Reflita por um instante:
Quando as coisas ficam realmente complicadas pra você... quando você sente medo, quando você está só, quando você está com raiva... quando tudo está desmoronando... em que você se refugia?
A maioria das pessoas, em tempos difíceis, busca refúgio na Netflix, em excesso de comida ou em alguma distração (sim ou não?)
O mestre (Trungpa Rinpoche) vai dizer que quando os bebês precisam de conforto, eles podem chupar o dedo. Mas e quando as coisas ficam difíceis para nós, adultos? Geralmente fazemos a nossa versão de chupar o dedo. Então, a pergunta a fazer é: Qual é o seu dedo?
A zona de conforto está sempre nos atraindo nessas situações difíceis. É onde preferimos ficar. Mas se você passa o resto da vida apenas tentando ficar confortável, assistindo à Netflix todas as noites com seu sanduíche, aí pode se tornar um problema. Se ficarmos sempre nessa zona de conforto, como iremos crescer?
Existe uma zona de aprendizado onde nos expandimos para além do nosso conforto. Digamos que você tenha um apego extremo ao dinheiro e que não demonstra nenhuma generosidade. Para você, dar alguma coisa é como perder o chão; ameaça todo o seu ser. Nesse ponto, você pode sair da zona de conforto e dar um passo para a sua zona de aprendizagem, decidindo dar alguma coisa bem pequena. Isso pode desencadear questões profundas de apego e segurança. Mas, se você der, você estará entrando na sua zona de aprendizado. Você sentirá um desconforto, mas perceberá que sobreviveu. No dia seguinte você poderá dar outra coisa bem pequena, como um sorriso, um bom dia, qualquer coisa que force um pouco a barra. A zona de aprendizagem é provocativa, mas é onde acontece grande parte do nosso crescimento.
O interessante é que quanto mais disposto você estiver a sair de sua zona de conforto, mais confortável se sentirá com sua vida. Ficará mais fácil relaxar em situações que costumavam trazer medo e desgosto. Mas gente, tudo bem, se você estiver muito estressado e quiser ficar na sua zona de conforto um tempo.
Se entendermos como acontece o crescimento e estivermos inspirados a seguir o caminho do despertar, vamos criar apetite pelas coisas que nos desafiam. Somos, então, cada vez mais atraídos pelos lugares onde o aprendizado e o aprofundamento podem acontecer.
O sábio tibetano (Thogme Zangpo) escreveu que:
Uma pessoa cuja maior aspiração na vida é despertar para o benefício de todos os seres vivos, entende que um estilo de vida orientado para o conforto é insatisfatório. Porque a felicidade desaparece num instante. Basear seu conforto em coisas que não duram é uma estratégia fútil na vida. Mesmo que você consiga algo que sempre quis, o prazer é transitório.
Um exemplo bem expressivo é apaixonar-se. Aquela parte luminosa inicial – a fase da lua de mel – pode durar uns dois anos. Então, temos duas pessoas morando juntas, que é quando realmente começa a residir a zona de aprendizado. É por isso que os relacionamentos podem ser tão poderosos para o nosso crescimento espiritual. Se for para o relacionamento continuar, a expansão é inevitável. É aí que você começa a se aprofundar.
Porque ficar agarrado a coisas que estão em constante mudança é uma tática da zona de conforto. Quando nos aventuramos até a zona de aprendizado sentimos o ar fresco da nossa mais profunda sanidade.
Mas é justamente nesses momentos difíceis e desafiadores que acendemos a fogueira do ódio, que a mente se agita ou nos afundamos na preguiça. Isso acontece porque não estamos conectados com a nossa bondade essencial.
TONGLEN é uma das práticas mais eficazes para mudar nossas atitudes em relação ao conforto. Em vez de seguir o nosso hábito de evitar o desconforto, inspiramos o que tendemos a considerar desagradável ou ameaçador.
Durante esse brevíssimo tempo que temos na Terra, devemos nos perguntar como iremos passa-lo. Continuaremos a aumentar e fortalecer nossos hábitos neuróticos em nossa busca infantil e inútil por algum tipo de conforto duradouro? Ou vamos transformar esses hábitos neuróticos numa prática para entrar na zona de aprendizado e crescer?
Expandir a capacidade de nos sentirmos confortáveis na própria pele e nos disponibilizarmos para os demais seres, é uma maneira muito digna de passar a vida humana.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
A única maneira de nos libertarmos do sofrimento é despertar e nos aventurar na zona de aprendizagem
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
O mestre compara esse estado ao amplo espaço aberto da nossa bondade inata.
Mas ele diz, também, que geralmente achamos esse estado intimidador e ficamos envolvidos com o nosso ódio, intolerância, impaciência.
Isso acontece por falta de conexão com nossa bondade essencial
FAMILIARIDADE / MEDITAÇÃO
Nos próximos minutos
Mova-se para dentro de seu coração.
Encontre esse refúgio verdadeiro – um espaço de silêncio e paz.
A partir do silêncio podemos nos conectar com nossa bondade essencial e nos sentir livres de todo e qualquer sofrimento.
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos.
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