A humanidade sempre buscou transcender. Ir além – superar. A pintura das cavernas de nossos antepassados, a invenção da roda, a linguagem, a fala. Todas eram tentativas de inventar, criar e ser algo mais...
Dois movimentos nos chamam: um é conquistar a vida mundana, ter comida, roupas, abrigo da chuva, a cura para as doenças, proteção. O outro movimento é transcender a si mesmo, alimentar a alma, criar o sorriso, ter uma saúde que vem de dentro, amar e ser amado.
Toda a humanidade, em toda sua história, viveu o conflito entre esses dois movimentos. Mas, será que podemos harmoniza-los?
Há milhares de anos, antes das religiões existirem, existiu o primeiro monge. Não sabemos se era homem ou mulher; era gente. Talvez tenha sido um artista que foi tocar sua flauta embaixo de uma árvore acolhedora e, depois da música, amou o silêncio. Talvez tenha sido alguém que cansou de receber ordens de forma grosseira e fechou os olhos para encontrar a gentileza em si.
Essa pessoa pode não ter sido monge a vida inteira, mas, naquele momento, ela foi monge, sim.
Porque monge é um estado de consciência, não um voto ou uma promessa. É uma palavra que significa um, ou seja, a única pessoa que pode trilhar o seu caminho: você! Monge fala da presença de si mesmo, do recolhimento, do encontro consigo.
Certamente você já sentiu isto algumas vezes: um momento de profundo significado. Todo o resto some, a mente silencia, e sobra apenas a sensação de algo muito maior. Um pôr do sol inesquecível, o sorriso de seu filho recém-nascido, abraçar uma árvore. Naquele momento você era monge – estava unido a tudo, unido a algo muito maior.
Mas como fazer essa sensação voltar? Onde estará o manual de instruções do ser humano?
Importante perceber que pessoas inquietas e descontentes foram exatamente as que buscaram respostas. Nenhum monge começa pleno, sereno e em paz; ele é quem mais precisa de soluções.
As diversas religiões criaram métodos, listaram regras, ordenaram monges e monjas. Nada contra: tudo isso ajuda muita gente. Mas a humanidade sempre confundiu método e meta, e acaba achando que monge é quem usa aquelas roupas, ou quem vive os votos de silêncio, ou o celibato, ou a meditação longa e profunda.
Monges fazem isso sim. Mas não somos isso.
Ser monge é olhar para dentro. Entender a consciência, entender a mente e seus mecanismos. É buscar amar mais, encontrar a compaixão e marcar cada passo na vida com a certeza do significado.
Ser monge é encontrar o que há de mais elevado em você, e estruturar a sua vida a partir dessa luz.
É por isso que todos podemos ser monges, um pouco, um tanto, minutos por dia, horas por semana... O empresário, a avó, o filho, a mãe. Toda gente pode.
As antigas fontes de autoridade – família, religião, as vozes da ciência, as notícias inquestionáveis da mídia – não conseguiram acompanhar a velocidade da mudança. O poder não está mais com elas (gente), está com cada um de nós. Mas o que faremos com ele?
Imagine um mundo de mais monges. Gente que saiba ouvir, conversar, ponderar. Que ame o silêncio e respeite quem é diferente. Que não se leve pelas emoções, mas pela generosidade. Um mundo onde o abstrato seja entendido como tão real como o concreto. Um mundo em que cada pessoa busque vencer não o outro, mas as tendências negativas dentro de si mesmo.
Você é o motivo dessa aula – não quem você é, mas quem você poderá ser. Em nossas aulas trazemos as técnicas antigas, adaptadas para nossa vida de hoje. A meditação, a paz, o silêncio na mente; a busca da verdade, amar mais e melhor – até amar a si mesma.
Por um instante, imagine você mais monge.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
A jornada é sua e de mais ninguém
Você é o único responsável
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
Contemplando esse ponto
Acho que precisamos de mais monges. Você, muitos, todos. Não é necessário ser monge o tempo todo – eu não sou e, de verdade, ninguém é. Mas a luz de todos, de cada um, pode brilhar mais e mais.
Para que exista mais coerência, mais compaixão, maior verdade. Para que a paz seja encontrada, óbvia e irresistível, quando as mentiras que contamos a nós mesmos cessarem. Para que a clareza silencie a mente.
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Nos próximos minutos
Volte sua atenção para a respiração.
Sinta o agora
E quando surgir um pensamento, quantas vezes for necessário, abandone-o e volte a sentir o agora.
Só isso existe: você na sua meditação.
Aproveite a sua companhia.
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
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