Capítulo 7 - O Arahant (Arahantavagga)


Verso 90
Para alguém
No final da jornada (percorreu o Caminho),
Livre de sofrimento
Que se libertou de todas as maneiras,
E rompeu todos os laços (alcançou a liberdade infinita),
A febre não existe (não há mais sofrimento).

Arahant - Aquele que destruiu os dez (10) grilhões, atingiu a perfeição espiritual; o verdadeiramente Meritório.

Dez (10) grilhões ou obstáculos da Iluminação (aquilo que prende e tira a liberdade): (1) crença na personalidade ou a ilusão do eu; (2) dúvida cética defensiva ou discursiva; (3) crença na eficácia de regras e rituais; (4) desejo sensorial pela procura de satisfação através da imaginação da mente (luxúria); (5) má vontade, repugnância (repulsa); (6) anseio pela paz espiritual, devido ao apego aos objetos psíquicos-sutis da meditação intensa (mundo das formas); (7) anseio por uma existência imaterial (mundo sem forma); (8) orgulho espiritual; )9) inquietude e preocupação da mente; (10) ignorância devido aos resíduos de apego e de auto-ilusão.

Verso 91
O homem sensato de adapta
E não permanece nunca num só lugar
Como os cisnes que voam do lago,
Abandona morada após morada.

Verso 92
Como o caminho dos pássaros no céu
É difícil rastrear a senda (caminho)
Daqueles que não acumulam riquezas,
São judiciosos (sensatos) com o alimento
E cuja esfera
É a liberdade do vazio e do indetectável (Liberdade Incondicional).

Liberdade Infinita ou Incondicionada - Vimokka: é a liberdade baseada na penetração das três características da existência (Iakkhanas): (1) Anatta - Insubstancialidade percebida pela ausência de uma personalidade ou um eu permanente; (2) Anicca - Impermanência, percebida pela ausência de condicionamentos; (3) Dukkha - percebida como ausência de desejo. Resumindo, exprime o vazio da Impermanência, Insatisfatoriedade e Insubstancialidade de tudo o que produziu a Dor.

Verso 93
Como o caminho dos pássaros no céu,
É difícil rastrear a senda
Daqueles que eliminaram suas toxinas (destruíram em si o desejo e o amor às ilusões da vida, cujas paixões se apaziguaram),
Não se apegam ao dinheiro
E cuja esfera
É a liberdade do vazio e do indetectável.

Verso 94
Até os deuses prezam
Aqueles que eliminaram as toxinas,
Despojaram-se da vaidade,
Acalmaram os sentidos (sentidos dominados),
Como cavalos bem seguros pelo cocheiro.

Verso 95
A pessoa
Que, como a terra, não se perturba,
Que se esmerou (empenhou-se com cuidado) na prática,
Que parece um pilar de Indra,
Que é como um lago sem lama,
Não precisa mais vaguear.

Verso 96
Serena na mente, na fala e na ação,
Libera graças ao correto entendimento,
Essa pessoa
Está completamente em paz (equânime).

Verso 97
Aquele que foi além
Da fé (cega),
Conhece o Incriado (Nirvana / Suprema Paz),
Rompeu os laços,
Eliminou a a possibilidade (de renascimento)
E renunciou ao apego,
Esse é grande.

Verso 98
Na aldeia, na floresta,
Na planície e na montanha;
Agradável é o lugar (é sempre uma dádiva)
Onde está o Arahant.

Verso 99
Agradáveis são as florestas
Que as pessoas não apreciam.
Ali se deleita o homem livre de paixões,
Que não busca os prazeres sensuais.

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