leve.
A sensação de peso que todos nós carregamos começa a diminuir quando assumimos essa leveza diante da prática e da própria vida; essa sensação de peso que carregamos, começa a diminuir quando temos uma atitude mais gentil e compreensiva em relação a nós mesmos e aos demais.

A armadura que construímos em torno de nosso coração causa muita infelicidade. Mas não se deixe enganar, ela é bem transparente. Quanto mais brilhante e mais claramente a vemos, melhor percebemos que nossa armadura – nosso casulo – é formada por pensamentos que produzimos sem cessar – pensamentos que consideramos sólidos. Mas essa armadura que construímos ao redor de nosso coração não é feita de ferro ou aço; ela é feita de lembranças fugazes (passageiras).

Passamos muito tempo tentando agarrar e tornar concreto tudo o que nos acontece – um desentendimento, uma crítica ou elogio – desejando que as coisas sejam sólidas e seguras.
Quando despertamos o nosso coração, estamos mudando todo o padrão – mas não através da criação de um novo padrão. Na verdade, vamos nos distanciando de querer tornar as coisas concretas e pisar em terra firme.

Buscamos conforto e segurança o tempo todo, mas quando nos afastamos da ideia de buscar o tempo todo conforto e segurança e entramos no desconhecido inexplorado e instável, alcançamos a iluminação.
Geralmente tentamos manter as coisas sobre controle, queremos pisar em terra firme – enfrentar situações bem conhecidas, caminhos já trilhados por outras pessoas.

Quando percebemos que as coisas são mais vastas do que a nossa mente possa conceber, passamos a pensar no que vamos almoçar – fazemos isso o tempo todo -; reduzimos tudo a um mundinho em que nossa única preocupação é o que vamos almoçar: hamburguer ou cachorro quente?

Tudo está mudando o tempo todo, e nós continuamos querendo imobilizar e fixar as coisas. Portanto, sempre que você chegar a uma conclusão sólida, permita que seu tapete seja puxado.

Quando contemplamos todos os fenômenos (dharmas) como sonhos e vemos todos os nossos pensamentos como lembranças passageiras – rotulando-os “pensando” e tocando-os muito levemente – as coisas já não são tão sólidas.

Sempre que a corrente de pensamentos se solidificar em uma longa e pesada história que parece nos transportar para outro lugar, devemos (imediatamente) rotular esse processo como “pensando”. Com isso, seremos capazes de perceber que toda a nossa agressividade, paixão e sofrimento - ligados a esses pensamentos - são apenas fugazes (passageiros).

Temos que puxar o tapete de todas as crenças. Por isso, abrimos mão de nossas certezas, bem como da noção de certo e errado, voltando à simplicidade e à qualidade imediata de nossa experiência atual e repousando na mente original.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO
Repouse na natureza da essência

COMPREENSÃO / REFLEXÃO
O mestre vai dizer que:
Podemos permitir que os pensamentos se diluam e simplesmente repousamos nossa mente em seu estado natural – a base aberta e primordial de todos os fenômenos.
É possível descansar na abertura fundamental e desfrutar o desfile de tudo o que surge, sem fazer disso um grande acontecimento.
É assim que começamos a despertar a nossa habilidade inata de abrir mão do controle e de nos reconectarmos com nosso autêntico coração compassivo.

Essa técnica fornece uma abordagem suave que quebra a solidez dos pensamentos e lembranças.
Os pensamentos que surgem não são maus. Aliás, a meditação não tem nada a ver com livrar-se dos pensamentos – nós pensaremos para sempre!
Entretanto, ao acompanhar a respiração e rotular os pensamentos, aprendemos a abrir mão. Sensações agradáveis e desagradáveis, deixamos que tudo isso se vá.
Quando aprendemos a soltar, os pensamentos deixam de ser um obstáculo.
Entretanto, para a maioria de nós, eles ainda estão muito ligados à nossa identidade, estão muito ligados à sensação de que há um problema; os pensamentos estão muito ligados às aparências que surgem em nossa mente - à forma como vemos as coisas.

FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Nos próximos minutos, simplesmente toque com suavidade e largue tudo que aparecer em sua mente.
Apenas solte... largue...
Quer pareça que você tenha acabado de descobrir a causa de toda uma vida infeliz, quer esteja pensando em tomar um sorvete, não importa – largue.
Quando surgir um pensamento agradável, em vez de sair girando pela sala como um pião, apenas faça uma pausa, perceba o que acontece e deixe ir...
Quando isso acontecer, você estará chegando mais perto do seu autêntico coração compassivo.

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.

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