Apego e liberação

Independentemente do quanto você receba de alguma coisa, isso nunca satisfará o seu desejo por algo melhor ou por algo mais intenso. O que não percebemos é que esse desejo contínuo, esse desejo permanente só traz sofrimento; a natureza desse desejo é a frustração emocional.

Considere isso: imagine que estamos em uma sala e um amigo entra com um bolo delicioso e o entrega a apenas uma pessoa, que permanece sentada, comendo-o sem partilhá-lo com o restante dos presentes. Nós ficaríamos aborrecidos, não é mesmo? Seríamos totalmente tomados por inveja e raiva. Embora não tenhamos consciência disso, é assim que funciona a nossa mente: em vez de nos contentarmos ou mesmo nos alegrarmos com a alegria da outra pessoa, pensando: “Que gentileza... Ele trouxe um bolo delicioso só para aquela pessoa. Espero que esse bolo esteja realmente delicioso” – não! Nós nos sentimos magoados por termos sido ignorados. (não é assim?).

Perceba... seu amigo que sabe que você está na sala e adora bolo, entra na sala e nem oferece o bolo a você; ele entra na sala e dá o bolo para uma outra pessoa. Você, no mínimo, iria pensar “ele nem me ofereceu, eu ia dizer não, obrigado, mas ele me ignorou completamente...

Superficialmente, aparentemente, parece que nossa reação envolve apenas o bolo, mas não! Se formos mais a fundo descobriremos que nossas mentes estão realmente pensando: “O que desejo é que eu seja feliz. Não me importa se a outra pessoa é feliz”. Ele poderia, pelo menos, ter me oferecido, podia ter me olhado, podia ter me visto, mas não! me ignorou completamente. Quando essa reação é vista exatamente como apego, ou seja, apego a esse “eu” superficial, criado pelos pais, pelos professores e pela sociedade, e que nós vamos chamar ignorância do auto apreço (“eu” sou importante; ele poderia ter “me” visto, poderia ter “me” oferecido o bolo; afinal de contas ele “me” viu), perceba, “eu, “me”, “meu”, “mim”. Quando essa reação é vista exatamente como apego ela tem menos poder sobre você.

O mestre vai dizer que quando você consegue reconhecer a força energética do apego, o pensamento que mostra o caminho para a liberação surge naturalmente.

Alguém pode pensar que para desapegar é preciso se desfazer dos bens materiais, mas não! Para superar o sofrimento, não é preciso desistir de todos os nossos bens - não há nada de errado em ter prazer e divertimento. Não há nenhum conflito em seguir um caminho espiritual e viver a vida com prazer. O problema surge porque nos apegamos aos prazeres, transformando-os de fonte de felicidade em fonte de dor e sofrimento.

Nós podemos, sim, aproveitar a vida material ao máximo, mas procure entender a natureza impermanente tanto dos objetos, quanto das pessoas, como das situações que você está desfrutando no momento. A sua própria mente é impermanente. Hoje você quer muito uma coisa - um objeto, uma pessoa ou viver uma situação -, mas amanhã você já não liga mais. Compreender isso é o verdadeiro propósito do caminho que leva à iluminação.

A pessoa verdadeiramente rica é aquela que tem uma mente satisfeita. A riqueza da satisfação vem da sabedoria e não das circunstâncias externas.

Se você estiver realmente livre da mente de apego, perceberá que nada lhe pertence de fato. Então o desafio é ser livre; é agir com a mente clara e plenamente consciente de momento a momento sobre todas as suas ações de seu corpo fala e mente.

O conceito do ego constrói a projeção de um “eu” superficial e ilusório, que começa a observar os prazeres do mundo dos sentidos, e rotula os objetos como desejáveis. A partir daí, surge o apego que se agarra a esses objetos, pessoas ou situações atraentes.

Outro ponto importante é perceber que as palavras dos outros não podem mudar a nossa realidade – não há necessidade de se elevar com elogios ou se rebaixar com as críticas.

O mestre finaliza dizendo que seria maravilhoso se você reconhecesse que o seu próprio apego é a causa de todos os problemas que você vive.



MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)

ESCUTA / ENSINAMENTO
Quando você consegue se conectar com a mente original, liberta-se de toda escravidão do apego e é capaz de encontrar prazer sem depender dos objetos dos sentidos


COMPREENSÃO / REFLEXÃO
Libertação significa uma mente que superou o apego; significa que seu coração não está mais vinculado à mente descontrolada e insatisfeita.
Para alcançarmos a liberação do apego a objetos, pessoas ou situações, precisamos colocar os ensinamentos em prática, e a prática do Dharma é um poderoso método para se obter a liberação total do apego.

Então o mestre vai dizer que a experiência de um átomo de mel em sua língua é muito mais poderosa do que anos ouvindo explicações sobre a doçura do mel. Não importa o quanto lhe falem sobre a maravilhosa doçura do mel, pois você continuará pensando: “talvez seja, talvez não seja”.
A verdade da felicidade indestrutível da libertação é assim. Você precisa colocar em prática. Se você ficar dez anos ouvindo os ensinamentos e pensando: “ah tá entendi”, não vai haver nenhuma transformação. Você vai continuar pensando: “Será que vai me libertar do sofrimento mesmo? Talvez sim, talvez não – e não vai adiantar nada! Precisamos colocar em prática os ensinamentos que recebemos, e precisamos aplicar esses ensinamentos todos os dias.


FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Nos próximos minutos, olhe dentro, explore o seu universo interior, busque um espaço de silêncio...
E, de repente, tudo é luz – você alcançou a mente original, a mente antes de lhe darem um nome, uma religião, um time de futebol; antes de lhe dizerem o que é certo e errado... mente original.
Alcançando a mente original, sinta a bem aventurança desse momento.

Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.

Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.

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