A bondade dos outros

O mestre (Gyatso) diz:
Precisamos contemplar a grande bondade de todos os seres vivos.

Podemos começar relembrando a bondade de nossa mãe desta vida. Se não conseguirmos apreciar a bondade de nossa mãe atual, como seremos capazes de apreciar a bondade de todas as nossas mães anteriores?
É muito fácil esquecer a bondade de nossa mãe ou tomar essa bondade como garantida e relembrar apenas os momentos que acreditamos que ela nos prejudicou, mas precisamos relembrar em detalhes quão bondosa nossa mãe tem sido conosco, desde o primeiro instante de nossa vida.
No início, nossa mãe foi bondosa ao nos oferecer um lugar para renascer. No momento do nosso nascimento, nossa mãe experienciou grande dor e sofrimento. Ela nos vestiu, nos alimentou, removeu a sujeira de nosso corpo. No inverno, ela se assegurava de que estávamos aquecidos e bem agasalhados.
Perceba... Nossa mãe naturalmente se comportava conosco como alguém que tivesse obtido a realização de trocar eu por outros; ela foi capaz de colocar nosso bem estar à frente do seu próprio bem estar.
Mesmo quando nos tornamos adultos e constituímos nossa própria família, nossa mãe não interrompe o cuidado que tem por nós. Ela pode estar idosa, fraca e debilitada para ficar de pé, mas, mesmo assim, ela nunca se esquece de seus filhos.
Quando, do fundo do nosso coração, tivermos esse sentimento de apreço por nossa mãe, devemos estendê-lo para todos os demais seres vivos, relembrando que cada um deles tem demonstrado a mesma bondade conosco.
Todos os seres vivos têm nos demonstrado a mesma preocupação altruísta e generosa. Nosso corpo, por exemplo, é o resultado da bondade, não apenas de nossos pais, mas de incontáveis seres que o têm provido com alimentos, abrigo, e assim por diante. Nossos talentos e habilidades, tudo provém da bondade dos outros; tivemos que ser ensinados a comer, andar, falar, ler e escrever. Mesmo a língua que falamos não foi inventada por nós mesmos, mas é o produto de muitas gerações. Todos os recursos e instalações que damos como certos, garantidos – como casas, carros, estradas, lojas, escolas, hospitais e cinemas – são produzidos somente pela bondade dos outros. Quando viajamos de ônibus o carro, tomamos as estradas como se já estivessem ali, prontas, desde sempre, mas muitas pessoas trabalharam arduamente para construí-las e torna-las seguras para o nosso uso.
O fato de que algumas pessoas que nos ajudam talvez não tenham a intenção de fazê-lo é irrelevante. Recebemos benefício de suas ações. Do nosso ponto de vista isso é bondade. Todos os que contribuem de algum modo para nossa felicidade e bem estar são merecedores da nossa gratidão e respeito.
Podemos argumentar que não recebemos coisas gratuitamente – compramos alimentos, carros, casas, etc... É verdade que geralmente temos de trabalhar para ganhar nosso dinheiro, mas são outras pessoas que nos empregam ou compram nossas mercadorias; portanto, indiretamente, são eles que nos proveem com dinheiro.
Para onde quer que olhemos, encontramos somente a bondade dos outros. Estamos interconectados numa rede de bondade da qual é impossível nos separar.

O mestre (Gyatso) finaliza dizendo:
Precisamos dos outros para o nosso bem estar físico, emocional e espiritual. Sem os outros não somos nada. Nossa impressão de que somos uma ilha, um indivíduo autossuficiente e independente, não possui relação alguma com a realidade.
Não podemos existir sem os outros, e eles, por sua vez, são afetados por tudo o que fazemos. A ideia de que é possível garantir nosso próprio bem estar enquanto negligenciamos o bem estar dos outros, nasce da nossa completa ignorância.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
Tudo que temos e tudo de que desfrutamos, inclusive nossa própria vida deve-se à bondade dos outros.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
De fato, toda a felicidade que existe nesse mundo surge como resultado da bondade dos outros.
Nosso desenvolvimento espiritual e a plena felicidade da iluminação também dependem da bondade dos seres vivos. Nossa oportunidade de ler, contemplar e meditar ensinamentos espirituais depende inteiramente da bondade dos outros.
Além disso, sem seres vivos com os quais possamos praticar generosidade, testar nossa paciência ou pelos quais possamos desenvolver compaixão, nunca conseguiremos desenvolver as qualidades necessárias a conquista da iluminação.


FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO (3)
Contemplando as inúmeras maneiras pelas quais os outros nos ajudam, devemos tomar uma firme decisão: “Preciso apreciar todos os seres vivos, pois eles são muito bondosos comigo”.

Assim que surgir a sensação de que todos os seres vivos são importantes e que a felicidade deles nos diz respeito, conserve essa mente de amor, sem se distrair, dentro do seu coração, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.


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