É através da prática constante e desapego que você está trabalhando para a descoberta da luz interior. E essa luz está definitivamente lá, e uma vez que é encontrada toda a escuridão da vida desaparece.
Cada passo para dentro descortina a escuridão, camada por camada, revelando um mundo de luz onde tudo é novo.
Essa experiência corta toda a escravidão – e aí vem a realização de quem nunca esteve lá.
A liberação acontece para aquilo que é eternamente livre.
Nós temos de ser o que realmente somos! Esse é o único caminho.
O mestre diz:
É muito bom que possamos reconhecer a hipocrisia em nós mesmos. Este é o começo – o começo da sinceridade, o começo da verdade. A partir do momento que você reconhece a hipocrisia em si mesmo, ela começa a perder força, pois ela só pode permanecer se ela continuar fingindo não ser hipocrisia. Ela só existe por fingir ser o que não é.
Uma vez que você reconheça que está usando uma máscara, a máscara começa a escorregar. Você tornou-se consciente de que esta não é a sua face. A máscara pode permanecer no seu rosto somente durante o tempo em que você vai acreditando, fingindo que ela é a sua face verdadeira, enganando os outros e a si mesmo.
E este é o grande problema: se você engana os outros, vai começar a enganar a si mesmo no final. A pessoa que vai sendo astuta com os outros – que se acha esperta e gosta de enganar os outros -, mais cedo ou mais tarde começa a enganar a si mesma, também. Ela se esquece da linguagem da sinceridade, da autenticidade, ela se esquece da verdade. Ela esteve mentindo durante tanto tempo, que tudo que ela sabe agora é mentir – ela continua mentindo!
E se os outros começam a acreditar nas suas mentiras – porque ela se torna muito talentosa em mentir -, vendo que os outros estão acreditando nas suas mentiras, ela mesma começa a acreditar naquelas mentiras... – naturalmente, quando tanta gente está acreditando, deve haver algo de verdade naquilo.
Este é o maior problema de usar máscaras: elas se tornam suas faces. Devagar, devagarinho, a distância entre a face original e a máscara desaparece; elas ficam grudadas, quase soldadas. Na verdade, separá-las parecerá como se você estivesse tirando a sua pele – é doloroso, é cirúrgico.
Mas estar com um Mestre que te aponta o caminho, é estar na mesa de cirurgia. Trata-se de uma cirurgia, porque muito do que se acumulou à sua volta, que é falso, tem de ser cortado, pedaço por pedaço. E isso machuca. A máscara tornou-se quase a sua segunda natureza – sua originalidade está completamente esquecida -, ela se tornou muito mais importante do que o original.
Então, diz o mestre, reconhecer que somos hipócritas - que fingimos ser o que não somos -, reconhecer isso é muito bom, porque a hipocrisia tornou-se nosso modo de vida, e ela entrou em nosso sangue, em nossos ossos, em nossa medula.
Você já observou que as crianças nunca são hipócritas. Elas simplesmente dizem o que venha ao caso. Mas, à medida que crescem, começam a dizer mentiras – elas têm de dizer, e dizem para poder sobreviver aos adultos, porque todos os adultos estão mentindo. Quem nunca ouviu sua própria mãe ou o próprio pai dizer: “Se fulano ligar diga que não estou”. E aos poucos a criança começa a ver o fato de que, se você quer sobreviver, você tem de mentir. E por que a criança começa a mentir? Porque os pais punem a verdade. Se a criança conta a verdade – que derrubou o vaso de plantas e quebrou, que deixou cair o celular, que comeu o chocolate escondido -, ela será punida. Então a criança percebe – pois ela não é boba -, que os pais protegem e apoiam as mentiras. E, assim, as crianças passam a mentir para não serem punidas. Os próprios pais criam crianças hipócritas, que crescem hipócritas e perpetuam a hipocrisia através de gerações e gerações.
Por isso, é ótimo quando reconhecemos que somos hipócritas, que fingimos ser o que não somos, que usamos máscara para ser aceitos no mundo, que temos medo de ser nós mesmos, de dizer a verdade...
É maravilhoso quando esse reconhecimento acontece. É um ótimo começo. A semente caiu no solo. Continue cada vez mais e mais se tornando consciente. Observe cada ação, cada pensamento, cada sonho. E não faça nada – não se apresse em fazer algo. Simplesmente continue observando, tomando nota do que está acontecendo dentro de você, como você está vivendo a sua vida. E pouco a pouco você se tornará ciente de uma mudança muito sutil acontecendo por conta própria. E quando uma mudança acontece por conta própria, ela tem uma beleza em si.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
É assim que a hipocrisia funciona: ela finge uma coisa e esconde exatamente o oposto dessa coisa.
COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
Você precisa estar bem ciente disso. E nada mais é necessário fazer.
Todo o meu esforço aqui é ajudá-lo a se tornar mais consciente das coisas. E o milagre da consciência é que, seja o que for que seja errado, no momento em que você se torna plenamente consciente, o que está errado cai por conta própria; e seja o que for que seja certo, quando você se torna plenamente consciente, o certo torna-se o seu próprio ser.
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO (3)
Nos próximos minutos...
É somente virar para dentro, e a gota se torna oceano
Na verdade, a gota é o oceano, mas ela não sabe disso – e esta é a única separação.
No vazio da meditação, mesmo essa separação se vai.
O processo de pensamento fica mais lento, e em seu lugar virão a paz e o vazio...
E lenta, lentamente, você repousa sua consciência na respiração...
O ar entra e sai... Entra e sai...
E nesse vazio você se torna o oceano...
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
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