Libertando-se de antigos hábitos

Nesse momento, observe se existem pensamentos, lembranças ou palavras brotando da espaciosidade da mente... Agora observe como sua mente está reagindo a esses pensamentos... Provavelmente classificando esses pensamentos (essas lembranças) e sensações, em agradáveis e desagradáveis...
A origem de todo o nosso desconforto é justamente tentar prolongar esse sentimento oculto de que “eu gosto disso” e tentar eliminar o sentimento de “eu não gosto disso”
E na tentativa de prolongar sensações agradáveis e eliminar sensações desagradáveis, muitas vezes nos tornamos agressivos, impacientes, intolerantes, causando sofrimento para nós mesmos e para os outros.

O mestre diz:
Todas as nossas reações têm consequências, que em geral, são desagradáveis. Por exemplo: nos sentimos solitários e automaticamente surge um momento neutro; mas em vez de percebermos o que está acontecendo, em vez de controlarmos nossa energia, mordemos a isca e somos fisgados; então, comemos demais ou bebemos demais ou nos tornamos agressivos com os outros. Mas, passada essa onda, nos sentimos culpados e nos desprezamos por termos mais uma vez perdido o controle. O problema é que esse fluxo pode se prolongar por anos, provocando uma reação em cadeia e gerando cada vez mais sofrimento.
A falta de percepção do momento em que somos fisgados, ou seja, a falta de percepção do momento em que nos apegamos ou rejeitamos as sensações que surgem, causa um desconforto, e, nesse momento, reagimos inconscientemente com palavras grosseiras, gestos de rejeição ou até mesmo violência.
Através da meditação, podemos treinar estar atentos ao fato de termos sido fisgados e a consequência disso – a reação em cadeia.
Isto é uma prática difícil porque, sem dúvida, ficamos numa situação delicada. Quando não agimos de forma habitual, ou seja, reagindo às sensações que chegam, sentimos certo desconforto. Os mestres chamam esse período de desintoxicação. Há muito tempo reagimos da mesma maneira para nos libertarmos desse sentimento inquietante, desconfortável e, agora, deixamos de seguir esse padrão. Imagina que durante anos, você reage com irritação e com palavras grosseiras quando é fechado no trânsito e, de repente, por estar consciente, você para de reagir instantaneamente... Esse momento neutro torna-se muito desagradável. Perceba... Isso requer o hábito da prática da gentileza e paciência... Requer abertura e curiosidade para observar o que vem a seguir.
O mestre (Dzigar Kungtrull) disse que podemos achar um determinado sentimento insuportável, mas, se não o enfrentarmos, ele se tornará cada vez mais insuportável.
O maior desafio dessa prática é aceitar a energia inquieta e permanecer consciente em vez de se esquivar automaticamente. No início, só conseguimos suportar o desgosto e sair dessa espiral da angústia por alguns breves minutos, porém o velho hábito de reagir retorna.
No início, todos nós sentimos que podemos conectar nossa força interior, nossa abertura natural, por breves períodos antes que desapareçam. E isso é uma etapa excelente, importante no aprendizado de interromper e enfraquecer velhos hábitos. Se conseguirmos manter o senso de humor durante essa longa jornada, a capacidade de concentrar nossa atenção no momento presente evolui com naturalidade. Aos poucos, perdemos a vontade de reagir e, gradualmente, eliminamos nossa agressividade.
É assim que nos preparamos para lidar com situações extremamente tensas, que podem surgir em nosso caminho em um futuro próximo.
Nunca temos certeza do caminho que as circunstâncias atuais irão trilhar ou o que acontecerá em seguida. No entanto, não é preciso viver em constante agonia. Nós temos a capacidade de crescer. Quando aprendemos a não reagir com os pequenos aborrecimentos do dia a dia, estamos aptos a lidar com qualquer acontecimento futuro com compaixão e sabedoria.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
Para nos libertarmos de antigos hábitos precisamos desenvolver a Plena Atenção


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
O que acontece quando você não estimula o desconforto com suas sensações? O que acontece quando você aceita essa energia mutável, fluida e universal da raiva, do ciúme, da inveja, da vingança, sem reagir? O que acontece se você fizer uma pausa e não resistir a esse movimento natural da vida, percebendo que todas as sensações surgem, permanecem um tempo e desaparecem?
A reação pode ser muito forte. A ânsia de se vingar, o poder do desejo, a força do hábito nos estimula a reagir. Então, optamos cada vez mais por uma satisfação interior de curto prazo que, no decorrer do tempo, nos aprisiona no mesmo ciclo de reação. E isso é tão familiar pra você, você já reagiu dessa forma tantas vezes que as consequências dos seus atos, são muito previsíveis – violência, angústia, ansiedade, sofrimento...
Aos poucos, essa inteligência natural irá nos apoiar em nossa jornada para enfrentar toda a nossa inquietação.


FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)
Nos próximos minutos, permaneça atento e perceba o momento em que foi fisgado por um pensamento ou sensação...
E, então, faça uma pausa... respire conscientemente e de forma lenta, profunda e suave três vezes e permita-se levar por essa energia. Aceite ela. Vivencie totalmente a energia, seja ela de corpo ou mente: irritação, agitação, coceira, incômodo. Mantenha uma curiosidade a respeito dela. Como ela se comporta em seu corpo? Que pensamentos ela provoca? E continue a respirar...
Uma parte dessa técnica é não ser seduzido pela força da reação. Continue consciente e compassivo. Mas, em vez de rejeitá-la, aceite-a.
E, então, relaxe em sua mente natural...

Assim que essa sensação de plenitude surgir, procure retê-la em sua mente, dentro do coração e observe todas as sensações surgindo e desaparecendo, surgindo e desaparecendo por três (3) a vinte e quatro (24) minutos. Sem reagir sua mente está equânime.
 

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