A equanimidade

Para que possamos trazer ainda mais benefícios a todos os seres, devemos desenvolver quatro qualidades, que de tão nobres, não conseguimos medir. Devemos ter a mesma consideração por todos os seres, sem exceção (equanimidade); devemos cultivar o desejo sincero de que todo sofrimento cesse (compaixão); devemos nutrir uma imensa vontade de que todos os seres encontrem felicidade temporária e definitiva (amor); e devemos celebrar o êxito dos outros (alegria).
Embora cada um de nós deseje amar e ajudar imparcialmente a todos os seres, nós estamos sempre classificando as pessoas – aquelas de quem gostamos, aquelas de quem não gostamos e aquelas pessoas que nos afetam muito pouco e que, normalmente, não levamos em consideração.
Então, perceba que, logo de início, é necessário lidar com a tendência à discriminação. Mas para irradiar amor e compaixão a todos, tanto amigos quanto inimigos, é preciso ter certeza de que todos os seres são igualmente merecedores de bondade e compaixão.
Nossa consideração por todos os seres deve ser genuína, e não um conceito teórico, ou nunca poderemos mudar a forma como nos relacionamos com os outros.
O espaço é ilimitado - tão grande que não podemos medir - e, no âmbito desse espaço infinito, incontáveis seres estão experimentando algum tipo de sofrimento. O segredo para desenvolver a consideração por todos ou equanimidade é reconhecer que todos os seres enfrentam a mesma situação: todos querem encontrar felicidade e evitar o sofrimento. Mas suas chances de alcançar felicidade são muito pequenas, pois motivados por suas necessidades egoístas, fazem de tudo para satisfazer seus desejos, mas no final não encontram satisfação e, muitas vezes prejudicam os outros.
Cada ato egoísta, prejudicial ou cheio de raiva envenena o futuro. E por não conhecer as causas da felicidade, as pessoas simplesmente tornam permanente o sofrimento.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
Nosso grande desafio é deixar de lado todos os nossos julgamentos e preconceitos – inclusive a distinção que fazemos entre vítima e agressor.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
Se um parente, ou mesmo um estranho, é atingido pela desgraça, a maioria de nós sente compaixão. Em compensação, temos a tendência de nos alegrar quando um inimigo sofre. Pensamos que o sofrimento é merecido porque de algum modo, ele prejudicou a nós ou a um dos “nossos”.
Além de não ajudar ninguém, esta postura não gera virtudes. Na verdade, ao ferir uma pessoa com palavras ou gestos, ou mesmo ao desejar o seu sofrimento, estamos prejudicando a nós mesmos.
Somos todos atores em uma peça de teatro que se confundiram com suas personagens; por isso, vemos uns aos outros como amigos ou inimigos. 
Uma vez que passamos a compreender isso, é irrelevante se as pessoas são conhecidas ou desconhecidas, feias ou bonitas, amáveis ou não.
Em vez de classificar as pessoas, podemos aprender a superar os limites da nossa compaixão e tratar todos os seres com a mesma bondade, com paciência e compaixão, ao invés de raiva ou apego.


FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)
Nesse exato momento, pense em uma pessoa de quem você não goste ou a quem você critique muito.
Contemple o fato de que, embora você não seja capaz de perceber, a verdadeira natureza dessa pessoa é um estado de pureza primordial – sua crítica é baseada na ignorância desta pureza essencial.
Lembre-se, então, que a natureza de todos é igual a dessa pessoa, é pureza essencial. Contemple que a pureza essencial é a natureza de todos os seres.

Então, procure sentir que essa pessoa que você tanto critica – assim como você – só deseja ser feliz e não quer sofrer, mas que devido à sua ignorância está sabotando o seu próprio objetivo.
Então, gere compaixão por este ser... o desejo sincero que todo o sofrimento dela cesse.

Assim que essa sensação de pura compaixão surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos (...).

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.

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