Transformação de um coração que se irrita facilmente

Observe o seu estado mental, nesse momento.
Em geral, não conseguimos sequer imaginar não sentir raiva dos responsáveis por gerar tanto sofrimento. Consideramos a raiva realmente importante para solucionar as injustiças.
Na verdade, não estamos acostumados a praticar a paciência quando somos provocados. Estamos habituados a ficar com raiva. Depois, remoemos o que aconteceu e nos enfurecemos de novo, cometendo ações não virtuosas e reforçando o hábito de reagir com raiva.
Você pode continuar fazendo o que achar necessário para mudar uma situação, mas faça com leveza... faça com lucidez... não faça com uma mente cheia de raiva. Aja com amor e compaixão inabaláveis, e seja justo para com todos os envolvidos na situação.
O guerreiro espiritual ajuda satisfazendo as necessidades dos outros, sem levar em conta o próprio bem estar e sem jamais sentir raiva. O caminho desse guerreiro é a ação baseada no amor e na compaixão. Essa é a base para a iluminação.
Aquilo que nos provoca não é tão importante quanto a maneira como reagimos. Ao respondermos com raiva, sentindo que estamos certos e que o outro está errado, criamos mais sofrimento. O único bom resultado, em qualquer situação, é a compaixão.
Mas você não precisa deixar de se proteger. O mais importante é o seu estado mental. Você sente compaixão pela pessoa que a está atacando, você quer evitar que ela crie mais carma negativo, ou você está realmente com raiva?
Lembre-se: estamos tentando fazer o possível para beneficiar todos os seres, tanto a longo prazo como no presente. Esse é um ponto fundamental.

Conseguiremos proteger melhor os outros quando formos pacientes e amorosos, pois a paz interior se expressa externamente e afeta a todos ao nosso redor.
Mas se estivermos tomados pela fúria, não poderemos ajudar. A raiva nos deixa rígidos, nos deixa apegados demais ao nosso ponto de vista e nos faz perder as qualidades de pacificadores. A nossa paz interior ainda é muito frágil, e acaba cedendo à tensão da raiva...

O hábito de revidar está profundamente enraizado e estabelecido em nós. Nosso pavio costuma ser bem curto, e é quase impossível parar quando já começamos a explodir. Temos que treinar para evitar a todo custo que a explosão de raiva ocorra.
E uma forma de lidar com isso é entender que ao permitir que palavras nos insultem é como se deixar enganar por um eco. Se alguém disser que a pepita de ouro que possuímos não passa de uma pedra horrorosa, isso não torna o ouro menos valioso e, se ao contrário, cem pessoas afirmarem que a pedra que temos sobre a mesa é uma linda peça de ouro, isso não a tornará mais valiosa. Ser censurado ou elogiado, não nos modifica de forma alguma.
Cada vez que alguém nos confronta, insulta ou ameaça nossos interesses, temos a oportunidade de reagir de uma nova maneira. O segredo está na mente, na determinação de não fazer ou dizer algo que possa piorar o conflito.
Sob o ponto de vista espiritual, quem incita a nossa raiva nos beneficia, pois, para alcançar a iluminação, precisamos desenvolver a paciência. E não podemos fazer isso sem um tipo de provocação: algo ou alguém que nos force a sermos paciente.

Para finalizar, o mestre diz:
Precisamos observar cuidadosamente como a raiva surge e aprender a ter um pavio mais longo. E isso é possível, pois quando pensamos em episódio de raiva depois de passada uma semana, o modo de ver a mesma situação já mudou e percebemos que poderíamos ter reagido de um outro modo mais apropriado.

O mundo só será feliz se a gente cultivar o amor


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO E FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
O grande mestre budista Shantideva disse que não existe maior desvirtude que a raiva nem maior virtude que a paciência


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
A raiva nunca é útil; ela é sempre o produto de nossa mente agitada e confusa.
Perceba que nossa reação habitual aos conflitos é culpar alguém. Achamos que a única coisa errada na nossa vida são os outros, e nos cabe mostrar a eles o que é certo.
Se não tivéssemos nenhum problema em nossa percepção, veríamos o mundo como um reflexo da pureza cristalina da mente, mas devido à obscuridade de nossa mente, tudo parece defeituoso e nos protegemos acusando o resto do mundo.
Diga a si mesmo que precisa ser mais amoroso, que precisa ver as coisas com mais pureza. Observe suas próprias falhas. Quando os outros fizerem alguma coisa que pareça ofensivo, pratique a paciência e concentre-se nas boas qualidades e não nos erros dos outros.
Assim como um lençol de água contaminada arruína todas as plantas que crescem naquele solo, a reação apenas contamina a mente. Nossa raiva também contamina a mente daqueles que nos cercam e eles passam a se sentir no direito de responder com raiva também.
Reagindo à raiva, estamos apenas criando consequências terríveis para nós mesmos e para os outros.
Mas, se através do amor, da compaixão e da paciência, você puder transformar sua raiva, você irá inspirar e beneficiar todos aqueles que o rodeiam.


FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO (3)
Visualize uma situação recente em que alguém o deixou com raiva – uma situação que tenha testado o seu limite: o chefe reclamando do seu trabalho; alguém te insultando; uma relação difícil com seus filhos ou seus pais.
Em cada situação, pense nas consequências, a curto e a longo prazo, de se deixar levar pela raiva. 

Use a raiva como um trampolim para contemplar a equanimidade – todos os seres só querem ser felizes e se ver livres do sofrimento; e por pura ignorância acabam gerando sofrimentos para si mesmos e para os outros.

Lembre-se de que todos os seres humanos sentem raiva, mas que a compaixão ajuda a cortar a raiz dos pensamentos negativos e a gerar um bom coração.

Então, nesse momento, visualize uma situação que a deixou com raiva. Pense que, por ignorância, ou seja, movida por seus desejos egoístas (de querer ser feliz e sem se preocupar se você está sofrendo com essa atitude), essa pessoa agiu dessa maneira.
Então gere compaixão pela ignorância dessa pessoa.
À medida que seu ego diminui, um coração puro floresce, e fica mais fácil abrir mão da raiva. Então a mente se aquieta...

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

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