Às vezes nos percebemos a ponto de fazer algo que não parece muito certo. Nós estamos prestes a reagir de modo habitual a alguma situação do dia a dia e sentimos uma ponta de dúvida ou mal estar. Nessas horas, podemos evitar muitos problemas ao fazer uma simples pergunta: “isso importa”?
Quando começamos a perguntar “isso importa”? nós percebemos que nossos pensamentos podem nos levar a uma série de consequências.
Quando estou a ponto, por exemplo, de enviar uma mensagem hostil, isso importa? Importa pra mim? Importa para os outros? Quando eu fuzilo alguém com os olhos e falo de forma agressiva, isso importa? Quais são as consequências do meu comportamento? Estou causando mal a mim mesmo e aos demais? Importa se eu me desculpar? Que drama estas palavras ou esta ação irão desencadear? Terão algum impacto maior no mundo?
Esses questionamentos estão intimamente relacionados a um dos principais interesses de Buddha: como levar uma vida virtuosa. Os praticantes budistas são incentivados a se comprometerem com alguns preceitos básicos, como não causar mal aos outros, não roubar, não mentir... (mas) Seu principal interesse sempre foi o de ajudar as pessoas a se libertarem do sofrimento.
Buddha compreendia que nosso sofrimento tem origem em uma mente confusa, então, ele encorajou as pessoas a promoverem ações que não atrapalhem o processo do despertar.
Quando nos perguntamos “isso importa”? podemos primeiramente olhar para os resultados exteriores, mais óbvios das nossas ações. Depois podemos nos aprofundar, examinando a maneira como estamos afetando nossa própria mente.
Estou caminhando na direção de me tornar uma pessoa mais desonesta, mais agressiva? E quando minha experiência é praticar a paciência ou a generosidade?
De que maneira minhas ações afetam meu processo de despertar? Aonde me levarão?
Quais ações despertam o meu coração? E o que impede esse processo de acontecer?
Buddha dizia que, se queremos saber sobre o nosso passado, devemos olhar para o nosso presente, pois ele resulta de nossas ações passadas. Se quisermos saber do nosso futuro, devemos olhar para o que estamos fazendo agora. Não há nada que se possa fazer para mudar o passado e o presente, mas o futuro está aberto. O que fazemos agora (com o nosso corpo, fala e mente) ajudará a criar esse futuro – (veja bem...) que não é somente nosso, mas um futuro que iremos compartilhar com muitos outros seres.
Cada uma de nossas palavras e atitudes afeta o futuro, mas de onde vêm as palavras e as nossas ações? Tudo começa em nossa mente. Quando cedemos a ressentimentos ou a raiva, criamos diversos problemas para nós mesmos.
Quando começamos a perguntar “isso importa”? percebemos a quantidade de aspectos existentes em cada situação. Começamos a ver o quanto estamos interligados ao resto do mundo e como até nossos padrões de pensamento podem levar a toda uma série de consequências.
Nunca sabemos o que irá acontecer em nossa vida ou o que irá surgir em nossa mente. Mas tudo que fazemos, falamos ou pensamos deixa uma marca mental. E embora não se possa prever ou controlar o que virá ou como nos sentiremos a respeito, algo pode ser feito em relação ao modo como reagimos. É aí que entra o “isso importa”? A pergunta quer dizer que sempre temos uma escolha para nosso modo de reagir. E quanto mais seguimos adiante tendo plena atenção, mais acessível nos será essa escolha.
Para finalizar o mestre diz:
Se nossa meta é despertar para nosso próprio benefício e de outros seres vivos, então é necessário mudar. E o nosso dia a dia, cheio de desafios, nos dá a maior oportunidade de mudança. Cada vez que nos pegamos seguindo a mesma trilha de uma reação habitual, temos a chance de interromper a dinâmica e descobrir uma nova direção e profundidade para a nossa vida.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
Cada experiência pode ser transformada num novo obstáculo ou num modo de nos libertarmos do sofrimento (Trungpa Rinpoche).
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
Por pura compaixão, o mestre nos ajuda a entender um pouco mais esse ponto
Ele diz:
Ao olhar para baixo e ver um mosquito na sua perna, se a sua tendência for de agressividade em relação aos mosquitos, você pode seguir com esse sentimento e plaft, matar o mosquito. Isso vira meio de criar um obstáculo futuro; você semeia mais agressividade e insensibilidade em sua mente, o que retarda o processo de despertar o coração.
Por outro lado, mesmo indo contra a sua tendência, você pode tentar uma reação amistosa para com o mosquito. Pode simplesmente olhar para ele com gentileza e pôr a sua mão perto dele para que ele voe. Isso transforma a visita do mosquito de um acontecimento chato em uma oportunidade de semear gentileza e tolerância, uma apreciação da sacralidade da vida.
Essa ação transforma-se numa pequena medida para abrir um pouco mais o coração e a mente – em outras palavras, para se libertar.
Não estamos condenados de jeito nenhum por qualquer coisa que aconteça; podemos começar a dar o nosso melhor agora mesmo. Sempre há uma pequena coisa que podemos fazer para alterar nossa reação habitual, mesmo que só um pouquinho.
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Nos próximos minutos
Vamos fazer uma pequena pausa em nossos pensamentos e observar a respiração...
Tudo que fazemos, dizemos ou até pensamos, deixa uma marca em nossa mente. Tudo conta. Entretanto, ao mesmo tempo, há muito espaço para relaxar e apreciar o que a vida tem a oferecer, e gradativamente transformar nossa mente e seus hábitos.
Nos próximos minutos, surgindo algum pensamento, lembrança ou imagem, pergunte a si mesmo: Isso importa?
E volte a observar a respiração. Crie espaço para a mente relaxar.
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
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