Carma

Muitas pessoas falam “carma”, “meu carma”, “fulano é o meu carma”! Mas será que elas sabem o que estão falando?
Então, primeiro, precisamos definir Carma: Carma é uma palavra de origem sânscrita que significa simplesmente ação, e como que nossas ações e suas consequências se desdobram ao longo do tempo.

Na perspectiva budista, todas as nossas ações de corpo, fala e mente tem um efeito e esses efeitos são muito profundos, porque não afetam apenas a vida presente, mas toda a continuidade da consciência que se estende por muitas vidas. Sabemos que o corpo é impermanente, mas... será que alguma coisa segue para a próxima vida ou para a continuidade dessa vida? A partir do silêncio, Buddha gerou lucidez e percebeu que, embora o corpo físico seja impermanente, a consciência segue como um continuum, vida após vida.

O pilar fundamental da existência de um ser que tem mente e sente é buscar felicidade e evitar o sofrimento. Buddha diz que atingir a iluminação é o objetivo final para nos libertarmos do sofrimento, mas, enquanto isso não acontece, qualquer pessoa prefere estar bem do que estar doente, ter alimento suficiente em vez de morrer de fome, ter relacionamentos harmoniosos em vez de dolorosos – ter uma vida afortunada e não miserável. Todos desejamos isso!

Buddha ensinou que certos tipos de ações dão origem a certos tipos de consequências. A questão, então, passa a ser: quais tipos de ações dão origem àquilo que desejamos e quais tipos de ações dão origem àquilo que procuramos evitar?

O pensamento budista é o de que todas as ações, incluindo ações mentais, deixam sementes ou impressões nesse continuum mental que não é apenas uma continuidade de experiências, mas também uma espécie de depósito.
Realizar uma ação virtuosa ou não virtuosa planta uma semente que, potencialmente, pode produzir um impacto negativo à medida que amadurece no fluxo mental, nesta vida ou nas outras que se seguirão.

Para o Buddha, o tipo de sorte que encontramos, felicidade ou tristeza, não se deve ao fato de alguém ter feito algo conosco. Nenhum Deus e nenhum Buddha é responsável pelo que acontece conosco. Em vez disso, as circunstâncias são criadas fundamentalmente por ações anteriores.

Com esse ensinamento de hoje, acabamos de explorar o Primeiro Ponto do Treinamento da Mente em Sete Pontos, que são as preliminares - as quatro meditações discursivas sobre a preciosidade da vida humana, impermanência, sofrimento e carma.

E qual a importância desse estudo? A importância é que se você aprender desde o início o que não funciona, você avançará mais rapidamente em sua jornada espiritual, rumo a felicidade verdadeira e duradoura – a paz mental!

Volte sua atenção para a respiração...
Após o estudo desse tema entendemos que o termo “fulano é meu carma” está correto, mas o entendimento está equivocado. O “fulano” que te critica, que te ofende e que te perturba não é um peso que surgiu do nada em sua vida, mas um agente das suas ações não virtuosas do passado.
Ele surge em sua vida como um mestre para que você tenha a chance de purificar ações não virtuosas do passado – nesta vida ou em vidas passadas.

Se isso faz algum sentido pra você, observe com atenção as suas ações de corpo, fala e mente no momento presente; observe as sementes que você está imprimindo (está gravando) no solo fértil da sua mente ao gerar sofrimento ao demais seres no momento presente.

Ações de CORPO que infligem dano e sofrimento ao demais seres, como matar intencionalmente, roubar e ter má conduta sexual, acumulam carma negativo;
Ações de FALA como falar com agressividade, mentir, causar discórdia entre as pessoas e a fala inútil que é motivada por aflições mentais como o apego, a raiva e o ciúme reforçam as aflições mentais e acumulam carma negativo;
(e) Ações da MENTE como maldade, avareza e sustentar visões falsas, como a crença de que as ações não têm consequências morais, acabam acumulando carma negativo também.

Sentar e contemplar inúmeras vezes esses pontos, é muito importante, pois nos dá a oportunidade de mudar o nosso futuro no exato momento da ação, desde que estejamos plenamente atentos às nossas ações de corpo, fala e mente.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO
Todas as nossas ações – virtuosas ou não virtuosas – criam marcas e ficam gravadas no fluxo mental


COMPREENSÃO / REFLEXÃO
Não importa se boas ou más, com cada ação de corpo, fala e mente que realizamos, plantamos sementes no vasto solo fértil de nossa mente. Quando as condições se reunirem, essas sementes irão germinar e experienciaremos sensações agradáveis ou desagradáveis.

Uma vez que todas as nossas ações de corpo, fala e mente são gravadas no fluxo da consciência, essas sementes são carregadas de uma vida para outra até que sejam estimuladas.

Da mesma forma que a semente de uma planta do deserto, pode permanecer dormente durante décadas e germinar quando entrar em contato com a água, uma semente cármica pode permanecer dormente por muito tempo, vida após vida, até que um estímulo desencadeie o seu amadurecimento.


FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Nos próximos minutos
Tendo contemplado esse ensinamento, deslize sua atenção para dentro do seu coração, e cultive a bondade, a sabedoria e o equilíbrio – qualidades que, se plantadas no solo fértil da mente irão, no seu tempo amadurecer e germinar em uma poderosa paz mental.
Absorva-se na paz dentro do seu coração.

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.

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