O mestre (Geshe-lá) diz:
Para reduzir e finalmente eliminar nossa raiva, devemos reconhecer que nosso verdadeiro inimigo não é algo exterior, mas sim o veneno da raiva.
Perceba... Se descobríssemos que, por descuido, tivéssemos ingerido um veneno, desenvolveríamos um desejo urgente de nos livrar dele, pois compreenderíamos o mal que iria nos causar. Ora... Já que o veneno interior da raiva nos prejudica muito mais que qualquer veneno exterior – pois nos afeta em vidas futuras – mais forte deveria ser o nosso desejo de eliminar a raiva.
Mas pra isso, precisamos entender exatamente como a raiva funciona. A causa raiz da raiva, bem como de todas as nossas aflições mentais, é o nosso egoísmo.
Sempre que não conseguimos satisfazer nossos desejos ou temos que encarar uma situação que nos desagrada, nossa mente se descontrola e reage sentindo infelicidade. Esse sentimento desconfortável pode facilmente se transformar em raiva e nos perturbar ainda mais.
Geralmente a raiva nasce quando nossos desejos são frustrados e não conseguimos conquistar aquilo que queremos.
Por isso, é essencial aprender novas maneiras de lidar com frustrações e decepções – precisamos cultivar uma atitude mais equilibrada frente aos nossos problemas.
Todos os dias encontramos centenas de situações de que não gostamos, desde bater com o dedo do pé ou brigar com nosso companheiro até descobrir que estamos com uma doença grave. Nossa reação normal a esses acontecimentos é sentir infelicidade ou raiva. Entretanto, por mais que tentemos não podemos evitar a ocorrência de coisas desagradáveis. No samsara (este ciclo de nascimentos e mortes) não podemos controlar nada do que nos acontece.
Já que é impossível satisfazer todos os nossos desejos ou impedir que coisas desagradáveis aconteçam, precisamos encontrar uma maneira diferente de nos relacionar com desejos frustrados e acontecimentos indesejáveis. É preciso aprender a aceitação paciente.
Paciência é uma mente capaz de aceitar, plena e alegremente, qualquer acontecimento. Deveríamos ser capazes de acolher com nosso coração, todo e qualquer acontecimento, abandonando a ideia de que as coisas deveriam ser diferentes daquilo que são. Sempre é possível ser paciente. Não há situação tão ruim que não possa ser aceita pacientemente com um coração aberto, acolhedor (afável) e em pez (apaziguado).
Quando a paciência está presente, é impossível que pensamentos que causam tristeza ou amargura se instalem. Aprendendo a aceitar as pequenas dificuldades e privações da vida diária, nossa capacidade de aceitação paciente vai aumentando e experienciaremos a liberdade e a alegria que a verdadeira paciência traz.
Se praticarmos a paciência, conseguiremos manter a mente serena mesmo em situações de sofrimento e dor. Se pela força da contínua lembrança sustentarmos este estado de mente pacífica e positiva, mentes infelizes não terão como surgir. Por outro lado, se nos alongarmos em pensamentos infelizes, não haverá como impedir o surgimento da raiva.
Por isso, confie sempre apenas numa mente feliz
MEDITAÇÃO (ESCUTA, COMPREENSÃO e FAMILIARIDADE)
ESCUTA / ENSINAMENTO
Paciência é uma mente capaz de aceitar, plena e alegremente, qualquer acontecimento.
COMPREENSÃO / REFLEXÃO
Para praticar esse tipo de paciência, devemos nos lembrar constantemente dos perigos da raiva e dos benefícios da aceitação paciente.
Se tivermos prestes a sentir raiva de alguém que nos ofendeu, nos criticou ou fez algum tipo de zombaria, devemos nos perguntar:
Por que estou ficando com raiva? Tais palavras não podem ferir meu corpo nem minha mente. Mas a raiva que estou sentindo, esta sim, prejudicará minha mente.
As palavras, em si, são meramente vazias e não podem me afetar. Se alguém me chamar de burro, isso não me transformará num burro.
Desse modo, não devemos ficar com raiva da pessoa que está nos atacando. Ela está sendo estimulada por sua raiva e não tem controle de suas ações.
Deveríamos sentir raiva da própria raiva.
FAMILIARIZAÇÃO / MEDITAÇÃO
Compreendendo isso, medite na “determinação” de ser paciente e acolher, de todo o coração, qualquer acontecimento, abandonando a ideia de que as coisas deveriam ser diferentes daquilo que são.
Pratique continuamente essa meditação até que você “possa sentir” espontaneamente que a natureza da raiva é infligir dano; a culpa não é da pessoa. A raiva é apenas temporária. Não vai durar muito tempo.
Assim que essa sensação surgir, procure retê-la em sua mente, dentro de seu coração, sem se distrair, por três (3) a vinte e quatro (24) minutos, e desenvolva a firme determinação de manter a mente serena mesmo em situações de sofrimento e dor.
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