A Verdade sobre o Caminho de libertação do sofrimento

Então... É sempre bom a gente recapitular... porque esse ensinamento específico - as Quatro Nobres Verdades -, são a base de todo o ensinamento de Buddha.

Com a primeira Nobre Verdade, Buddha esclarece que o sofrimento surge porque tomamos coisas impermanentes como causa de felicidade. Um exemplo? Tomamos nossos pais, nossos filhos, nossos maridos e esposas como permanentes, mas se uma dessas pessoas morre, sofremos. Vamos refletir... Será que sofremos por causa da morte? Não! Porque a morte está em todo o lugar. Pessoas morrem o tempo todo... Animais são mortos, e de forma muito violenta, para satisfazer o paladar da maioria dos seres humanos. E essas mortes não nos sensibilizam... e nem sofremos por isso – seja a morte de pessoas que não conhecemos ou dos animais que comemos. Isso mostra que não é a morte em si que causa o sofrimento, mas o apego por aqueles que nos proporcionam sensações agradáveis – E todos os fenômenos são impermanentes! Em algum momento teremos que deixar tudo pra trás... Por isso o sofrimento existe.

Com a segunda Nobre Verdade, Buddha afirma que o sofrimento existe, justamente porque desejamos conquistar, sustentar e equilibrar o que gostamos e evitamos o que não gostamos. Buscamos, a todo custo, satisfazer nossos desejos, mas como a impermanência de todos os fenômenos é inevitável, em algum momento, tudo se dissolve... E sofremos!

Com a terceira Nobre Verdade, Buddha afirma que tudo que é construído, como sofrimento, pode ser desfeito.

Então, com a Quarta Nobre Verdade Buddha diz:
“Deves praticar o Caminho” – para se libertar do sofrimento.

Neste contexto, Caminho não se refere a um caminho exterior, que nos leva de um lugar para outro, mas ao caminho interior, um caminho espiritual, que nos conduz à felicidade pura da libertação do sofrimento e da Iluminação.
A prática das etapas do caminho à libertação pode ser resumida nos três treinos superiores: disciplina moral, concentração e sabedoria.

A natureza da disciplina moral faz parte da primeira etapa da nossa aula, onde realizamos meditação respiratória, preces e dedicação, para que possamos desenvolver continuamente conduta pura, abandonando ações inadequadas e executando ações com uma motivação virtuosa.
A disciplina moral é muito importante para cada um de nós, pois, com disciplina moral, nós evitamos problemas futuros. Ela nos torna puros, uma vez que purifica nossas ações. Precisamos ser limpos e puros – não só de corpo, mas de fala e mente.
Disciplina moral é como um grande solo que sustenta e nutre a plantação de realizações espirituais. Sem praticar disciplina moral, é muito difícil progredir nos treinos da mente.

Com o treino de concentração, desenvolvemos a escuta, a compreensão e a familiaridade, interrompendo distrações e concentrando em objetos virtuosos. É muito importante treinar em concentração, pois com distrações não conseguimos realizar nada.
Se nossa concentração for clara e intensa, progrediremos facilmente em qualquer prática de Dharma. Normalmente, as distrações são o nosso maior problema.

Treinando em sabedoria – a última etapa da nossa prática -, geramos uma mente virtuosa e inteligente, cujas funções são eliminar a confusão e compreender plenamente objetos profundos. A inteligência mundana é muito enganosa, ao passo que a sabedoria é nosso Guia espiritual, aquele que nos conduz a caminhos corretos. O treino em sabedoria, consiste em realizar a verdadeira natureza de todos os fenômenos motivados por renúncia à todo sofrimento – nosso e dos outros.

Se utilizarmos os três treinos juntos (disciplina moral, concentração e sabedoria), cortaremos a árvore venenosa da nossa ignorância do auto apreço e, automaticamente, todas as demais delusões (galhos) – raiva, egoísmo, orgulho, inveja e apego. Assim, todos os nossos sofrimentos e problemas (seus frutos), cessarão por completo. Então, obteremos a cessação permanente do sofrimento desta vida e das vidas futuras – a paz interior suprema e permanente, conhecida como “nirvana”, ou libertação. Dessa forma, teremos solucionado todos os nossos problemas humanos e realizado o verdadeiro sentido da vida.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
Sua mente é como um céu vasto e sem obstrução e todos os seus pensamentos e agitação são como nuvens. Eles surgem da clareza da sua mente e se dissolvem de volta nela, um fluxo de consciência sem cor, sem forma, sem som, sem cheiro e sem propriedades táteis.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
Seus pensamentos e atividades mentais são simplesmente fenômenos sem forma que aparecem no espaço da sua mente.
Assim como nuvens se formam e se dispersam num céu aberto, seus pensamentos e sensações surgem e se dissolvem nesse espaço interior que é a sua mente.
Por mais que o céu possa estar nublado ele, em si, continua a ser uma imensidão azul, e quando as nuvens se dispersam, o céu azul aparece.
Da mesma maneira, por mais que a mente esteja ocupada ela, em si, continua a ser um continuum e sem forma, e quando os pensamentos se aplacam, a natureza clara da mente é revelada.


FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)
Simplesmente observe seus pensamentos sem segui-los.

Gradualmente seus pensamentos distrativos vão desaparecer. Eles surgem da clareza da sua mente e, se forem observados imparcialmente, irão simplesmente se dissolver de volta na clareza da sua mente.

Assim que essa clareza mental surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos e desfrute da paz que surge na espaciosidade da sua mente.

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