A Verdade da origem do sofrimento

Normalmente, nós acreditamos que somos uma identidade separada dos outros; essa crença surge da ideia de um “eu”. Tal crença, junto com o desconhecimento da nossa verdadeira natureza, denomina-se ignorância básica.
Assim que pensamos “eu”, “meu”, “meus”, cria-se a tendência de manter essa identidade num estado de permanente felicidade e conforto, gerando o que se denomina “desejo”. “Eu” quero ser feliz; “eu” quero ter riquezas... “eu” quero ser famoso... quero ter poder.
A partir deste ponto de vista, quando este “eu” se sente ameaçado, geramos raiva. Este “eu” também acredita ser superior ou melhor do que os outros, gerando orgulho. Se este “eu” teme haver outros que são tão bons ou melhores do que ele próprio, gera-se a “inveja ou ciúme”.
Resumindo... assim que surge a crença de que um “eu” individual existe como uma entidade real, todas as cinco emoções negativas (Kleshas) do desejo, raiva, ignorância, orgulho e inveja-ciúme são geradas e ficamos envolvidos em sofrimento.

Na segunda Nobre Verdade, Buddha diz:
Deves abandonar as origens do sofrimento.

Este é um conselho muito prático. As origens de todo o nosso sofrimento são principalmente as nossas aflições mentais (delusões), como o desejo, a raiva, o orgulho, a inveja e a ignorância básica do auto apreço – que é justamente esse apego ao “eu” e “meu”.
Em geral temos um sincero desejo de nos livrar do sofrimento definitivamente, mas nunca pensamos em abandonar nossa raiva... nossa arrogância... nosso orgulho... nossa inveja... nosso egoísmo...
Contudo, sem controlar e abandonar as aflições mentais (delusões), é impossível alcançarmos a libertação permanente de nossos sofrimentos e problemas. Devemos, então, nos concentrar no profundo significado do Dharma e usando a força da nossa determinação, controlar o apego, a raiva e as demais delusões.
As aflições mentais (delusões) são chamadas de origens porque são a fonte de todos os sofrimentos e a causa principal dos problemas que enfrentamos.

O auto apreço é a causa principal de nossas dificuldades
Buddha dizia que precisamos identificar o auto apreço, que está sempre alojado em nosso coração destruindo nossa paz interior.
Sua natureza é ser uma percepção errônea. Porque a mente tola do auto apreço acredita ou se agarra ao “eu”, ao “meu”, desenvolvemos apego pelas coisas de que gostamos e ódio por aquelas de que não gostamos.
Então, cometemos várias ações que prejudicam os outros seres vivos e, como resultado, experienciamos sofrimentos e problemas durante esta vida e em todas as outras vidas futuras; essa é a razão fundamental dos nossos problemas.
A ignorância do auto apreço pode ser comparada a uma árvore venenosa; as outras aflições mentais, como a raiva, o orgulho, a inveja o desejo, apego e ciúme, aos seus ramos; e os nossos sofrimentos, aos seus frutos.

MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
A ignorância do auto apreço está sempre alojada em nosso coração, destruindo nossa paz interior


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
E porque nos agarramos ao “eu” e “meu”, desenvolvemos apego pelas coisas de que gostamos e ódio por aquelas de que não gostamos e, então, cometemos várias ações que prejudicam os outros seres vivos. Como resultado, experienciamos sofrimentos e problemas durante toda a nossa vida.


FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)
Compreendendo isso, medite nessa “determinação” de investir grande esforço para identificar, reduzir e, por fim, abandonar totalmente essa ignorância.

Pratique continuamente essa meditação e, assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos, e desenvolva a firme determinação de se libertar do sofrimento definitivamente.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
Seja qual for o desafio que encontremos, e encontraremos muitos, seja no trânsito, no contato com o vizinho chato e encrenqueiro, seja com a falta de combustível, pensamos: preciso me libertar da minha raiva, da minha arrogância, do meu egoísmo, pois essas aflições mentais serão causa para o meu sofrimento vida após vida.

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