Shantideva diz:
Não há mal maior do que a raiva
Nem virtude maior do que a paciência.
Portanto, devo me empenhar de várias maneiras
Para me familiarizar com a prática da paciência.
A raiva é uma das aflições mentais mais comuns e destrutivas e nos aflige quase todos os dias. (Geshe-lá diz que) Para solucionar esse nosso problema, a raiva, primeiro precisamos identifica-la dentro de nós, saber como ela prejudica a nós e aos outros e apreciar os benefícios de ser paciente diante das dificuldades.
(mas...) O que é a raiva?
Raiva é uma mente deludida que destaca um objeto animado ou inanimado, julga que ele não tem atrativos, exagera suas más qualidades e deseja prejudica-lo. Por exemplo, no momento em que estamos com raiva de nosso parceiro ou parceira, ele nos aparece como detestável. Então, exageramos suas más qualidades, prestando atenção apenas nos aspectos que nos irritam e ignoramos completamente suas boas qualidades e sua bondade, até construirmos a imagem de alguém cheio de falhas. A seguir, desejamos prejudica-lo de alguma maneira, provavelmente criticando e o depreciando.
Por se basear num exagero, a raiva é uma mente irrealista; a pessoa ou a coisa intrinsicamente cheia de falhas que é focalizada pela raiva não existe de fato.
A raiva é um estado mental extremamente destrutivo, que não tem finalidade alguma.
Tendo entendido a natureza e as desvantagens da raiva, precisamos, então, observar nossa mente com cuidado o tempo todo a fim de reconhecer a raiva logo que ela surja.
Um dos piores efeitos da raiva é nos roubar a razão e o bom senso. Na ânsia de retaliar quem supostamente nos prejudicou, colocamos em risco nosso trabalho, nossas relações e até o bem estar de nossos familiares e filhos, pois quando ficamos bravos, perdemos qualquer liberdade de escolha e somos arrastados por um ódio incontrolável.
É por meio da raiva e do ódio que transformamos as pessoas em inimigos. Costumamos pensar que a raiva surge quando encontramos uma pessoa desagradável, mas de fato é a raiva, que já está dentro de nós, que converte aquela pessoa num suposto inimigo.
É muito importante identificar a verdadeira causa da infelicidade que sentimos. Culpar sempre os outros por nossas dificuldades é, sem dúvidas, um sinal de que ainda temos muitos problemas e falhas na nossa mente. Se estivéssemos realmente em paz, com a mente sob controle, pessoas ou circunstâncias difíceis não nos perturbariam, e não seríamos forçados a culpar os outros nem os considerar nossos inimigos.
Se conseguirmos, através da Plena Atenção, reconhecer uma linha de pensamentos negativos antes que eles se convertam numa explosão de raiva, será mais fácil controlar esses pensamentos. Agindo assim, não corremos o risco de reprimir a raiva e transformá-la em ressentimento. Controlar e reprimir a raiva são coisas muito diferentes. A repressão ocorre quando a raiva já se desenvolveu plenamente, sem que tenhamos reconhecido sua presença. Fingimos para nós e para os outros que não estamos com raiva – controlamos a expressão externa da raiva, mas não a raiva em si. Isso é muito perigoso, porque a raiva continuará alojada sob a superfície da nossa mente, fortalecendo-se cada vez mais até, inevitavelmente, um dia explodir.
Agora, quando através da Plena Atenção, reconhecemos nossos impulsos raivosos, vemos exatamente o que está acontecendo em nossa mente, e entendemos que deixá-los crescer só resultará em sofrimento. Tomamos, então, uma decisão livre e consciente de reagir de modo mais construtivo. Se agirmos desse modo habilidoso, a raiva não terá chance de se desenvolver e, portanto, não haverá nada a ser reprimido. Se aprendermos a controlar e a superar nossa raiva, sempre encontraremos felicidade, tanto nessa vida como nas vidas futuras.
Aqueles que desejam ser felizes, deveriam, portanto, esforçar-se para livrar suas mentes do veneno da raiva.
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
Cada momento de raiva é também uma oportunidade para desenvolvermos paciência
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
A raiva é um estado mental doloroso por natureza. Ficamos tão inquietos que é quase impossível adormecer e, quando conseguimos dormir um pouco, temos um sono descontínuo e agitado.
Não há nada mais destrutivo do que a raiva.
Ela destrói nossa paz e felicidade nesta vida e nos leva a cometer ações negativas que serão causas de sofrimento futuro. A raiva também bloqueia nosso progresso espiritual e nos impede de conquistar as metas que fixamos em nosso caminho.
O oponente da raiva é a aceitação paciente e, se estivermos seriamente interessados em progredir no caminho espiritual, não há prática mais importante do que essa – aceitação paciente.
FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO
Tendo contemplado profundamente este ensinamento
Medite na “determinação” de observar a sua mente de perto, e assim que notar que sua mente começou a ficar agitada, lembre-se que sentir raiva não resolve nada e só cria mais sofrimento para nós e para os outros.
Pratique continuamente essa meditação até que você “possa sentir” que a raiva dentro de nós é a verdadeira fonte de sofrimento.
E assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos, e desenvolva a firme determinação de se lembrar que cada momento de raiva é também uma oportunidade para desenvolver a paciência.
Ao terminar...
Tentamos levar esse “sentimento; sensação” conosco durante o intervalo entre as meditações.
Seja qual for o desafio que você encontre no dia a dia, procure pensar: Praticando a paciência posso transformar o relacionamento com as pessoas em oportunidade de crescimento espiritual.
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