O mestre Zen diz:
Mente é incompreensão, mas qualquer espécie de mente é incompreensão – uma mente boa ou má, educada ou mal educada, uma mente culta ou inculta, mente cristã ou hindu; não importa que espécie de mente seja. A mente como tal é incompreensão.
Mente significa que você está carregando conclusões, à princípio – você não está vendo o que é, você está vendo o que quer ver. Na verdade, você não está vendo, mas projetando.
No escuro, por exemplo, você pode ver uma corda como se fosse uma cobra. A cobra não existe – ela é o seu medo projetado; a cobra não existe, mas para você a cobra se torna real, como se realmente ela estivesse ali. E ela pode afetar você – na verdade, ela o afetará. Você pode começar a tremer, você pode começar a correr, você pode escorregar numa casca de banana, pode cair, pode ter um ataque cardíaco – e tudo isso será real. A pessoa pode até morrer! E não havia nenhuma cobra, absolutamente. Você cria a coisa toda, você inventa, você projeta.
Tente perceber...
O mundo que conhecemos não é realmente o mundo que existe – é simplesmente o mundo que nós projetamos. E isto é uma grande incompreensão. É por isso que os místicos orientais chamaram o mundo de maya – uma ilusão. Isso não quer dizer que as pedras não estejam aí, que as paredes não estejam aí e que você pode atravessá-las, não! Simplesmente significa que o que existe não é conhecido por você, e o que é conhecido por você é uma outra coisa. Algo certamente existe, mas isso permanece desconhecido para a sua mente.
(então nós podemos dizer que) A mente é uma barreira. Ela não lhe permite ver, sentir, saber, compreender. Ela vai criando incompreensões, (a mente) ela é a fonte de todas as distorções. Desse modo, a menos que a mente seja posta de lado, a compreensão não surge.
Compreensão significa um estado de ausência da mente. E meditação é a arte de pôr a mente de lado, não permitindo que ela interfira, não permitindo que ela se erga entre você e o real. Quando você encara o real sem nenhuma interferência de nenhuma espécie – filosófica, política, religiosa -, quando não há nenhuma ideia entre você e o real, quando o real é simplesmente refletido em você como uma árvore é refletida no lago, ou o rosto é refletido num espelho, então, há compreensão.
Compreensão é um subproduto da meditação; incompreensão é uma sombra da mente. E esses são os únicos dois modos de uma pessoa viver: ou a pessoa pode viver como uma mente, ou a pessoa pode viver como meditação. Se você viver como uma mente, você estará vivendo em incompreensão. Mas como milhões de pessoas ao seu redor estão vivendo também na mente, você nunca toma ciência de como você está distorcendo a realidade, você nunca toma ciência de como você está, continuamente, evitando a realidade.
Mas todos nós estamos vivendo nos nossos preconceitos, porque nós somos todos orientados pelo passado. Seja o que for que nos tenha sido ensinado, nós vamos repetindo; seja o que for que nos tenha sido dito, nós vamos dizendo aos nossos filhos. Esse é o modo como as doenças são transferidas de uma geração a outra geração. E nós chamamos isso de herança, nós chamamos isso de nosso grande passado. Mas o passado está morto, e carregar o passado é, também, tornar-se morto.
Viver no presente é o único modo de se estar realmente vivo e de estar em sintonia com a realidade.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
A compreensão surge do silêncio e silêncio significa ausência da mente. A incompreensão são todas as espécies de ruídos na mente.
COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
Se você vive com pessoas que tem mentes similares a sua, que vivem pela satisfação dos desejos, mentes agitadas, mentes inquietas, a mente continua a ser uma barreira e a compreensão não surge.
Mas se você consegue aquietar a mente e penetra o estado de ausência da mente, percebe que o estado de não mente é vasto como o grande espaço; percebe que a mente é claridade, é transparência...
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO (3)
Nos próximos minutos, procure deixar a mente para trás...
Saia da mente para o estado de ausência da mente... Saia do ruído para o silêncio...
Nesse estado, absorva-se na luminosidade e experiencie uma profunda paz.
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
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