Penetrando o desconhecido

É natural ter medo quando você está entrando em algo desconhecido. Toda aventura traz seu próprio medo. Se a pessoa quer viver sem medo, ela pode viver somente em um túmulo. E é assim que muitos vivem: eles apenas aparentam estar vivos. Eles estão respirando, estão fazendo seus trabalhos, mas isso não é vida.
A vida pode significar apenas uma coisa, e essa coisa é a constante aventura – sempre se movendo do conhecido para o desconhecido – e finalmente, no fim de tudo, um salto quântico do desconhecido para o que não podemos compreender totalmente.
A pessoa que vive sem aventura na vida, sem medo, vive também sem felicidade. Ela vive uma vida de conveniência, confortável, aconchegante, mas estúpida, sem significado, sem nenhuma alegria, nenhuma canção, nenhuma dança. Nunca acontece nada no seu ser, ela simplesmente vegeta. Do nascimento à morte, ela simplesmente vai morrendo a cada dia, a cada momento, lentamente. É uma espécie de suicídio lento.

A mente tem muito medo do desconhecido, porque a mente se sente capaz quando você está funcionando dentro das fronteiras do conhecido. Mente significa conhecimento. (perceba) Você está familiarizado com aquilo, você sabe o que fazer e o que não fazer, ou seja, você já passou pela mesma rota tantas vezes, que agora você pode passar de olhos fechados, sem nenhum medo de tombar nas coisas, cair... Você pode funcionar como um robô. A mente consiste somente no conhecido. No momento em que você começa a convidar o desconhecido para dentro dela, a mente dá um chilique. A mente diz: “Não, isso é perigoso. Eu não quero”.
Não ouça a mente, porque mente significa passado – ele está morto, já acabou: é não existencial. O passado são as pegadas do que já não existe mais. A mente não sabe nada do presente. Ela não tem nenhuma capacidade de se comunicar com o presente, porque o presente é sempre desconhecido. E o medo da mente é porque no momento em que você encontra o presente, você tem de ser espontâneo, e a mente se torna inútil. A mente tem de ser posta de lado.
Esse é o momento em que a meditação começa a acontecer. Permanecer confinado no conhecido é estar na mente. Permitir a entrada do desconhecido no seu ser é o começo da meditação, o começo do Zen. O presente somente pode ser abordado através do estado de não-mente. Se você tem quaisquer conclusões, você ainda está carregando o passado – as conclusões vêm do passado, os preconceitos vêm do passado... Você tem de pôr de lado tudo que você já sabe. Você tem de olhar para o presente num estado de não conhecimento. A mente vai tremer – deixe-a tremer. Deixe-a morrer de tremedeira. Não lhe dê ouvidos.

Quando você penetra o desconhecido, quando você vai na direção interior, você vai sozinho, absolutamente sozinho – ninguém pode acompanha-lo. Você perde o contato com o mundo exterior: quanto mais fundo você vai interiormente, mais o mundo exterior começa a desaparecer. No verdadeiro centro do seu ser, o mundo exterior desaparece como um sonho.

Nesse momento, observe sua respiração, e lentamente caminhe em direção ao centro do seu ser... 
E quando o mundo desaparece, lembre-se, você, como um ego, desaparece também, porque você somente pode existir num relacionamento com os outros.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO (1)
Quando você vai na direção interior, você vai sozinho, absolutamente sozinho – ninguém pode acompanhá-lo.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO (2)
Nessa jornada, você perde todo o contato com o mundo exterior.
Quanto mais fundo você vai interiormente, mais o exterior começa a desaparecer.
No momento que você chega ao verdadeiro centro do seu ser, o mundo exterior desaparece como um sonho: as pessoas... As montanhas... As estrelas...
E chega um momento em que não existem mais.
Só permanece a infinita vastidão... O nada.


FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO (3)
Nos próximos minutos, bem lentamente...
Retire sua atenção do exterior e caminhe em direção ao centro do seu ser... mantenha sua consciência em seu espaço interior.

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.

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