Nosso convite é raro, pois não te leva a lugar nenhum deste mundo. Nosso convite é para que você, amorosamente, vá de encontro ao que há dentro de si mesmo.
Não há certo ou errado aqui. Apenas deixe que o silêncio toque o seu coração... e levado pela vontade de trilhar esse caminho de silêncio e paz... e pelo amor mais leve, descubra a si mesmo.
Hoje começaremos contando uma história que fala em algum nível sobre você, fala de nós, fala do ser humano e da nossa maravilhosa máquina de pensar – a mente.
Havia muitos anos, um viajante caminhava por um deserto no sul dos Himalaias. O dia estava quente e o suor escorria pela sua face. O sol que o havia castigado estava quase se pondo. Ele estava cansado e a noite chegava; o alívio também.
Caminhando em direção ao ponto de repouso ele sequer mais pensava. Naquele momento, ele abria mão do entendimento. Ele só queria sentar, acalmar a respiração, aquietar os pensamentos e beber um pouco da água barrenta que levava. Cambaleante, atirou-se sob a árvore seca onde iria descansar...
Nesse momento, ele sentiu o seu peito abrir: o coração batia acelerado. Havia sentado em uma cobra naja e sentido a mordida.
Ela era escura, grande, assustadora. Naqueles tempos de medicina arcaica, aquilo era morte certa: uma naja! Ele, então, sentiu a vida se esvaindo... memórias passando pela mente, sentiu o amor por aqueles que perderia - emoções sem fim... sentimentos belos e ódio sem fim, medos inúteis e oportunidades perdidas. Ali ele morreria, não havia dúvida em sua mente.
Alguns momentos se passaram. Nada. Na noite escura ele aguardava...
E, então, deu uma risada. Achava-se tolo, feliz, ria de si mesmo. Sua sonora gargalhada se espalhava, mas não havia ninguém para ouvir. Ele estava diante do milagre da vida que ainda tinha.
Ele percebeu que a cobra assustadora não passava de uma corda – grossa, esquecida ali por outro viajante. Com sua ponta desfiada, a corda havia se tornado uma perigosíssima naja; na mente, mas não na realidade.
O viajante parou de rir, devagar. E adormeceu.
O mestre diz:
Aquele viajante descobriu um segredo profundo, essencial para os meditadores: o que acontece importa apenas na medida em que afeta a sua consciência.
A verdade é que aquele exausto viajante era um sábio. Ele estudava o que tinha acontecido. A corda, tão banal, havia feito o seu coração disparar – na realidade! (o coração bateu mais forte mesmo!) O suor frio havia escorrido pela sua cabeça e pescoço – de verdade! (o suor escorreu pelo seu rosto) Assim, ele descobriu que aquilo que acontece na nossa mente tem efeitos reais na vida e no mundo.
Para finalizar o mestre diz:
Ao alterar aquilo que acontece apenas na minha mente, eu também altero os efeitos que as coisas têm sobre mim.
Ao alterar a nossa reação aos fenômenos que surgem bem a nossa frente (os desafios do dia a dia) - pessoas que nos criticam, que nos atravessam, que nos provocam -, nós podemos alterar a nossa experiência. E com essa força, aceitar o presente e modificar o nosso futuro aqui e agora.
Nesse momento, volte a observar a sua respiração...
Será, talvez, que haja outras serpentes na sua mente? Cobras imaginárias, perigos irreais, que te assustam e te atormentam?
A cobra da corda era óbvia em sua clareza de engano. E outras serpentes da sua mente, menos óbvias? E seus medos imaginários que fazem você suar à noite, que tremem as suas mãos e secam a sua boca?
Por que não olhar tudo que surge bem à sua frente a partir de um espaço de mente livre – olhar para todos os fenômenos sem apego ou aversão? Sem gerar raiva...
Alterando a sua reação a todos esses fenômenos que surgem bem à sua frente (pessoas, objetos, situações), você se transformará em uma pessoa mais amável, menos egoísta, mais compassiva – mais feliz e em paz.
A mente é uma máquina extraordinária e intrigante, para ser manejada e aperfeiçoada. Há uma diferença fundamental entre como a mente é vista na cultura ocidental e a abordagem oriental.
Para nós, ocidentais, nossas memórias, nossas preferências e afetos, nossos medos e decisões – aquilo que chamamos mente – é a nossa verdadeira identidade: achamos que tudo isso nos define.
Mas na visão oriental, as músicas que gostamos, a história de nossas vidas, as cicatrizes que temos, nossas habilidades e afetos, tudo isso é apenas uma expressão da sua identidade – mas você não é isso! Tudo isso está dentro da nossa consciência.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
A mente define a sua realidade
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
A mente é uma estrutura que se forma sobre o vasto campo da consciência: memórias, pensamentos, referências e significados. A partir disso, nasce a definição de quem você é, e como você entende o mundo.
Mudar a mente é mudar a vida. O que uma pessoa acredita que seja, para ela é. A mente define a realidade que cada um vive, justamente a partir das memórias, dos pensamentos, das referências que tem.
Quem acredita ver a cobra sofrerá como se ela existisse.
Isso permanece até que novas informações sejam experienciadas por você, refazendo lentamente as referências da mente estruturada. Ou até que a consciência se expanda, leve, ampla, criando espaço para o novo entrar.
Enquanto isso, você continuará vendo uma simples corda e sofrerá pensando que se trata de uma cobra.
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Nos próximos minutos
Com os olhos entreabertos, perceba a sua existência. Além das opiniões e dos pensamentos.
Perceba o seu corpo, cada parte dele.
Então, de baixo para cima, vá observando os músculos e ordenando que se soltem e relaxem.
Os dedos dos pés, os pés, as pernas, os joelhos, as coxas; o quadril; as costas, a barriga, os braços, as mãos, os dedos das mãos; os ombros e a nuca – que guardam tanta tensão; solte e relaxe a expressão facial.
E, então, sinta o agora.
A respiração é profunda, sem nenhuma técnica específica.
E lembre-se: pra cada pensamento que vier, em três segundos o abandone e volte a sentir o agora – o momento presente.
Só isso existe em seu momento mais particular; você, na sua meditação...
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário