Temos o que precisamos

Os mestres Budistas nos encorajam a trabalhar com a turbulência de nossas mentes e emoções como a melhor maneira de dissipar toda confusão e dor.
Em vez de ficarmos presos no drama de quem fez mal a quem, devemos apenas perceber que estamos exaltados e parar de estimular nossas emoções com nossas histórias. Não é uma tarefa fácil, mas é a chave de nosso bem estar.
Na meditação, treinamos deixar nossos pensamentos fluírem, até chegar à raiz de nosso descontentamento.
Nessa vida, talvez uma determinada pessoa tenha lhe causado mal, e esse conhecimento é útil. Mas, por sua vez, é possível que a nossa ferida seja muito mais antiga; talvez carreguemos essas mesmas tendências, as mesmas formas de reagir, vida após vida, e elas continuam gerando os mesmos dramas, as mesmas situações desfavoráveis.
Não importa o que aconteceu no passado, agora podemos lidar com compaixão com nossos hábitos, pensamentos e emoções. Podemos não dar destaque a quem nos magoou e, assim, nos libertarmos. Se alguém atirar uma flecha em meu peito, posso deixar a ferida inflamar, enquanto grito com o agressor, ou retirar a flecha o mais rápido possível.

O enfoque maravilhoso de viver desse modo é que abre um espaço amplo para uma experiência nova isenta de egoísmo. Aqui, exatamente onde estamos, é possível viver com uma perspectiva mais ampla, que aceite todas as experiências – prazer, dor e neutralidade. Somos livres para apreciar as possibilidades infinitas que estão sempre disponíveis, livres para reconhecer a abertura natural, a inteligência e a cordialidade da mente humana.
Se os ensinamentos sobre apego e aversão repercutirem em nós, e se começarmos a praticá-los na meditação e na nossa vida diária, é bem provável que passaremos a fazer perguntas de fato úteis. Em vez de perguntar “como me livrar de um colega de trabalho difícil”? ou “como me vingar do meu pai grosseiro”, podemos pensar na maneira de eliminar nosso sofrimento, na raiz, com perguntas tipo: Como aprender a reconhecer que fui fisgado? Como lidar com minhas atitudes sem me sentir despedaçado? Como posso ter algum senso de humor? Alguma gentileza? Como posso ter alguma aptidão para não fazer um drama com meus problemas? O fato de permanecer consciente do momento presente me ajudará quando sentir medo?

A sabedoria, a força, a confiança, o coração e a mente despertos estão sempre acessíveis aqui, agora, sempre. Estamos revelando-os, redescobrindo-os. Eles estão aqui. Por isso, quando estamos presos na escuridão, de repente as nuvens desaparecem. Sem motivo aparente, nós nos alegramos, relaxamos ou sentimos a amplidão de nossas mentes. Ninguém lhe proporciona isso. As pessoas o apoiam e ajudam com seus ensinamentos e práticas, mas você, e somente você, terá de vivenciar por si mesmo seu potencial ilimitado.

Para finalizar, o Mestre diz:
Interesse-se por seu sofrimento e medo. Aproxime-se, entregue-se, fique curioso; mesmo que seja por um instante, vivencie os sentimentos além dos rótulos, além de serem bons ou ruins. Faça qualquer coisa para dissolver a resistência.
E em vez de atribuir seu desconforto às circunstâncias externas ou à sua fraqueza, escolha ficar presente e despertar sua experiência, sem rejeitá-la, sem agarrá-la, nem alimentar histórias que conta a si mesmo sem cessar. Esse é um conselho inestimável que se dirige à verdadeira causa do sofrimento, seu, meu e de todos os seres vivos.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDAADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
Ao longo da jornada, temos os meios de mudar os filmes de nossas vidas, para que as mesmas coisas não aconteçam.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
A experiência desagradável e a sensação familiar de ter um nó no estômago, que tensionam seu corpo e seu rosto, que podem doer fisicamente – essa experiência em si, não é um problema. Se conseguirmos ter curiosidade em relação a essa reação emocional, relaxar e senti-la, vivenciá-la em toda a sua plenitude, então não haverá problemas. Você pode até mesmo senti-la apenas como uma energia cuja verdadeira natureza é fluida, dinâmica, uma sensação livre de interpretação.
Nosso sofrimento repetitivo não se origina dessa sensação desagradável, e sim do que acontece em seguida, o que chamamos de seguir o impulso, de se descontrolar, ou de se desequilibrar emocionalmente. Origina-se da rejeição à nossa energia quando ela surge de uma forma que não gostamos e de fortalecer sem cessar os hábitos de posse, aversão e distanciamento. Nosso sofrimento se origina, na verdade, de nossas conversas internas, julgamentos, fantasias e rótulos em relação ao que está acontecendo.


FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)
Nos próximos minutos, nossa atitude em relação a essa meditação é relaxar. Sem uma sensação de esforço para alcançar um estado superior, simplesmente sentamos sem uma meta, sem tentar ficar calmo... sem tentar se libertar de todos os pensamentos.
O que quer que aconteça, o que quer que surja em pensamentos e sensações, não se desculpe, não se condene.

Por um instante pare e observe o que está sentindo no momento; observe a qualidade do seu estado de ânimo, e vivencie qualquer sensação que surja, mas sem rotular em agradável ou desagradável. E se surgir uma sensação familiar (conhecida), apenas observe, mas totalmente desvinculado de sua história pessoal.

Não rejeite ou se apegue a qualquer sensação, apenas vivencie sem rótulos

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
 

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