A verdade do sofrimento

Para dar continuidade aos ensinamentos de Buddha sobre a raiva, precisamos saber, muito resumidamente, quem foi Buddha.
O termo Buddha significa “o Desperto”, alguém que acordou do sono da ignorância e vê as coisas como realmente são.
Um Buddha... é uma pessoa inteiramente livre de todas as falhas e obstruções mentais. Várias pessoas já se tornaram Buddhas no passado e muitas farão o mesmo no futuro. A palavra Buddha, portanto, não se refere a uma pessoa, mas a um estado de consciência.
O Buddha histórico chama-se Sakyamuni. “Sakya” é o nome da família real no seio da qual ele nasceu e a palavra “muni” significa sábio. Então, Sakyamuni significa o sábio do reino dos Sakyas.
Após o nascimento, ao ver o filho pela primeira vez, o Rei dos Sakyas, Sudodhana, deu o nome de Sidarta ao príncipe, pois gostaria que ele herdasse o trono. Sidarta significa “aquele que cumpre o seu propósito”.
Mas desde pequeno, o príncipe Sidarta usava todas as oportunidades para inspirar e encorajar as pessoas a seguirem caminhos espirituais.
Durante os passeios pelo reino de seu pai, entrou em contato com muitos idosos e doentes, e certa vez, viu um cadáver. Esses encontros deixaram uma forte impressão em sua mente, levando-o a perceber que todos os seres vivos, sem exceção, estão sujeitos a experienciar os sofrimentos do nascimento, velhice, doença e morte.
Por compreender as leis do renascimento, ele também entendeu que tais sofrimentos não acontecem uma vez, mas se repetem vida após vida, sem cessar.
Percebendo que os seres vivos estão presos nesse círculo vicioso de sofrimento, o príncipe sentiu profunda compaixão por todos e desenvolveu um sincero desejo de libertar todos os seres do sofrimento.
Ao perceber que o príncipe pretendia deixar o palácio e seguir a vida de um renunciante, o rei não demorou muito a encontrar uma esposa para o príncipe, que aceitou... se casou... e teve um filho (Rahula).
Mas... como o príncipe, a jovem esposa, Yasodhara, não alimentava nenhum apego pelos prazeres mundanos, pois compreendera que objetos de apego são como flores venenosas – inicialmente parecem atraentes, mas por fim originam grande dor.
Porém, a determinação do príncipe de deixar o reino e adotar uma vida de meditação mostrou-se inabalável.
Aos 29 anos... e contrariando a vontade do pai, o príncipe foge do palácio com a ajuda de seu cocheiro (Chana) e, entrando na floresta, encontra um local adequado para meditar.
Após seis (6) anos de práticas intensas e profunda concentração, Sidarta consegue remover os derradeiros véus da ignorância e, no instante seguinte, tornou-se um Buddha, um ser plenamente iluminado.
Por ter acordado do sono da ignorância e eliminado todas as obstruções mentais, Buddha conhece perfeitamente, o passado, o presente e o futuro, e desperta uma profunda compaixão por todos os seres sem exceção.
Passados 49 dias da sua iluminação, Buddha faz a escolha de transmitir seus ensinamentos para todos os seres, o que ficou conhecido como “girar a roda do Dharma” – colocar os ensinamentos em movimento...
A primeira roda do Dharma inclui o sutra das Quatro Nobres Verdades e outros discursos.

No Sutra das Quatro Nobres Verdades, Buddha disse:
Deves conhecer o sofrimento
Deves abandonar as origens (do sofrimento)
Deves alcançar a cessação do sofrimento
Deves praticar o caminho

Então vejamos:
Em geral, aqueles que sofrem de dor física ou mental, incluindo os animais, reconhecem o seu próprio sofrimento. Mas quando Buddha diz: “deves conhecer os sofrimentos”, ele está se referindo aos sofrimentos das nossas vidas futuras. Compreendendo isso, vamos desenvolver um intenso desejo de nos livrar deles. Este conselho prático é importante para todos nós, porque, se quisermos evitar sofrimentos em vidas futuras, sem dúvida vamos ter que usar a vida humana atual para assegurar a felicidade e a liberdade dessas incontáveis vidas futuras. Essa intenção é muito significativa.
Se não tivermos esse desejo – de nos libertar de sofrimentos futuros -, desperdiçaremos nossa preciosa vida humana buscando apenas felicidade e a liberdade desta curta vida.
Isso seria uma grande tolice, diz o mestre (Geshe-la), porque nossas intenções e ações não seriam diferentes das intenções e ações dos animais, que só se interessam por esta vida – comer, dormir, defecar, fazer sexo e se proteger. Isso qualquer animal é capaz de fazer.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
A primeira mente humana é a mente de renúncia; a mente que deseja se libertar do sofrimento.

COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
O grande Yogue Milarepa disse certa vez a um caçador:
Teu corpo é humano, mas tua mente é a de um animal. Óh ser humano com mente de animal, por favor, ouve a minha canção.

Normalmente, acreditamos que solucionar problemas e sofrimentos desta vida é o que há de mais importante e nos dedicamos inteiramente a isso.
Na realidade, os problemas desta vida duram pouco; se morrermos amanhã, eles acabarão amanhã mesmo. Já os problemas e sofrimentos de nossas vidas futuras vão durar por um tempo indefinido e, portanto, a liberdade e a felicidade dessas vidas são muito mais importantes.
Com a primeira nobre verdade, Buddha nos encoraja a usar a vida humana atual para preparar a felicidade e a liberdade de nossas incontáveis vidas futuras.
Sábios serão aqueles que seguirem esse conselho


FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)
Pratique continuamente essa meditação até que você possa “sentir” espontaneamente o desejo de renunciar ao sofrimento de suas incontáveis vidas futuras.

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos, e desenvolva a firme determinação de praticar meditação diariamente, para treinar e fortalecer sua mente e, assim, se libertar de todas as aflições mentais, que serão causas para o sofrimento futuro.

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