O silêncio ensurdecedor

 A necessidade de nos preencher com uma coisa ou outra o tempo inteiro é uma doença coletiva para os seres humanos de nossa era. E o mercado está sempre pronto para nos vender todo tipo de produtos para preencher o vazio de nossa vida.

Em um esforço para bloquear ou encobrir sentimentos desagradáveis, simplesmente terminamos nos sentindo ainda mais solitários, ainda mais raivosos e desesperados.

E o mestre (Thich Nhat Hanh) diz:

Devemos parar de consumir essas toxinas como uma reação à necessidade, muitas vezes compulsiva, de evitar a nós mesmos.

Muitas pessoas checam seu instagram e facebook várias vezes ao dia, procurando algo novo, embora na maior parte das vezes não encontrem nada. A única maneira de nos oferecermos algo realmente novo é abrindo espaço em nosso interior, e cultivar sementes de Atenção Plena.

Nós temos o hábito de nos prender exageradamente aos nossos pensamentos, ideias e emoções. Acreditamos que essas coisas são reais e que as deixar para trás seria como abrir mão da própria identidade.

Se você se parece com a maioria das pessoas, provavelmente imagina existir algumas condições, ainda não realizadas, que devem ser alcançadas para que você possa ser feliz. Pode ser um diploma, uma promoção no trabalho, um relacionamento, um aumento no salário. No entanto, essa crença pode ser exatamente o que está impedindo você de ser feliz.

Para se livrar de tudo isso e abrir espaço para que a verdadeira felicidade se manifeste, você deve encarar a verdade de que esse ideal te leva ao sofrimento. 

Deixar para trás implica livrar-se de alguma coisa. E essa coisa pode ser uma simples criação da mente. Temos uma ideia e, sem percebermos, essa ideia nos tem como prisioneiros atrás de suas grades.

O primeiro passo, então, é parar de pensar. Precisamos nos voltar à nossa respiração e acalmar nossos corpos e mentes. Isso nos proporcionará mais espaço e clareza para que possamos nomear e reconhecer o pensamento, desejo ou emoção que nos perturba, e dar a nós mesmos a permissão para nos livrarmos dele

Em geral, a maioria de nossos pensamentos são inúteis. Eles simplesmente nos deixam caminhando em círculos, e não levam a nada. Quanto mais pensamos, mais dispersão e agitação causamos aos nossos corpos e mentes.


Para encerrar o mestre diz:

Em certos momentos, imaginamos estar em silêncio, pois não existe qualquer som ao nosso redor. No entanto, se não acalmarmos a nossa mente, a conversa segue presente em nosso interior. Não existe silêncio verdadeiro. Devemos praticar a busca pelo silêncio em todas as atividades que fazemos.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)

O silêncio vem do coração, não da ausência de palavras.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)

Quando nos livramos de nossas ideias, pensamentos e conceitos, abrimos espaço à nossa verdadeira mente. Na mente verdadeira há o silêncio de todas as palavras e ideias. Apenas quando o oceano está calmo e tranquilo, podemos ver a lua refletida nele.

O silêncio é, sobretudo, algo que vem do coração não de um conjunto de condições externas ao nosso corpo. E isso, simplesmente significa que não somos perturbados por dentro; não há um falatório constante. Se somos verdadeiramente silenciosos, não importa o que nos aflija, sempre é possível desfrutar o doce espaço do silêncio.


FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO (3)

Medite continuamente sobre esse ponto, e observe, com Plena Atenção, todas as sensações que surgem, permanecem um tempo e desaparecem, e permaneça completamente presente em seu interior.

E você pode observar coceira, pulsação, dormência, formigamento, calor, frio - N sensações pelo corpo, mas observe, sem reagir, permanecendo completamente presente e silencioso em seu interior.

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.


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