Em meio às atividades da vida diária, a nossa mente se torna facilmente dispersa, oscilando entre a agitação compulsiva e a exaustão.
Nossas práticas têm o propósito de recompor e focar a mente por meio do cultivo da quietude, da estabilidade interior e da vivacidade interna – da clareza ao olhar.
Este processo de refinar a atenção nos leva a um estado chamado de felicidade genuína, um estado que surge unicamente de uma mente saudável e equilibrada.
Creio que todos os seres humanos anseiam pela felicidade genuína (felicidade verdadeira), uma qualidade de bem estar mais profundo do que o prazer, mais profundo do que o entretenimento, mais profundo do que o estímulo intelectual passageiro. Segundo um mestre tibetano do século XIV (Tsongkhapa), este anseio está no nível mais profundo de nosso ser, a natureza de Buda ou consciência primordial.
Aquiete sua mente...
E totalmente relaxado, permita-se penetrar em cada palavra.
A figura da Pessoa Real
Posicionada ali –
Apenas um vislumbre dela
E ficamos enamorados
Um sutra imensamente belo. A figura da Pessoa Real: esta é a figura da Pessoa Real – inatividade original, estar ali sem estar ali. Nesse estado a ação flui, mas ela é natural, é um acontecimento, não um fazer. Este fluir, esta espontaneidade, esta unidade com o total, com o todo, é o que o Mestre Ikkyu chama de pessoa
original ou real.
Você é irreal – como você é, você é irreal. Deixe-me lembra-lo: o ser humano pode viver de duas maneiras: a real e a irreal, a natural e a artificial. Todos se tornaram irreais, e precisa-se de muito esforço para permanecer irreal, daí a irrealidade ser agonizante. É muito árduo permanecer irreal, é um trabalho constante, pois precisa-se ir contra a natureza. Trata-se de ir contra a corrente, de empurrar o rio, com suas minúsculas mãos, empurrar o gigantesco rio... Você se sente cansado, acabado e desintegrado e mais cedo ou mais tarde se sentirá derrotado – o rio o possuirá e você será levado pela correnteza.
Ser real significa ir com o rio, fluir com o fluxo, permitir que o fluxo flua através de você.
A figura da Pessoa Real Posicionada ali...
E uma vez vista a figura da pessoa real em você... E ela está sempre posicionada ali, esperando que você olhe para trás.
A figura da Pessoa Real Posicionada ali...
Apenas um vislumbre dela E ficamos enamorados.
Apenas um vislumbre dela... E de repente todo o ódio, toda a raiva, toda a agressividade e toda a violência desaparecem. Apenas um vislumbre da Pessoa Real... De sua realidade, de sua autenticidade, de sua naturalidade... E ficamos enamorados. Na verdade, nós somos amor. Então a vida toma uma nova cor, um novo aroma, uma nova fragrância, um novo sabor. Esse sabor é chamado amor.
Buda disse que, quando uma pessoa atinge o insight, há somente uma indicação do exterior para saber se ela atingiu - ou não – o amor.
Há apenas uma indicação, e esta é o amor. Mas para compreendê-lo você precisa ser um pouco silencioso, amoroso e aberto. Se você estiver cheio de preconceitos, então você continuará perdendo.
Apenas olhe nos olhos de uma pessoa real, e de repente algo começará a mexer também em seu coração – seu coração pulsará com um novo vigor, sua existência abrirá suas asas.
Apenas um vislumbre dela
E ficamos enamorados
Um único vislumbre transforma toda a vida. Quando você olha para seu âmago, você nunca mais é o mesmo. Então sua vida nada mais é do que amor, então você vive o amor, então você é amor.
E esse amor não é o amor que você conhece. O que você conhece nada mais é do que sensualidade camuflada de amor. O que você conhece é uma espécie de exploração, uma exploração mútua, de duas pessoas que não são capazes de ficar sós. Elas se aproveitam e se ajudam a ficar juntas. O amor real surge somente quando a pessoa real foi investigada, foi encontrada. Então o amor é um estado de ser, não um relacionamento. Então você se doa, porque você não pode fazer outra coisa; então você compartilha – não porque você decide compartilhar. Então você floresce em amor, grandes lótus se abrem e a fragrância é liberada.
Então olhe para dentro! Você já olhou para fora o bastante, já procurou fora o bastante. Você viveu na noite escura por muitas e muitas vidas; é hora! Não dá mais para esperar! É hora certa de olhar para dentro. Você se tornou muito artificial, muito antinatural.
Deixe-me apresenta-lo a você mesmo... Torne-se novamente familiarizado com quem você é. E um único vislumbre transforma, e transforma para sempre.
E de novo eu gostaria de repetir: esta transformação não é algo especial – ela é muito normal, pois é apenas a sua natureza. Bata e a porta lhe será aberta, peça e lhe será dado, procure e você encontrará...
Então, nos próximos minutos, olhe pra dentro... Procure deixar a superfície para trás, procure deixar toda a sua artificialidade pra trás, procure deixar sua mente pra trás... E mergulhe profundamente em direção ao centro do seu ser... E um único vislumbre da Pessoa Real posicionada ali... E ficamos enamorados.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
Apenas um vislumbre da Pessoa Real e ficamos enamorados
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
Essa técnica é um dos maiores sucessos da tradição meditativa budista, porque apresenta um caminho direto que leva à realização da nossa natureza mais profunda.
Observar a respiração com Plena Atenção leva você um passo adiante no caminho para a iluminação sem que você precise acreditar em nenhum credo específico para praticá-la. Com a prática você é capaz de ver por si mesmo o quanto ela pode aliviar as aflições da mente e trazer uma maior sensação de bem estar e satisfação.
A nossa natureza fundamental sempre foi a pureza e a bem aventurança inatas que estão ali só a espera de serem descobertas.
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Observe atentamente como a sua mente opera; observe os pensamentos, sentimentos, imagens ou palavras que vão surgindo em sua mente... Deixe-os passar diante de você sem nenhuma intervenção, e logo em seguida eles desaparecem...
Repouse na consciência pura... Essa consciência não é algo a ser desenvolvido ou alcançado. Ela está presente neste momento. Então simplesmente apanhe o fio da pureza absoluta de sua própria consciência e sustente-o ininterruptamente...
Neste estado sinta o seu coração pleno, corpo e mente completamente relaxado e uma profunda sensação de bem estar... Esse é o primeiro sinal de felicidade genuína (felicidade verdadeira) que vem da natureza da própria consciência.
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
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