Uma dieta constante de barulho

A prática da mente atenta é muito simples. Você para, respira e acalma a mente...

As maravilhas da vida já estão todas aqui. E estão clamando por nós. Se você for capaz de escutá-las, será capaz de parar de correr. O que você precisa, tudo do que precisa é do silêncio...

Perceba... A menos que você viva sozinho, no meio das montanhas, sem eletricidade, o mais provável é que esteja absorvendo um fluxo constante de ruído e informação o dia inteiro, sem interrupção.
Mesmo sem ninguém falando com você, existem propagandas, o telefone toca, as redes sociais clamam por atenção...
Mesmo nos raros momentos em que não existe som, texto ou qualquer informação vinda de fora, nossas mentes vivem ocupadas por um fluxo constante de pensamentos.

E o mestre diz:
O silêncio é essencial. Nós precisamos de silêncio assim como precisamos de ar. Se nossas mentes estão repletas de palavras e pensamentos, não há espaço para nós.

Tenho a impressão de que muita gente tem medo do silêncio. Estamos sempre consumindo alguma coisa (textos, música, rádio, televisão ou pensamento), e fazemos isso para ocupar o espaço vazio.
Se o silêncio e o espaço são tão importantes para a nossa felicidade, por que não damos mais importância para essas coisas em nossas vidas?
Perceba... Podemos nos sentir sozinhos mesmo cercados de muita gente. Existe um vazio no interior de nossos corpos. E não nos sentimos confortáveis com esse vazio, por isso tentamos preenchê-lo ou fazê-lo desaparecer.
A tecnologia oferece muitos aparelhos que nos permitem ficar sempre “conectados”, mas continuamos nos sentindo sozinhos. Queremos compartilhar, queremos receber. Ficamos o dia todo ocupados, em um esforço para nos conectarmos.
O que nos dá tanto medo? Podemos sentir um vazio interior, podemos nos sentir isolados, inquietos. Podemos nos sentir mal amados. Podemos sentir como se faltasse algo importante. Algumas dessas sensações são muito antigas e convivem conosco desde sempre e permanecem por trás de tudo o que fazemos ou pensamos. O excesso de estímulo facilita a distração do que sentimos. Porém, quando existe o silêncio, tudo isso se apresenta com bastante clareza.

Perceba... Temos um banquete de estímulos

Todos os sons ao nosso redor e todos os pensamentos que não saem de nossa cabeça podem ser como uma espécie de alimento. As coisas que lemos, as nossas conversas, os programas que assistimos, os jogos que jogamos pela internet, nossas preocupações, pensamentos e ansiedades, tudo isso são alimentos. Não é à toa que não temos espaço em nossa consciência para a beleza e o silêncio: estamos constantemente preenchendo esse espaço com outros alimentos.

Praticamente todo mundo sabe que o que comemos afeta a maneira como nos sentimos. Comidas ruins nos deixam cansados, mal humorados, nervosos, nos sentindo culpados e apenas momentaneamente satisfeitos.

As sensações são nossa janela para o mundo exterior e muita gente deixa essas janelas abertas o tempo todo. Por que você não oferece a si mesmo certo alívio e fecha essas janelas de sensações? Por que abrir nossas janelas a filmes e programas ruins?
Se não temos um propósito nos alimentando, nossa vida é uma mesmice. Algumas vezes, para muitos de nós, dias, semanas inteiras, até meses passam como um flash. E isso acontece porque, nesses momentos, não estamos atentos á nossa intenção. O tempo passa rápido demais. Um belo dia, podemos descobrir que nossa vida está chegando ao fim, e nem assim sabermos dizer o que fizemos enquanto estivemos vivos. É possível que tenhamos gastado dias inteiros raivosos, com medo e sentindo ciúmes. Raramente oferecemos a nós mesmos tempo e espaço para pensar: Estou fazendo o que realmente quero com a minha vida? Aliás, eu sei o que posso fazer com a minha vida? Estamos tão ocupados fazendo “alguma coisa” que raramente separamos um tempo para observar nossos desejos mais profundos.

Se você está começando a pensar em como trazer mais silêncio e espaço à sua vida a fim de cultivar alegria, saiba que ninguém é capaz de fazer isso sozinho. É muito mais fácil alcançar e apreciar a calma quando o ambiente ao nosso redor é compreensível. Se você não puder se mudar para um lugar mais calmo onde exista mais paz, tente se cercar ao máximo de pessoas que o ajudem a reunir uma energia coletiva de calma e compaixão – o que chamamos de Sangha.
Escolher, de maneira consciente, do que e de quem você se cerca, é uma das chaves para encontrar mais espaço para a alegria.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
A Plena Atenção nos oferece o espaço interior e o silêncio que nos permitem observar profundamente, para então descobrirmos quem somos e o que queremos de nossa vida.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
Compreendendo isso, você deixa de sentir necessidade de correr atrás de coisas sem sentido. E a verdade é que você vive correndo, vive procurando alguma coisa, pois acredita que isso seja muito importante para a sua paz e felicidade.


FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO (3)
Pratique continuamente essa meditação até que você possa, espontaneamente, parar, respirar e acalmar sua mente.

Assim que essa sensação de profunda quietude surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos e, sem se distrair, volte-se para o seu íntimo para desfrutar do aqui e agora nesse exato momento.

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