Esperamos continuamente por felicidade e prazer. Estamos sempre buscando uma maneira de não sentir a parte desagradável da vida. No entanto, esse sonho inquietante nunca irá se realizar. E sem ter uma noção dessa realidade – que não controlamos absolutamente nada -, continuaremos seguindo aprisionados por uma ansiedade e insatisfação repetitivas ao longo do tempo.
Buddha falou muito sobre a importância de trabalhar o próprio ego. O ego está sempre resistindo ao que é; há uma luta constante contra o movimento natural da vida, e quando as coisas não saem do jeito que queremos, sentimos uma desconfortável incerteza – e tentamos escapar dessa experiência a todo custo.
Um dos métodos de defesa mais comum para justificar o nosso fracasso, é colocar a culpa em algo externo. Se o relacionamento não está funcionando bem, culpamos a outra pessoa. Se somos dispensados do emprego, culpamos a situação política, ou os nossos colegas de trabalho. No entanto, uma outra abordagem é treinar a mente para sentir o que sentimos, simples assim.
Quando resistimos ou tentamos escapar daquilo que é, geralmente ocorre um aperto no peito, uma contração em algum lugar do corpo.
O mestre vai dizer que quando você sentir uma sensação desagradável tente manter o conforto no desconforto por um instante.
Na verdade, não temos paciência para aguentar sentimentos ou sensações desagradáveis, e quando você se permite ficar presente com o sentimento por um tempo - uma raiva, por exemplo -, aquela sensação continua mudando. E chega o momento em que essa raiva não é mais tão ameaçadora.
Sofremos porque queremos controlar o que é transitório – pessoas, coisas ou situações. Buscamos segurança o tempo todo, agarramos o que está em movimento, tentamos escapar da natureza plenamente viva de tudo – queremos congelar as coisas. Em consequência, nos sentimos insatisfeitos, inquietos, ameaçados.
Passamos a maior parte do tempo aprisionados numa gaiola por nosso próprio medo do desconforto. Queremos segurança, mas a vida é insegura e essa é a sua beleza.
Precisamos aprender a relaxar com a natureza transitória, incontrolável das coisas. Podemos lentamente aumentar nossa capacidade de expandir em vez de contrair; podemos aumentar a nossa capacidade de soltar em vez de ficar tentando agarrar as coisas a qualquer custo.
Toda vez que treinamos manter a incerteza dentro do nosso coração, alcançamos um pequeno entendimento das coisas como elas realmente são; passamos a ter a experiência direta de que nada se mantém igual, nem por um único instante. Tudo que vemos, ouvimos, cheiramos, tocamos e pensamos está em constante mudança. Nem mesmo nossas emoções mais pesadas, mais desagradáveis, tem solidez.
Para finalizar, o mestre diz:
Se escondermos nossa vulnerabilidade, o resultado será a agressividade e violência contra os outros – e todas essas coisas feias.
Mas se conseguirmos ir além da culpa e simplesmente sentirmos a qualidade nua e crua do nosso desconforto estaremos num espaço onde o melhor de nós irá se revelar.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
Todos nós temos um imenso potencial, mas nos fechamos num mundo muito pequeno, amedrontado, baseado no desejo de evitar o desagradável, o doloroso, o inseguro, o imprevisível.
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
Como dizia Trungpa Rinpoche:
Existem sons que você nunca ouviu, odores que nunca sentiu, imagens que nunca viu, pensamentos que nunca teve.
O mundo é espantosamente cheio de potencial para uma abertura cada vez maior, para ser experimentado de modo sempre mais amplo.
Quando aprendermos a manter a verdade sobre as incertezas do nosso coração, seremos capazes de experimentar a vastidão do universo em nossos corações e mentes.
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Nos próximos minutos...
Volte sua atenção para dentro do coração...
E respire lenta, profunda e suavemente... momento a momento...
A mente se aquieta e penetramos um espaço de silêncio que nos nutre... um vazio luminoso... e percebemos que não precisamos ir a lugar nenhum, pois tudo que precisamos está aqui e agora.
Assim que essa sensação de BEM ESTAR surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
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