Lama Yeshe vai dizer que o apego é a fonte da raiva
Existem pessoas que acreditam que seja possível se libertar da raiva ao expressá-la, e que é possível dissolver a raiva por completo simplesmente deixando que ela se manifeste.
Na verdade, o que ocorre é que essa manifestação da raiva, esse extravasamento da raiva, acaba deixando uma impressão na mente que faz com que a pessoa tenha raiva outras vezes no futuro. Com isso, a pessoa sofre no primeiro momento da raiva e sofre toda vez que essa impressão mental surge.
Num primeiro momento, parece que você se libertou da raiva ao manifestá-la, ao extravasá-la, ao coloca-la pra fora, mas, na verdade, você está apenas regando as sementes de raiva em sua mente.
As impressões mentais que a raiva deixa na consciência simplesmente reforçam nossa tendência de responder às situações com mais raiva (com mais agressividade) ainda. Mas isso não significa que você deva reprimir, suprimir a raiva, e que, de algum modo, deva reprimir tudo.
Em vez de se envolver inconscientemente pela raiva, manifestá-la através de uma reação mecânica, eu convido você a reconhecer a raiva como raiva e entender que esta emoção surge apenas devido a determinadas causas e condições. Quando você compreender isso, em vez de se manifestar externamente, a sua raiva irá se dissolver.
Considere isso: digamos que você tenha um filho único. Quando essa criança faz coisas tolas, você reconhece que se trata de uma tolice, mas, porque você a ama, isso não o incomoda: você acaba aceitando o que a criança faz. Se houver necessidade de correção você o corrige. Mas você continua enxergando o seu filho como bonito e maravilhoso, mesmo quando ele faz algo negativo. Você se motiva a trabalhar a sua raiva em vez de direcioná-la para o seu filho.
Não é preciso que se trate de seu filho único para que você faça essa exceção. Quando se entende a condição humana em seu nível mais profundo, conseguimos trabalhar com a tolice de qualquer ser vivo do universo. Por que não? Assim como enxergamos o nosso filho travesso como bonito e maravilhoso, mesmo em meio às tolices, isso também pode acontecer quando os outros são tolos.
Você sabe perfeitamente bem que quando o seu filho faz uma tolice, é porque ele está sob o controle de sua mente superficial. Você sabe que seu filho, assim como você, é empurrado psicologicamente por uma mente descontrolada e confusa, ou seja, você não tem liberdade. No entanto, em vez desse fato deixa-lo ainda mais irritado, você tem apenas mais compaixão por esse pobre e tolo filho oprimido e completamente dominado pelo apego.
Para finalizar o mestre diz:
Quando seu único filho está nessa situação, você entende perfeitamente bem a natureza humana e, então, a sua raiva se dissolve e a compaixão pelo seu filho surge de modo espontâneo. Procure agir assim com todas as pessoas. Da próxima vez que você se deparar com uma pessoa fazendo uma grande tolice, pare – não reage instantaneamente -, respire, conscientize-se do que está realmente acontecendo; só então, você vai agir e falar, mas sempre com bondade em seu coração, e a compaixão surgirá espontaneamente, assim como surgiu diante do seu próprio filho.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
A raiva surge por causa das nossas interpretações
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
O mestre vai dizer que de maneira alucinada e equivocada, concluímos que os problemas estão fora – e, perdidos em confusão, geramos raiva dos outros.
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Nos próximos minutos repouse sua atenção na respiração
Em Shamatha simplesmente repousamos a atenção no ar entrando e saindo... entrando e saindo...
Com a continuidade do treino, a sua mente irá se estabelecer num estado de perfeito repouso e, então, sempre que você for atravessado por emoções negativas, você terá tempo para parar, respirar e agir conscientemente.
Assim que essa sensação de ESPAÇO e SILÊNCIO surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
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