O eu não existente - o "não eu"

Buddha trabalhou continuamente por seis anos em busca do eu. Você já ouviu o famoso ensinamento de todos os tempos: “Conheça a si mesmo”! E Buddha trabalhou duro; por seis anos ele tentou... a partir de todos os cantos, ângulos e lados possíveis, ele tentou penetrar a realidade do eu, mas ele não pôde encontra-lo. Conheça a si mesmo, e no dia em que você se conhecer saberá que não existe eu.
Aqueles que penetraram fundo em seus próprios seres vieram a conhecer o completo silêncio. Ninguém foi encontrado ali... então todos os problemas desaparecem, pois o criador do problema desapareceu.

O mestre diz:
Meu eu de há muito tempo,
Em natureza não existente;
Nenhum lugar para ir quando morto,
Nada absolutamente.

Novamente, tente contemplar cada palavra: Meu eu de há muito tempo... Antes do nascimento, éramos não existentes, e assim, de novo, seremos após a morte. Nenhum eu existia antes do nascimento e nenhum “eu” existirá após a morte.
Buda insiste muito nesta visão do não-eu, pois todos os nossos desejos estão à volta do conceito do eu: eu sou. Mas, perceba... Se eu sou, então mil e um desejos surgirão... Se eu não sou, então como desejos podem surgir a partir do nada?
Esta é uma das maiores contribuições de Buda ao mundo.

Meu eu de há muito tempo...

Antes do nascimento nós éramos não existentes, não eu, e deveremos ser assim novamente após a morte. Portanto, estamos nessa condição no momento presente, sem nada no mundo que possamos chamar de nosso. Isso atinge o âmago do problema.
Não deixe de possuir as coisas – deixe de possuir o seu eu, e então as coisas são deixadas de lado, naturalmente. Se eu “não sou”, então como a casa pode me pertencer? Se eu “não sou”, então como posso possuir uma mulher ou um homem? Se eu “não sou, então como posso possuir um filho? Perceba... Se eu “não sou”, como a propriedade é possível? Não existe ninguém para possuir!
As religiões disseram: “renunciem às posses”! Buddha chega e diz: “renunciem o possuidor”! E isso vai infinitamente mais fundo. Porque você pode renunciar às posses, mas o possuidor permanece, e com ele o modelo para possuir novamente.
Perceba... Uma pessoa renuncia a esta vida mundana e se muda para uma caverna no Himalaia, mas então ela possui a caverna. E se alguém vier e começar a viver na caverna, ela o expulsará e dirá: ‘Saia! Esta é a minha caverna”! E esta mesma pessoa renunciou a sua casa, a sua esposa e os seus filhos. Mas agora a mesma possessividade entrou em uma nova forma.
Não importa o que você possui, mas se você possui, então você permanece na estrada esburacada – você permanece no mundo dos desejos – e continuará em sofrimento tentando sustentar, tentando agarrar qualquer objeto que lhe traga uma sensação agradável e continuará sofrendo tentando empurrar, tentando escapar de tudo aquilo que lhe traga uma sensação desagradável.
Buddha vem e corta a raiz. Ele diz que não há ninguém para possuir. Perceba a beleza e a imensa implicação disso. Corte a raiz! não abandone as posses, abandone o possuidor.
E então você pode viver no mundo sem problemas. Viva no mundo e não possua, pois não há ninguém para possuir. O mundo não lhe fará nenhum mal; todos os males acontecem devido ao ego.
Com essa visão e transformando esse ensinamento em sua própria experiência, no dia a dia, você pode viver sem estresse, sem ansiedade, sem tensão... Você pode viver em profundo êxtase e bem estar.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO
Meu eu de há muito tempo
Em natureza não existente...

Buda diz que a meditação básica é perceber que “Se eu não era antes do nascimento e não serei novamente depois da morte, então como posso ser agora”?


COMPREENSÃO / REFLEXÃO
Esta é uma das meditações mais fundamentais. Se isso pode se assentar em você, que “eu não sou”, então de repente o mundo desaparece. Saber que “eu não sou” é saber que não há necessidade de fazer coisa alguma, de ser coisa alguma, de possuir coisa alguma, de atingir coisa alguma. Quando não existe o eu a ambição é irrelevante.

E não importa o que você deseja.
Você quer dinheiro ou meditação? Perceba, o desejo é o mesmo e somente o objeto mudou. E o objeto não é o problema – o problema é o próprio desejo.
Alguém deseja uma longa vida aqui, um belo corpo aqui, sucesso, fama... Uma outra pessoa deseja a vida eterna com Deus no paraíso – qual a diferença?
Conheça a si mesmo, e no dia em que você se conhecer saberá que não existe eu.
E compreendendo isso a tensão se dissolve... A ansiedade se dissolve... E você, como ego, se dissolve...


FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Nos próximos minutos, penetre fundo em seu próprio ser e alcance o completo e absoluto vazio, um silêncio imperturbado e virgem.
Penetre o vazio....

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.

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