Objetivos são criadores de infelicidade

Retire suas energias dos sentidos...
E penetre suas raízes mais profundas...
E como o oceano, absorva em si mesmo, calmamente, todos os rios do desejo.
E nesse vazio em que você se encontra absorva-se na espacialidade da tua própria mente.
Fecha teus olhos, veja todo o espaço como se este tivesse sido absorvido pelo interior da tua cabeça, torna teu olhar na direção interior e lá, vislumbre a espacialidade da tua verdadeira natureza.
Meditando sobre este vácuo interior, alcançarás espacialidade divina.

Olhar numa outra direção, descobrir sua verdadeira natureza, entrar em contato com sua essência, não é algo que as pessoas desejam. As pessoas estão em busca de mais magia, estão em busca de mais sonhos, estão em busca de ilusões em suas vidas.
A mente comum está constantemente procurando por novos sonhos, por novas sensações. Na verdade, as pessoas tem medo de despertar do sonho da ilusão, pois o seu despertar pode despedaçar toda a magia, pode despedaçar todos os seus desejos e os belos sonhos que a pessoa tem.
Descobrir a própria essência não interessa as pessoas, pois no momento em que uma pessoa inicia uma busca pela sua natureza real, ela não é mais parte da multidão – ela se torna um indivíduo. E essa busca é árdua; ela necessita de coragem, de inteligência e de consciência.

Em uma passagem, Buddha afirma não haver objetivo na vida – nada a ser alcançado externamente – deixe isso penetrar em seu coração. Não há objetivo na vida.
O objetivo não existe, ele é imaginário, é sua criação. Você cria o objetivo e, então, a humanidade é dividida em santos e pecadores. Aqueles que estão se movendo em direção ao objetivo (que você criou) são virtuosos, e aqueles que não estão se movendo em direção aos objetivos (que você criou) são os pecadores. 
Perceba a importância disso: a ideia do objetivo cria o céu e o inferno. Aqueles que estão se movendo em direção ao objetivo – as pessoas obedientes e boas, serão recompensadas com o céu. E aqueles que não estão indo em direção ao objetivo, os pecadores e as pessoas más, serão punidos com o inferno.
Primeiro você cria o objetivo, depois tudo se segue... então são criados o céu e o inferno, o medo de perder o objetivo, o ego de atingir o objetivo. Perceba... Você criou toda a confusão, toda a neurose da mente.
Buddha ataca a própria raiz. Ele diz que não há objetivo. Apenas esta simples afirmação pode se tornar uma força libertadora: não há objetivo. Então a pessoa não está indo a lugar algum, porque não há lugar para se ir e ninguém para ir. Tudo sempre esteve aqui e sempre esteve disponível.
O objetivo significa futuro; portanto você começará a ficar mais interessado no futuro e a se esquecer do presente. O objetivo cria tensão, angústia, medo – (será que) “vou conseguir ou não?” -, o objetivo cria competição, inveja, conflito e hierarquia. Aqueles que estão se aproximando do objetivo são superiores e os que não estão são inferiores.
O entendimento de Buddha é completamente diferente. Ele diz: “A vida em si mesma é seu próprio sentido”. Você não precisa criar qualquer outro sentido, porque todos os sentidos criados se tornarão apenas fontes de ansiedade. A rosa que desabrocha no jardim não está desabrochando por algo mais! E o rio que flui para o oceano não está fluindo por algo mais - o fluxo é a alegria, o florescimento é a celebração.
Quando você fica muito orientado pelo futuro, começa a se esquecer do presente, o qual é a única realidade.
Os pássaros cantando, este momento!... Este aqui e agora... Tudo isso é esquecido quando você começa a pensar em termos de alcançar algo. Quando surge a mente conquistadora, você perde o contato com o paraíso em que você está.
Esta é uma das abordagens mais libertadoras: ela libera você agora mesmo! Esqueça-se de tudo sobre pecado e santidade; ambos destruíram todas as alegrias da humanidade. A culpa se aloja em seu peito como uma rocha e o esmaga; ela não permite que você dance. Como a culpa pode dançar, cantar, amar e viver? Você fica pesado e carregado. Como você pode desfrutar a vida se está continuamente se sentindo culpado?
E a pessoa que acha que é santa também não pode viver e se deleitar, pois ela está com medo: se ela tiver deleite, poderá perder a sua santidade; se ela rir poderá cair de sua alta posição. A risada é mundana e a alegria é comum – o santo precisa ser sério, e ter uma face triste. Ele não pode dançar, pois a dança pode distraí-lo. Ele não pode segurar a mão de alguém, pois pode se apaixonar e surgir o apego. Um santo não pode relaxar, não pode tirar férias, pois as férias significam que ele terá de permitir tudo aquilo que esteve controlando, e se não pode relaxar como pode desfrutar e celebrar?

Então, reflita:
Objetivos são criadores de infelicidade. A mente conquistadora é a fonte original de todas as enfermidades, de todas as doenças, de toda confusão.


MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO
Buddha diz:
 “A vida em si mesma é seu próprio sentido - não há lugar para se ir”.


COMPREENSÃO / REFLEXÃO
No fundo, você é apenas um bambu oco, e a existência flui através de você por nada além do puro deleite de fluir.
Observe as rosas, a grama... Observe os rios e as montanhas, viva com a natureza, e lentamente você perceberá que nada está indo a lugar algum. Tudo está se movendo, mas não para alguma direção e objetivos.


FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Por alguns instantes, dissolva as metas - os objetivos.  Nesse silêncio, a vida se torna a única escritura e se torna tudo que existe.
Sem tensão, sem ansiedade, sem nenhuma expectativa de qualquer natureza, dissolva-se nesse momento.
Viva esse momento e saiba, viva esse momento e sinta, viva esse momento e simplesmente seja.

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.

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